sábado, 30 de abril de 2011

Thor


"Thor", de Kenneth Branagh (2011)

Filme de ação inspirado em personagem Marvel, alías, um personagem até então esquecido, e que, graças ao talento de Kenneth Branagh, será lembrado por muito tempo.
No reino de Asgard, o rei Odin (Anthony Hopkins) vive com sua esposa (René Russo) e seus dois filhos, Thor (Chris Hemsworth) e Loki (Tom Hiddleston). Thor é impaciente, irresponsável, ao contrário de Loki. Um dia, o rei Odin resolve coroar Thor como seu sucessor, mas um ataque dos Gigantes de gelo fazem com que a coroação seja adiada. Em um desentendimento com seu pai, Thor é expulso do reino, e enviado para a terra. Lá, ele se depara com um grupo de cientistas, liderados por Jane (Natalie Portman), Erik (Stellan Skasgard) e Darcy (Kat Dennings). Ao mesmo tempo, agentes da SHIELD estão ao seu encalço. Loki descobre que seu irmão Thor está ativo, e resolve enviar O Destruidor para matá-lo, para assim, assumir o trono de Asgard.
Brilhante aventura dirigida pelo improvável diretor inglês Kenneth Branagh, mais conhecido por suas adaptações de Shakespeare, e também por dramas dos anos 80 e a adaptação de Frankestein com Robert de Niro. Branagh adaptou o peculiar humor inglês ao filme, rendendo bons momentos de comédia. O roteiro é ágil, e não perde tempo: vai direto na aventura. O elenco está todo perfeito: Um luxo poder contar com tanta gente boa, em especial Stellan Skargard, de quem sou fã. Incrível sua habilidade em administrar filmes de arte, e filmes comerciais. Algo parecido eu só havia visto em Max Von Sydow.
O filme funciona a contento como passatempo, e é um pipocão da melhor qualidade. Aos incautos, aguardem de praxe ao fim dos créditos finais, onde uma cena extra será apresentada, com a figura de Samuel L. Jackson.

Nota: 8

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Não se pode viver sem amor


de Jorge Durán (2010)

Roseli ( Simone Spoladore) e seu filho Gabriel saem de sua cidade e vem ao Rio de Janeiro, em busca de pai do menino, que desapareceu. Chegando ao Rio, suas vidas s ecruzam com tipos errantes, às vésperas da noite de Natal: João (Cauã Reymond), um jovem advogado decadente e desempregado, que é apaixonado por Gilda (Fabíula Nascimento), uma dançarina de boite que sonha se mudar da cidade, e que carrega um passado tenebroso. Temos também a história de Pedro (Angelo Antonio), filho de um taxista (Rogerio Froes), a quem ele dedica seu amor.
Gabriel possui poderes , e costuma criar um mundo de fantasia, para se abstrair da realidade que ele não gosta. João em ato de desespero, pega uma arma e assalta Pedro.
Todas essas histórias se interagem de forma extremamente forçada e gratuita. Os personagens são mal desenvolvidos, e a questão do realimso fantástico na história não funciona. Aliás, a mistura de gêneros não funciona: drama, comédia, fantasia se colidem de forma cruel , causando estranhamento. O filme não tem ritmo, alguns diálogos são ruins. O elenco infelizmente não funciona a contento. O menino chega a ser irritante em cena.
Tecnicamente o filme também é prejudicado por uma fotografia escura, movimento de câmera inadequado e um som muitas vezes inaudível.
Uma pena, pois a filmografia de Jorge Duran é muito interessante.

Nota: 6

Natimorto

De Paulo Machline (2010)

Filme conceitual, baseado em romance homônimo de Lourenço Mutarelli, autor de " O cheiro do ralo", e aqui também ator do filme.

O filme inteiro se passa dentro de um quarto de hotel vagabundo.

O filme aposta na claustofobia: um caçador de elenco (Lourenço Mutarelli) propõe a uma cantora (Simone Spoladore) que morem no quarto do Hotel durante anos, sem sair. Enquanto isso, tenta ler a sorte nas fotos impressas nas carteiras de cigarro.O filme tem bela fotografia, e uma estética publicitária. Porém, o forte teor teatral do filme ( ele é todo verborrágico, quase 95% do filme é a discussão do casal no quarto) torna o filme cansativo, e a falta de conflito na trama não me seduziu. Achei maçante. Os atores não agem com naturalidde, parecem estar com o texto decorado, e Mutarelli, apesar do visivel esforço, é escritor. E não ator.

O crítico Rodrigo Fonseca o compara a " Cidade dos sonhos", de David Lynch. e eu aqui, modestamente pergunto: será que vimos o mesmo filme?

