terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O espelho

"Ayneh", de Jafar Panahi (1997)
Esse filme iraniano é de 1997, mas somente agora consegui assisti-lo. Eu particularmente adoro os filmes iranianos, eles são muito talentosos em realizar filmes cujos roteiros se baseiam normalmente em uma única premissa. Gearlmente, os filmes tecnicamente são pobres, com fotografia suja e som que absorve os ruídos externos. Mas justamente essa pobreza técnica é uma forma dos realizadores expressarem a sua postura perante a sua coiedade, o grito de consci6encia social e política. Panahi, por conta de seus filmes de conteúdo político, mesmo que disfarçado em histórias singelas, foi proibido pelo governo de ficar 20 anos sem ecercer sua funçào de cineasta. Essa sentença fou promulgada em 2010. "O espelho" é um filme que como diz o título, é uma metáfora sobre ficção e realidade, e o tênue limite entre eles. Panahi subverte a narrativa do cinema, criando um filme dividido em 2 partes: a primeira, ficcional, narra a história de Mina, uma menina de 7 anos, cuja mãe não apareceu para buscá-la na escola. De temperamente quente e facilmente irritada, Mina resolve voltar pra casa por conta própria, se deparando com pessoas que ora a ajuda, ora se mostra apática. Atravessando ruas de transito caótico, Mina se vê num mundo assustador, tudo sob o ponto de vista da menina. A segunda parte do filme é a história dessa mesma Mina, mas agora a atriz, que se rebela das filmagens e decide não mais atuar. A equipe fica atônita, porém o diretor Panahi pede para que a câmera contiue rodando. Assim, seguimos a atriz Mina até sua casa, novamente se deparando com pessoas que ora a ajudam, ora a ignoram. Essa crítica a sociedade iraniana é narrada de forma contundente e divertida. Mina é uma menina esperta, mas também muito irritante, naquela idade que as crianças querem saber de tudo. Eu mesmo não acredito que essa parte documental tenha sido deliberadamente acontecido. Acho que tudo foi forjado, já fazendo parte do roteiro. Acho estranho a câmera estar sempre no lugar certo, na hora certa, e que o som capte com tanta qualidade as falas da menina e das pessoas que ela pergunta. Mas tudo bem, isso n!ao minimiza a grande qualidade do filme, que é entender o processo de realizaçào de um filme, até mesmo delatar a estrutura da filmagem, seja por conta de mostrar a equipe por trás das câmeras, quanto pelo fato da personagem as vezes olhar pra camera ( teoricamente, pela falta de experiencia da atriz). A menian Mina é um trunfo, mas 90 minutos me pareceu tempo demais para seguirmos nessa sua peregrinação. Depois de um certo momento, a história se torna repetitiva e deixa de ser cuirosa. De qualquer forma, e uma experiencia única. Nota: 7

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