quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Ultraje


"Autoreiji/Outrage", de Takeshi Kitano (2010)

Retorno do cineasta japonês aos filmes de gangsters. O seu último no gênero foi " Brothers", de 2000. De 2000 a 2010, Kitano se aventurou em filmes mais artísticos, alguns consagrados, outros desprezados pela crítica, entre eles: " Dolls", " Zatoichi", " Takeshis" e " Glória de um cineasta", esse último, um dos filmes mais bizarros que já assisti.
Aqui em " O ultraje", Kitano narra a história de uma facção poderosa da yakuza, sub-dividida enttre vários pequenos clãs. O Presidente arma e instiga a morte entre essas facções, de forma que ele fique mais centralizado em seu poder. O filme discorre sobre traições, vinganças, motes típicos em um filme de gansgter.
O filme é composto de cenas fragmentadas, quase sempre revelando as verdadeiras facetas dos personagens. Coppola já ensinava em " O poderoso chefão" que nesse meio de bandidos, não se confia na própria família.
Como sempre, quando trabalha com trama policial, Kitano investe pesado em mortes e sangue. As situações bizarras de assassinatos envolvem Hashis ( pauzinho para comer), facas, estiletes, até mesmo um obturador de um dentista. Atenção, se você é sensível a sangue, saia imediatamente de perto de algum cinema que esteja exibindo o filme: é pesadíssimo, algo semelhante a " Ishi, o Assassino", de Takashi Miike, um dos filmes mais violentos sobre gangsters que já assisti.
A direção de Kitano é segura, tecnicamente impecável: fotografia, trilha incidental, som, figurino dos famosos homens de preto da Yakuza. O ritmo é lento, e vai caminhando assim, até seu final brutal. Kitano nos convida a assistir o cotidiano violento e aparentemente sem sentido dos bandidos, que quase sempre resvala para um banalismo, qualquer coisa é motivo para se bater ou matar alguém. Os personagens falam aos gritos e se xingando.
Kitano também expõe a corrupção policial. Nada inovador, mas diverte: as mortes geralmente são seguidas de alguma gag visual, o que amortece a tensão criada pelas torturas. Uma observação à parte: curioso notar como até hoje, a mulher é mostrada de forma subserviente e sem vontade própria. Elas são maltratadas o tempo todo no filme.
Exibido no Festival de Cannes em 2010, o filme teve recepção dividida entre os críticos.

Nota: 7

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