Nota: 6

domingo, 24 de abril de 2011

Sussurros


" Whisper", de Stewart Handler (2008)

Suspense claramente inspirado no clássico " A profecia".
Um grupo de sequestradores planejam sequestrar um menino filho de uma milionária durante uma festa infantil. Um casal que participa do grupo, somente entra na jogada porquê precisam levantar uma grana para abrir um restaurante. De início, eles têm boas intenções. Sequestram o menino e o levam até uma cabana abandonada nas montanhas geladas. Mas a presença do garoto, faz com que fatos sinistros ocorram com o grupo, botando a vida de todos em risco.
Suspense óbvio, onde a presença de uma criança satãnica é a chave de todos os acontecimentos. A interpretação do menino Blake Woodruff é totalmente baseada na interpretação do menino Damien, de " A profecia". Seus olhares, sua postura corporal, sua forma de falar. A matilha de lobos que o acompanha, o corvo preto, tudo é referencial ao filme de Richard Donner, inclusive o uso de música sacra na trilha sonora. Os outros atores fazem o que podem dentro da composição estereotipada de seus personagens.
Os efeitos são modestos, os sustos são os mesmos de sempre ( som estridente, pessoas que surgem, vultos ...)
De curioso, apenas o desfecho, menos evidente do que o costume, que procura sempre dar uma palhinha para uma continuação.

Nota: 5

Sobrenatural


" Insidious", de James Wan (2011)

Suspense dirigido por James Wan, mesmo cineasta do primeiro filme da franquia " Jogos mortais".
Um casal ( o pai é o ator Patrick Wilson) com três filhos se muda para uma casa em um subúrbio. Aos poucos, vão adquirindo vida nova. A esposa é dona de casa, o marido é professor. Porém, um acidente faz com que o filho maior perca a consciência. Isso faz com que ele entre em coma. Passam-se meses, e fatos estranhos vão acontecendo na casa. Dalton, o filho, ainda está em coma. A mãe suspeita de que a casa esteja mal-assombrada, e com o auxílio da sogra (Barbara Hershey), recorrem a ajuda de uma parapsicóloga, que descobre que a casa está infestada de espíritos, que querem se apossar do corpo do garoto.
O filme tem lá seu interesse, mas durante a projeção, ficamos na dúvida se entramos no clima de tensão ou se rimos, dada a efeitos, dos esíritos e de cenas que homenageiam o filme " os caça-fantasmas", com direito a maquinários e apetrechos, além de uma dupla de operadores atrapalhados. O filme é recheado de sustos fáceis, como aparições súbitas, e uso recorrente de sons estridentes. O elenco tenta fazer o possível para dar credibilidade ao filme, mas só é possível assimilá-lo melhor se levarmos na brincadeira de uma homenagem aos filmes de terror e suspense , principalmente os dos anos 80 em diante. Os filmes referentes são: " A hora do pesadelo", " Poltergeist", " Os caça-fantasmas", " O Iluminado ( existe até um red room no filme) ", " Os Espíritos". " Atividade paranormal", " Os outros", etc
Uma pena, pois poderia render um belo filme. E o final, desastroso e dispensável, só nos faz pensar porquê Hollywood insiste em finais toscos e ridículos.

Nota: 6

Nota:

O espelho


" Zerkalo/The mirror", de Andrey Tarkovsky (1975)

Comentários em breve

Nota: 8

Capítulo 27


" Chapter 27" , de J. P. Schaefer (2008)

Drama que reconstitui os 3 dias que Mark Chapman permaneceu em Nova Yorque, premeditando o crime que culminou no assassinato de John Lennon.
Chapman chega a Nova Yorque nas vésperas do natal, determinado a assassinar o cantor John Lennon, que segundo ele, teria se transformado, e fez de sua vida algo voltado para o consumismo e materialismo. Chapman, sempre acompanhado de seu livro " O apanhador no campo de centeio", vaga pelas ruas de Nova Yorque, testemunhando a degradação moral e social da cidade metropolitana.
O filme mostra a importância do livro e da linguagem desse para a solidificação de sua personalidade confusa e conturbada. Durante a projeção, eu me lembrava o tempo todo do filme " Taxi Driver". O paralelo é tão evidente, que temos a mesma cena do personagem se olhando para o espelho, e apontando a arma. Mesma coisa são as várias cenas de táxi, com o personagem divagando sobre a moralização do ser humando, enquanto presencia mendigos, prostitutas e afins pela noite Nova Yorquina.
A performance de Jared Leto é o que mais impressiona no filme. Também produtor, o ator engordou mais de 30 kilos, para personificar o personagem. A sua atuação e empostação de voz lembra bastante a performance de Philiph Seymor Hoffman em " Capote".
No seu lançamento no Festival de Sundance 2008, o filme foi bastante criticado. A maioria dos críticos e espectadores não conseguiram entender o porquê de realizar uma obra que tentasse humanizar uma figura tão polêmica quanto Mark Chapman. Inegavelmente, o filme tenta entender o que se passa em sua mente.
O elenco de apoio é interessante, com destaque para Lindsay Lohan, no papel de uma fã.
A fotografia é bela, a trilha sonora boa, e a reconstituição de época eficaz. O ritmo compromete, pois tem uma narrativa bastante lenta, como se fosse a mente do personagem divagando e elocubrando suas ações.

