sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Um alguém apaixonado

"Like someone in love", de Abbas Kiarostami (2012)
Impressionante como Kiarostami consegue se adaptar tão facilmente a outras nacionalidades, imprimindo à cultura local o seu estilo narrativo inigualável. Assim como em "Copia fiel", rodado na Itália com atores franceses, aqui Kiarostami filma no Japão com atores japoneses. A lingua não é uma barreira , e sim, uma forma do cineasta pregar a solidão, o medo, o desconforto dos personagens perante um mundo que nao lhes pertence. A falta de comunicação, tão comum nos filmes de Win Wenders, encontra em Kiarostami o seu sucessor máximo. Metade dos dialogos do filme são através de aparelhos telefonicos, mensagens em secretarias eletronicas, porteiro eletronico, etc. Kiarostami narraa historia de Akiko, uma estudante e garota de programa, que passa uma noite com um professor idoso, que na verdade quer uma companhia para poder extravazar sua solidão. Kiarostami aproveita para falar de uma metrópole que assusta pela sua impessoalidade ( assim como em "Encontros e descontros"). A amizade improvavel se dá pela afinidade com a solidão e o medo de ter feito escolhas erradas. A fotografia é deslumbrante, e o trabalho de câmera idem. A cena de Akiko vagando na noite de Tokyo, e observando o mundo e em particular, a sua avó a aguardando debaixo de uma estátua, é belissima, e triste ao mesmo tempo. Porém, o filme deve metade do sue poder de fogo ao trabalho excepcional do ator Tadasho Okuno, que eu descrobri lendo uma critica do Globo, que é figurante e que disse não quere mais trabalhar como ator. Um filmaço que pode afugentar espectadores não afeitos ao cinema de Kiarostami, feito de dialogos e acoes em tempo real. O tempo é a sua materia prima. Nota: 8

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