domingo, 7 de julho de 2013

A Terra da esperança

"Kibô no kuni/The Land of hope", de Sono Sion (2012) A tempos eu não via um filme tão devastador, que me deixasse triste ao final da projeção. "A Terra da esperança" usa a tragédia nuclear de Fukushima para fazer uma radiografia sobre vidas destruídas após o incidente. Em uma pequena cidade rural, chamada Nagashima ( Misto de Nagasaki e Hiroshima), 2 famílias vivem felizes. A familia Ono e a Suzuki. A esposa do Senhor Ono sofre de demência degenerativa, e Ono vive em função dela. Após um terremoto,a usina nuclear sofre danos e a população precisa evacuar a cidade. Mas Ono decide ficar com sua esposa, pois viveram felizes ali a 30 anos, e ele acredita que se ela sair dali, seu estado mental irá piorar. É possível imaginar somente com essa sinopse a tragédia que se acomete na vida de todos, porém, deixando o amor sempre como ponto de ligação entre todas as histórias e a esperança, que jamais deve ser deixada de lado. Sion Sono é um dos grandes cineastas japoneses em atividade, e infelizmente, seus filmes não circulam aqui no Brasil. São filmes inquietantes, fortes, tendo sempre a violência e a moral como temas: "Mesa de jantar de Noriko", "Clube do suicídio", "Himizu", "Coldfish", e "Love exposure" estão entre suas grandes obras. Sono se utiliza da linguagem de Ozu para criar boa parte de seus planos, fixos, longos, comtemplativos. Como estrutura narrativa, vi muita semelhança com 'The day after": a linguagem documental do dia a dia das pessoas antes do acidente, e a consequente tragédia depois do terremoto, causando pânico, preconceito e cegueira moral nas pessoas. Sono se utilizou de locações reais de Fukushima para algumas cenas, provocando uma tristeza enorme. Impossível não ver o cenário e pensar nas vidas que se foram: grandes e enormes terras desertas, casas destruídas, o vazio. A história central, pulverizada por tantas histórias, se concentra na de Ono e sua esposa. E foi essa história que me provocou uma tristeza enorme, e foi responsável por muitas lágrimas. As atuações absolutamente extraordinárias de Natsuyagi Isao (Ono), que veio a falecer em maio de 2013, e Otani Naoko (Chieko), mais a do restante do elenco, conferem uma qualidade artística irrepreensivel ao filme, e claro, veracidade na história tão poderosa e forte. Impossível não se lembrar de "Amour", de Michael Haneke. Não fosse tão longo (2:15 hrs) e tivesse menos histórias para contar ( deveriam ter feito uma reediçào e centrar na história de Ono e esposa, e seus filhos), o filme certamente seria uma obra-prima. Nota: 8

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