Nota: 7



sábado, 23 de abril de 2011

O amor chega tarde


" Loves comes lately", de Jan Schutte (2008)

Drama com tintas de humor sarcástico tipicamente judeu, nos moldes de um Woody Allen em seus momentos mais ácidos. Mas o filme propõe uma divagação sobre a limitação do ser humano, perante a inevitável chegada da morte, e a tentativa exasperada de se encontrar o amor, independente de idade ou classe social.
Baseado em 3 contos do Ganhador do Prêmio Nobel, Isaac Bashev Singer, o filme narra a história de Marx Kohn, um escritor de 80 anos, que tem uma amante, que toma conta dele e de seus assuntos pessoais. Marx porém, apesar de sua idade e limitações físicas, mantém uma saudável relação com outras amantes, sejam elas reais ou imaginárias, advindas de seus contos que ele escreve em noites insones.
O ator austríaco Otto Tauzig faz aqui um trabalho fenomenal de composição de personagem, mantendo o humor ferino e a antipatia típica de idosos rabugentos. Mas ele se diferencia de outros de sua idade, por querer manter uma vida afetiva em constante ebulição. O elenco de apoio é outro ponto positivo do filme: Barbara Hershey, Rhea Perlman e outras atrizes conferem realismo e naturalidade nas interpretações.
É um filme bastante melancólico, pois discute vida e morte, solidão, tristeza, perda de entes queridos.
O ritmo do filme é bastante lento, e aparenta ter mais tempo do que ele de fato possui. Algumas belas cenas bem fotografadas, em tons cinzas, mantendo um clima bastante depressivo.
A trilha sonora é boa. De curioso, o fato do filme ser de 2008, e somente agora estar sendo exibido aqui no Brasil.
Foi exibido em Sundance e Toronto, e a Co-produção é Austríaca, germana e americana.

Nota: 7

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Contra o tempo


" Source Code", de Duncan Jones (2011)

Drama de ação e ficção científica, com dose de romance. Parece muito?
Interessante, que ele foi lançado próximo a " Os agentes do destino", filme com Matt Damon e Emily Blunt, que também aposta nessa mistura de gêneros.
Colter (Jake Gyllenhaal) é um soldado americano em ação no Afeganistão. Quando o filme começa, nós o vemos dentro de um trem. De repente, ele descobre que ele está com outra identidade, e não consegue entender o que está acontecendo. Sùbito, o tem explode, com todos dentro. Colter aparece então em uma cápsula, que é administrada por agentes do Governo. Ele descobre que faz parte de um experimento, chamado " Código fonte", que o faz retornar ao tempo, em um período de 8 minutos. Goodwin ( vera farmiga) é quem opera a máquina, e diz a Colter que ele precisa descobrir a identidade do terrorista que colocou a bomba no trem, uma vez que existe um boato de que ele irá explodir um segundo local. O Colter real se encontra entre a vida e a morte, e esse experimento só funciona em quem se encontra nesse estado. Mas Colter tem outros planos.
Intrincada e fantástica trama, um pouco complexa de início, mas que vai tomando um rumo mais aventuresco e romantico ao longo da projeção. De imediato, a trama me lembrou o filme " Feitiço do tempo", com Bill Murray. Toda vez que Colter retorna, ele se encontra na mesma situação.
Os efeitos da explosão poderiam ser melhores, soam falsos, mas a força do filem está no roteiro e na atuação de seu elenco principal. Sempre bom rever Jefrey Wright e Michelle Monaghan.
O desfecho da história se rende aos apelos de Hollywood, mas mesmo assim, é convincente.
Uma diversão inteligente, assim como " A origem", que procuram trazer ao espectador um pouco mais de substancia que faça a diferença.

