quarta-feira, 10 de julho de 2013

Mãe e filha

de Petrus Cariry (2011) "Mãe e filha", de Petrus Cariry. Vencedor de vários prêmios no Festival do Ceará de 2011, entre eles de melhor filme, roteiro e som, e também de melhor fotografia no Festival do Rio 2011, o filme é um tour de force do cineasta cearense Petrus Cariry. Ele escreveu, produziu, dirigiu, fotografou, fez a câmera e ainda editou. Mais autoral, impossível. E isso me faz pensar que existem filmes que parecem ter sido feitos apenas para serem exibidos em Festivais e ganhar prêmios. Porque o juri de Festival adora filmes assim: cabeça, hermético, recheado de simbolismos. Em uma cidade do interior do Ceará, Cococi, uma mulher retorna para casa 20 anos depois. Ela vem cumprir uma promessa que havia feito para sua mãe, antes de ir para a cidade grande: de que traria seu filho para conhecer a avó. Porém, o filho está morto, mas sua mãe o trata como se estivesse vivo. Entre fantasmas do passado e rusgas mal resolvidas, as duas passam momentos de solidão e silêncio tentando entender o que as afastou. Impossível assistir ao filme e não me lembrar de "O céu de Suely". Além de escalar a mesma atriz, a extraordinária Zezita Matos, que fez a avó de Suely no filme de Karin Ainouz, o filme tem como tema principal a volta para casa e o reencontro com o passado. É como se Suely voltasse para sua casa 20 anos depois. A mesma falta de comunicação, o mesmo rancor guardado dentro delas. A influência de Tarkovsky na narrativa também é evidente. Planos muito longos, contemplativos, onde nada acontece. A vida pautada pelo tédio e pelo nada. Acordar, comer, dormir. Esperando o dia da morte. As atuações aqui das duas atrizes, Zezita e Juliana Carvalho, são excessivamente dramatizadas, quase épicas e pomposas. Isso faz com que o filme saia do naturalismo. O filme também se utiliza do universo fantástico, ao apresentar os 4 cavaleiros do Apocalipse, na pele de 4 cangaceiros. Achei essa simbologia exagerada, assim como os planos lentos, desnecessários, de imagens de animais, cenários e etc. Parecem ter sido gravadas em video e ficou uma textura que briga com a do filme. Um plano longo de 2 cães brigando, a mãe degolando uma galinha e ela se debatendo até morrer são momentos desnecessários. É um filme de ritmo extremamente lento, cansativo. A dramaturgia deu lugar às imagens que são belas em sua maioria, mas vazias. No final das contas, apenas um filme sobre reencontro mãe e filha, em 80 minutos de projeção, mas que de conteúdo tem muito pouco. Curiosidade: logo no prólogo inicial, achei que estava vendo "Post Tenebra Lux", o filme de Carlos Reygadas que ganhou Melhor Direção em Cannes 2012. A narrativa e a estética são muito semelhantes. Nota: 5

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