Nota: 8

Broder


de Jeferson De (2011)

Filme vencedor dos prêmios de Melhor filme, diretor e ator (Caio Blat) em Gramado 2010, narra o drama de Macu (Caio Blat), morador da favela de Capão Redondo, na periferia de São Paulo. O filme se passa em tempo real, no dia do aniversário de Macu. Ele recebe a visita de 2 amigos de infância, Jaiminho (Jonatan Haagensen) e Pibe (Silvio Guindane).
Macu mora com sua mãe (cassia Kiss) e seu padrasto ( Ailton Graça), além de sua meia-irmã, interpretada por Cintia Rosa. Ela tem uma paixão mal resolvida por Jaiminho, que é um jogador famoso, prestes a ser convocado para integrar a seleção brasileira de futebol. Pibe tabém se arranjou na vida, morando na zona pobre do centro de São Paulo. O retorno dos dois amigos trazem consequencias trágicas. Macu está prestes a sequestrar seu amigo Jaiminho, junto com seus comparas, para poder levantar uma grana. Porém, as cosias não se encaminham do jeito que Macu esperava, e tudo sai fora do eixo.
Bom drama filmado todo em locação, com ótimos atores interpretando com naturalismo os seus personagens. A fotografia e câmera de Gustavo Hadba são ótimas, e servem de linguagem e dinamismo para a narração da história. Porém, o excesso de clichês do gênero filme-favela, nos fazem recorrer o tempo todo a vários outros filmes, com situações muito parecidas. É um filme de boas intenções, mas confesso, me deu preguiça de ficar assistindo.


Nota: 7

sábado, 16 de abril de 2011

Pânico 4


" Scream 4", de Wes Craven (2011)

Passaram-se 10 anos desde os últimos acontecimentos em Woodsboro. O sherife Dewey (David Arquette) está casado com a ex-repórter sensacionalista Gale (Courteney Cox), e a paz reina na cidade, Porém, Sidney Prescott (Neve Campbell) retorna a cidade, para o lançamento de seu livro auto-biográfico,e se transforma em uma celebridade. Ela é recebida por sua sobrinha, Jill. O que ninguém eperava era que Ghostface, inesperadamente, retorna, e continua sua matança. As suspeitas recaem sobre todos.
Que ninguém espere um retorno triunfal de " Pânico 4". É apenas mais uma continuação do filme, que aliás nem precisava ter acontecido. mas já que existe, vale a pena rever os personagens celebrados pela série: Sidney Prescott (Neve Campbell, linda!!), O Sherife Dewey , e a repórter Gale. Os 3 se divertem muito em cena, e é bacana ver como eles levam a sério os seus personagens. E ganham a simpatia do espectador, que torce por eles.
O roteiro brinca com todas as referências ao novo gênero do terror, que assolou o planeta após o filme " O Albergue". Ou seja, ele faz críticas ao sub-gênero " Torture porn", e aproveita também para se criticar a si próprio, ao destacar os clichês de uma refilmagem em série.
Os diálogos são divertidos, e o filme tenta segurar a atenção do espectador, até aonde dá. Alguns clichês inevitáveis enchem o saco, como o indefectível susto inesperado, advindo de sons estridentes súbitos. Ou as mortes sucessivas, e ninguém dando a mínima pra morte.
Para quem quer apenas se divertir, vá ver o filme. Para quem desejava ver uma continuação superior aos anteriores, desista. nada de novo no front. De interessante, apenas a reviravolta da cena final, divertida.

Nota: 7

A Criada


" La nana", de Sebastien Silva (2009)

Raquel (Catalina Saavedra) é uma empregada que trabalha a mais de 20 anos na casa da família abastada do Chile. Nesse período, Raquel exerceu sua função de forma exemplar, praticamente uma escrava, servilmente. Rege os filhos do casal de forma severa, e o filho adolescente tem uma tensão sexual na figura de Raquel. O casal, sentindo o stress que envolve raquel, resolve chamar outra empregada para ajudá-la nos serviços da casa. Mas Raquel reage mal a essa invasão de seu espaço, e destrata violentamente a empregada. Até que surge outra empregada, que não se mostra abalada ante as investidas pesadas de Raquel.
Excelente drama psicológico, com performances extraordinárias do elenco, com destaque total para Catalina Saavedra. Uma metáfora sobre a condição social e política do Chile do período da ditadura. Uma produção baixo orçamento, que ganhou vários prêmios em Sundance 2009, inclusive melhor atriz e melhor filme. Uma prova de que um bom filme se faz com bom roteiro e com ótimos atores, e independe de orçamento.

Nota: 9

domingo, 10 de abril de 2011

Que mais posso querer


" Cosa voglio di piu/Come undone". de Silvio Soldini (2010)

Anna (Alba Rohrwarker) é uma mulher que mora a anos com seu marido, o obeso e simpático Alessio (Giuseppe Battiston). Ela é contadora de uma pequena empresa, e ele, um lojista faz-tudo, que conserta eletrônicos e afins. Ambos são classe média. Sua irmã acabou de dar a luz a um bebê, o que gera em Alessio o desejo de ser pai, contra a vontade de Anna. De repente, Anna conhece Domenico (Pierfrancesco Favino) , um funcionário de um restaurante. Ambos se apaixonam, apesar de Domenico ser casado e ter 2 filhos. É uma paixão avassaladora, que faz com que eles mintam para os seus conjugues, até chegar a uma situação limite: suas vidas pessoas estão sendo devastadas aos poucos.
Bom drama, prejudicado pela longa duração (125 intermináveis minutos) e pela repetição de situações, sem qualquer ousadia ou criatividade. No tema da infidelidade, melhor ficar com a obra-prima " Mademoiselle Chambom", um filme extraordinário francês. Incomoda fazer o paralelo entre o marido e o amante garanhão. O marido é visto como um tonto, obeso, ridículo. Assim, qualquer mulher faria a mesma coisa.
O que se salva aqui é a atuação da sempre ótima Alba Rohrwarker, de " A solidão dos números primos".
A cópia do filme estava péssima, e tudo muito escuro, o que prejudicou ainda mais a projeção. Uma pena.

Nota: 6

Contracorrente


" Contracorriente/Undertow", de Javier Fuentes Leon (2009)

Drama. Miguel é um pescador de uma região praiana no Peru. Respeitado pela comunidade, ele vive uma relação estpavel e feliz com Mariela, sua esposa, que está grávida. Porém, Miguel possui um amante, SAntiago, um artista pástico e fotógrafo que mora na região. Ambos são apaixonados um pelo outro, mas Miguel evita uma maior aproximação, temendo que os colegas descubram sua relação homossexual. Essa relação fria faz com que Santiago se sinta deprimido. Uma noite, ele entra no mar revolto, e morre afogado. Mas ninguém sabe de sua morte. Ele surge para Miguel, mas como espírito. Miguel , em princípio assustado, logo se acalma, e aproveita da situação de somente ele poder ver Santiago, e assim, consegue consumir o seu amor por ele, sem temer que os moradores saibam. Mas as fofocas surgem, e logo Miguel precisa lidar com a verdade.
Belíssimo drama com toques de humor proveniente do Peru. Curioso como uma cinematografia tão rasa como a peruana, consiga produzir um filme com tamanha qualidade técnica: o roteiro, as atuações do trio principal, a fotografia, som, trilha sonora. Tudo é perfeito. O filme é um pouco longo, o que prejudica a sua narrativa. Mas é mero detalhe.
Sim, o filme lembra demais " Dona Flor e seus dois maridos", e " Brokeback Mountain". Mas que bom, com resultados bem distintos. A poesia emana das imagens impressionantes da locação, sempre com um efeito solar na luz.
É um filme muito sensível e emocionante, e que mereceu todos os prêmios que recebeu mundo afora.
Que venham mais filmes peruanos, que mesmo sem dinheiro, conseguem produzir obras com muito esmero e de prazer cinematográfico.

Nota: 8

Os Agentes do Destino


" Adjustment Bureau", de George Nolfi (2011)

David Norris ( Matt Damon) é forte candidato ao Senado, e está em posição de liderança. Mais jovem político a se candidatar, David subitamente tem uma foto sua publicada pela mídia: durante uma comemoração, em época de faculdade, ele mostrou sua bunda em um bar. Isso é o suficiente para tirar sua liderança e fazê-lo perder a eleição. Em um momento de desabafo, em um banheiro, ele conhece Elise (Emily Blunt), uma bailarina. Paixão a primeira vista, eles são separados pela ação do destino. Porém, logo David descobre que o destino na verdade, são homens de chapeú enviados por Deus, que impedem que o curso natural de sua vida seja alterado por percalços do destino, no caso, a aparição de Elise. Logo, David precisa lutar contra os agentes, e pelo amor de Elise.
Fantasia romântica, baseada em conto de Philip K.Dick ( autor de " Blade Runner", " Agentes do destino" é curioso, e romântico na medida certa. A química entre Damon e Blunt é perfeita, e é daqueles filmes que a gente fica torcendo pelo casal. O roteiro é engenhoso, apesar de algumas vezes soar forçado. O elenco secundário é otimo, em especial, Terence Stamp, fazendo o papel de Deus. Muita ação e correria, e lembra vagamente " Inception", por conta de suas portas que dão entrada para outros ambientes. O filme mantém o ritmo, e é preciso abstrair um pouco qualquer tipo de verossimilhança para apreciar melhor.

sábado, 9 de abril de 2011

Djinns


" Djinns/Stranded", de Hughes e Sandra Martin (2010)

Um pelotão francês tem uma missão no deserto da África do Norte: encontrar um avião desaparecido, e com ele, uma misteriosa maleta. O ano é 1960, e a França domina a Argélia. Argelinos rebeldes tentam atacar o pelotão. O grupo encontra o avião e a maleta, mas os passageiros estão todos mortos. Eles se refugiam em um misterioso vilarejo, e lá, vão morrendo um aum, devido a ação de uma força misteriosa, os djinns ( de onde originou o gênio da lâmpada). São espíritos que defendem o território.
Filme curioso, que mistura ação e terror. A primeira parte do filme , centrada na ação dos soldados em busca do avião no deserto, e o encontro com rebeldes argelinos, é interessante. Mas quando começa a parte de terror, o filme se transforma completamente. Não há uma boa liga, e parece que estamos assistindo a 2 filmes distintos. As cenas de tensão são fracas, o roteiro, raso, e os personagens são todos muito maniqueístas. Os efeitos também não são bons, e parece um filme feito a toque de caixa, apesar de belas locações.
Não tem nenhum clima de suspense, e tudo é previsível. Apesar do desfecho apocalíptico, mas meio sem pé nem cabeça.
As cenas de ataque dos espíritos são sempre noturnas. A fotografia é muito escura, e acaba que a gente não vê quase nada.

Nota: 4

A ùltima noite


" Last Night", de Massy Tadjedin (2010)

Joanna ( Keira Knightley) é uma escritora, casada com Michael (Sam Worthington). Ela desconfia que Michael está atraído por sua bela companheira de trabalho, Laura (Eva Mendes). Ao chegarem em casa, após um evento do trabalho de Michael, ambos discutem. Joanna iniste na infidelidade, apesar das negativas do marido. Ele viaja para a Filadélfia no diaseguinte, junto com Laura, o que provoca ainda mais a insegurança de Joanna. Até que ela esbarra por acaso em Alex (Guillaume Canet), seu ex-namorado francês, com quem ela ainda sente uma enorme atração. Essa noite será decisiva para ambos os casais.
Assistir a " A última noite" me fez lembrar a cada fotograma em " Closer", filme de Mike Nichols, com Julia Roberts, Natalie Portman, Jude Law e Clive Owen. Ambos tem um elenco de estrelas , lindos e perfeitos. Discutem sobre as relações, e claro, infidelidade. Todos são de ótima classe social, vivem em ambientes chiques e modernos, morando na cidade grande, Nova Yorque. Mas em comparação ao roteiro , "A última noite" perde feio. Apesar da elegância da direção de arte, fotografia e trilha sonora, o filme não chega a emocionar como deveria. Talvez pelo fato de toda sua história acontecer em uma única noite, em tempo quase real para os personagens. A exploração do drama fica muito rasa. Os diálogos são óbvios, e as situações idem. Os filmes de Richard Linklater, " Before sunset" e " Before sunrise" são provas de que a limitação de tempo
(uma tarde) não é problema para se desenvolver uma ótima história. O diferencial são os diálogos, aqui escritos pela própria diretora, a iraniana-americana Massy Tadjedin, que já havia trabalhado antes com Keira Knightley em " Camisa de força".
O elenco está bem, cumprindo com competencia os seus papéis. Curioso notar a semelhança física de Guillaume Canet, ator e cineasta francês, com Patrick Dempsey.


Nota: 7

Rio


" Rio", de Carlos Saldanha (2011)

Simpática animação dirigida por Carlos Saldanha, a sua declaração de amor a sua cidade natal. Mas como tantos outros filmes estrangeiros que saúdam a beleza da cidade, " Rio" não poderia deixar de ter um tempero exótico.
O filme começa mostrando o protagonista Blu, ainda filhote, sendo capturado na floresta amazônica, junto com outros espécimes, e tranferido por contrabandistas para os Estados Unidos. Lá, seu caixote cai do caminhão, ele é encontrado por uma jovem, Linda. A relação de amizade dos dois é paixão a primeira vista. Passam-se os anos, e Linda e Blu são os melhores amigos. Porém, são procurados por Túlio, um biólogo carioca, que deseja fazer o cruzamento de Blu com a última espécime fêmea existente no planeta, e que se encontra no Rio. Túlio convence Linda a ir ao Rio. Ela, relutante, acaba cedendo. Chegando ao Rio, ela se deslumbra com a cidade, que está em período de carnaval. Chegando ao escritório de Tulio, eles colocam Blu na jaula de Jade, Mas ela reluta , e seu desejo é fugir dali. Um pivete acaba roubando a gaiola onde os dois se encontram, e o vende para um traficante de animais.
O visual do filme é o grande ponto forte. Belissimamente concebido, o filme é uma das maiores homenagens que uma cidade recebeu de um filme. O Rio de Janeiro é mostrado em todos os seus cartões postais. E mesmo a favela é apresentada no desenho, de uma forma mais poética.
Os personagens são esterótipos do que se espera de um carioca: malandros, arruaceiros, alegres, e principalmente, amantes do carnaval e do futebol, a ponto de abandonarem tudo para apreciarem melhor os seus hobbies. Amam cantar, e escutam bossa-nova. Ou seja, tudo o que um americano epera encontrar na cidade.
Blu é divertido, e com a voz original de Jesse Eisemberg , melhor ainda. Rodrigo Santoro faz a voz de Tulio, e Anne Hathaway, a de Jade.
O roteiro procura trazer uma mensagem positiva em relação a preservação da fauna. Os diálogos são criativos, apesar do clichê de que quase todos na cidade falam inglês.
O cinema americano sempre gostou de glamurizar e fantasiar a cidade maravilhosa, e aqui não poderia ter sido diferente.
Muitas pessoas reclamam de alguns estereótipos. Por ex: o pivete é um menino negro, a praia é recheada de mulheres bundudas, e por aí vai.
Acho que o filme tem problemas de ritmo, mas em um contexto geral, é alegre e satisfaz na sua proposta.
Li recentemente uma crítica de Rodrigo Fonseca, e concordo que o filme homenageia o " American way of life" do carioca, e também as fantasias da Atlântida, dirigidas por Carlos Manga. Tudo muito vibrante e colorido.
A animação " Rango" para mim, é mais envolvente e inteligente.

Nota: 8



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sem Limites


" Limitless", de Neil Burger (2011)

Drama baseado no livro " The dark fields", narra a história de Eddie Morra (Bradley Cooper) , um escritor fracassado e desempregado, que vive as custas de sua namorada (Abbie Cornish). Ela acaba o abandonando. Desesperado, Eddie esbarra em um ex-cunhado, que lhe propõe uma droga sintética para venda. Eddie não aceita, mas acaba ganhando um comprimido de presente. Eddie o toma, e sua vida se transforma. A droga simplesmente potencializa tudo o que ele estudou, aprendeu em vida, e o torna dinãmico, inteligente, sagaz. Eddie aos poucos vai ganhando fama e sucesso, tudo graças a droga. Porém, seu ex-cunhado é assassinado, e ele fica com as drogas que estavam escondidas, sem saber que um assassino está também à procura das drogas.
Confesso que me diverti bastante vendo o filme. A trama é tão bizarra e absurda, que parecia que o filme era a própria " viagem " da droga. As soluções do roteirista beiram o ridículo, e ver atores tarimbados como Bradley Cooper e Robert de Niro interpretando se torna uma experiência muito estranha. Como de Niro aceitou participar de um filme tão insano? Por ex, a cena que Cooper toma do sangue do inimigo, é muito tosca. E por se levar tudo a sério, acaba ficando divertido.
Tecnicamente o filme é ótimo: a fotografia, o uso das cãmeras, muitas das tomadas sendo auxiliadas por computação gráfica.
A moral do filme é muito indefinida: afinal, é uma apologia às drogas???
Recomendo assistir se você estiver a fim de algo inusitado e que te surpreenda por você não saber como as coisas irão se desenrolar. Caso contrário, passe batido.

Nota: 6

sábado, 2 de abril de 2011

Atividade Paranormal: Tokyo


" Paranômaru akutibiti: Dai 2 shô " Paranormal Activity 2: Tokyo Night , de Toshikazu Nagae (2010)

Adaptação japonesa do grande sucesso americano, " Atividade Paranormal: Tokyo" tem em seu título original, uma tentativa forçada de querer informar ao espectador que se trata de uma continuação do original.
Uma jovem japonesa retorna a Tokyo, após uma temporada em San Sebastian, Estados Unidos. Porém, ela está imobilizada, com as 2 pernas enfaixadas. Ela sofreu um acidente de carro, e a responsável pelo acidente foi a sobrevivente do filme original, Kate. Ela estava em fuga, com a polícia em se percalço, quando bateu de frente com o carro da japonesa. Kate morreu no acidente, e a jovem Koichi quebrou as duas pernas.
Em sua casa natal, Koichi é cuidada por seu jovem irmão, Haruka. O pai deles vive viajando, e segue para Singapura. Prostrada em uma cadeira de rodas, Koichi permanece em casa, sob os cuidados do irmão, Aos poucos, fatos sinistros acontecem na casa, fazendo com que os irmãos desconfiem de maus espíritos. Haruka resolve colocar uma câmera no quarto da irmã para registrar o que está acontecendo.
Se o filme é oportunista ou não, só o " Atividade paranormal 3" irá responder. A curiosidade fica em torno se esta é considerada uma continuação oficial ou não, uma vez que ele cita a personagem do filme americano, Kate, e lhe dá um destino, ou seja, ela morreu em um acidente e o diabo passou para o corpo de Koichi.
O interessante dessa adaptação japonesa é que demônios e espíritos do mau casam melhor em uma história local, uma vez que os japoneses são crentes no que diz respeito a espíritos invadindo um ambiente. Existe até um personagem que é um exorcizador de espíritos malignos. Alías a figura dele é bem cômica, mostrando o quão ridícula pode ser um fato cultural.
Os dois jovens atores tentam defender os seus personagens, mas assim como no original, o roteiro é forçado e irritante. Forçado porquê a premissa é de que tudo o que vemos é ponto de vista de uma filmadora. Então, porquê a pessoa em um momento de desespero, insiste em manter a câmera ligada? Por ex, a fuga de Haruka de sua casa, correndo nas ruas e pegando um táxi? Creio que ninguém em sã consciência manteria a filmadora funcionando. Outro ponto em questão: se tantos fatos ruins acntecem na casa, porquê eles não pedem ajuda a polícia, aos amigos, saem de casa, se mudam para outro local? E olha que essa versão japonesa é diferente da americana, pois os personagens dos irmãos de fato acreditam que a casa está amaldiçoada, ao contrário dos americanos.
Sustos ocasionais, causados por sons que surgem do nada ( o silêncio impera no filme), forçando o suspense da narrativa.
O filme vale como curiosidade, mas em nada acrescenta à franquia. Tudo muito requentado e deja vú.
De curioso, o fato de ter 2 monitores observando o ambiente, e o desfecho, que brinca com a famosa personagem icônica dos filmes de terror japoneses, Samara.

Nota: 5

Os Olhos de Julia


" Los Ojos de Julia", de Guillem Morales (2010)

Julia é uma mulher que sofre de uma doença degenativa, assim como sua irmã gêmea. Em momentos de stress, ela perde parte de sua visão, e ao acúmulo de tensão pode levá-la a cegueira.
Sua irmã é encontrada morta, e o laudo é suicídio. Porém, Julia não acredita nessa hipótese, e decide por conta própria investigar a morte dela, contra a vontade de seu marido. Situações misteriosas e a descoberta de uma pessoa que a persegue a deixam appavorada, ao mesmo tempo que a doença segue seu curso.
Suspense produzido por Guilherme Del Toro, " Os olhos de Julia" é protagonizado por Belén Rueda, que já havia trabalhado em outro suspense produzido por Del Toro, " O Orfanato". O roteiro mantém um clima de suspense constante, mas derrapa várias vezes ao criar falsas pistas, muitas delas inverossímeis. A resolução também é meio estapafúrdia, deixando aquela sensação de frustração. Mal explicada, com um assassino óbvio demais.
Os atores secundários estão bem, apesar da caricatura de alguns tipos, e o diretor Guillem Morales cria bons momentos climáticos. A fotografia é bonita, previlegiando a luz escura e sombras, e usando vários chavões do filme de terror: noite de tempestade, sótão, o uso do flash como elemento dramático.
Vale como passatempo, ainda mais sendo uma produção espanhola produzida por Del Toro. Mas fica aquém da possibilidade de um País que já nos trouxe " Rec", " O orfanato", " Os outros".

Nota: 7

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ricky


" Ricky", de François Ozon (2009)

Drama fantasioso dirigido por François Ozon, um cineasta francês que admiro bastante, mais pelos seus filmes " O tempo que resta", " Amor em cinco tempos", " Águas em pedras escaldantes", " 8 mulheres" e outros.
Ozon não se define como um cineasta de gênero. Ele mistura vários estilos e longuagens: musical, teatro, realismo fantástico. Essa é a sua fonte.
Em " Ricky", uma trabalhadora de uma fábrica (Alexandra Lanmy), pobre e suburbana, mãe solteira, conhece um imigrante (Sergi Lopez) , também funcionário, e ambos se apaixonam. Ele vai morar com ela em sua casa, e acabam tendo um filho. Vivem momentos de felicidade, até que de repente, esse bebê vai se revelando algo muito especial. Ao mesmo tempo, a relação do casal vai se deteriorando,
O filme é daqueles que ou a gente ama, ou odeia. Não tem meio termo. O espectador precisa entrar no clima da fantasia proposta por Ozon, ou tudo parecerá muito tosco e risível. Como todas as críticas já falam sobre o segredo do menino, comentarei aqui também. Ricky é uma criança que possui asas, que vão crescendo aos poucos, até se formarem por completo e ele voar de vez e abandonar aquele lar. A mãe, desesperada, procura guardar o segredo de todos, mas a imprensa já descobre e vai atrás do menino.
Como assimilar uma história fortemente realista, que do nada, dá uma virada na narrativa e se transforma em um conto de fábulas? Esse é um desafio que pertence a casa espectador. Quando eu assisti, muitas pessoas saíram do cinema fazendo comentários negativos sobre o filme, de que não entraram na onda da narrativa, que acharam tosco e bizarro.
O cinema de Ozon é assim, surpreendente. Goste-se ou não, ele está sempre em busca de novas formas de contar uma história.

Nota: 7