segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Os suspeitos

"Prisoners", de Denis Villeneuve (2013) Depois de sua obra-prima "Incêndios", o cineasta canadense Villeneuve se aventura num filme de suspense que remete a "O Silêncio dos inocentes" e "Zodiaco". Um belo filme, sem dúvida, mas assim como "Zodíaco", prejudicado em termos por sua longa duração ( 153 minutos) para um drama de suspense. Precisava ser tão longo assim? A história segura um filme de quase 3 horas de duração??? O filme começa num ritmo lento, e durante sua projeção, vai ganhando uma atmosfera de eterna tensão, com música climática de Jóhann Jóhannsson ( excelente) e fotografia do sensacional Roger Deakins, que aqui faz um bom trabalho, mas nada excepcional ou inesquecível, comparado aos seus grandes filmes. O roteiro lembra um pouco o episódio proibido da série "Hannibal". Keller (Hugh Jackman) mora com sua esposa e seus 2 filhos, um adolescente e uma menina. Um dia, ao participarem de uma festa na casa de seus vizinhos Franklyn ( Terrence Howard) e Nancy ( Viola Davis) , tanto sua filha quanto a do casal são sequestradas Todos se desesperam, e um suspeito é preso, Alex ( Paul Dano). Porém, Alex é solto por falta de provas e Keller resolve sequestrá-lo e torturá-lo para tentar descobrir o paradeiro da menina. Paralelo, temos o detetive Loki ( Jake Gyllenhall) e a tia de Alex, Holly ( Melissa Leo). Como se vê , um mega elenco que não deixa a peteca cair, apesar de alguns deles serem muito pouco aproveitados. A direção de Villeneuve é segura, criando tensão e drama, mas como falei antes, a longa duração prejudicou o filme. Fica uma barriga lá pelo meio que não faz o filme levantar o vôo que deveria. Mas o roteiro é bom, apesar do desfecho um pouco óbvio. O filme discute a questão da justiça com as próprias mãos. Digamos que já vimos isso milhões de vezes, e aqui não é diferente. O elenco estelar dá conta do recado, Jackman e Gyllenhall ( que aqui repete bastante o seu personagem em 'Zodiaco") estão bem, mas o que me chamou atenção foi a caracterização de Melissa Leo. A personagem pedia alguém mais velha, e tiveram que envelhecer ela. Achei que ficou falsa a peruca, tudo. Parece até a mãe de Norman Bates em 'Psicose", pode até ser que houve essa intenção. A terça parte final do filme é bem intensa, mudando o tom das duas primeiras partes, mais climáticas. Paul Dano está excelente, como sempre, e a maquiagem nele está muito bem executada. Eu queria ter gostado mais do filme, todo mundo falando mega bem. Vou tentar revê-lo em breve e ver se mudo de opinião. Ah, prestem bastante atenção no roteiro, nas cenas, que são bastante intrincadas. Roteiro complexo, é para pensar. Nota: 7

"Kink- sadomasoquismo online"

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Gata velha ainda mia

de Rafael Primot (2013) Uma rara incursão pelo terror psicológico, essa estréia em longa do ator/diretor Rafael Primot é uma bem-vinda adesão do Cinema Nacional ao gênero. Com interpretações espetaculares de Regina Duarte ( surpreendente, em papel inédito e corajoso) e Barbara Paz, o filme é um duelo entre uma escritora em decadência e uma jornalista, que acontece dentro do apartamento da escritora. Porém, nem tudo é o que parece. Com uma direção segura e um belo acabamento, para um produto de baixo orçamento, o filme mantém o interesse do espectador pelos diálogos inteligentes, que caminham na linha do humor negro. Uma cena é antológica: o clip da personagem de Regina se preparando para um ritual, digamos, inusitado. Belo.

domingo, 29 de setembro de 2013

Moebius

"Moebius", de Kim Ki Duk (2013). Pode-se chamar esse filme de versão hardcore de "La luna", de Bertolucci. Ou uma versão sul-coreana da obra de Nelson Rodrigues,"Album de família". Ou quem sabe, o filme definitivo sobre o fetiche do pênis. Exibido no Festival de Veneza 2013, de onde Duk saiu premiado com o prêmio de melhor filme em 2012 com o também polêmico "Pietá", "Moebius" é uma fábula macabra e de humor negro sobre incesto e desejo sexual. Assim como em "Casa vazia", o filme não tem diálogos. Pai, mãe e filho adolescente, sem nomes. A mulher descobre a traição do marido e como punição, castra o filho. A partir dai, o filme segue num festival de bizarrices e taras sexuais envolvendo masoquismo com facas e mutilações. A atriz Eun-woo Lee interpreta tanto a mãe quanto a amante, em bela composição. O filme tende à caricatura dos personagens, principalmente pelo fato de não ter falas. Os tipos exageram em suas expressões, o que provoca mais estranhamento. Tudo no filme gira em torno do sexo, que, nem é explícito , mas tá lá, o tempo todo. Muitas cenas que com certeza provocarão gargalhadas e angústia da platéia, mas Duk é assim, ele gosta de provocar, e tem feito isso em todos os seus filmes, porém em seus últimos tem apelado para cenas violentas explícitas, o que muda radicalmente o rumo de sua contemplação tão comum em filmes como "Primavera, verão", um de seus mais famosos projetos. Aqui, é filme para gostar ou odiar. Mas indiferente, ninguém ficará, com certeza. Nota: 7

Gravidade

"Gravity", de Alfonso Cuarón (2013) Puta que o pariu!!!!!!!! Faz tempo não via uma sala de cinema onde a platéia em peso segurava a respiração, torcia, ficava angustiada, ficava totalmente em silêncio. Que show de efeitos especiais do caralho!!!! Algo de inacreditável! E gente, todos aqueles que odeiam a Sandra Bullock, por favor, reconsiderem antes de ver o filme, pois a mesma faz um "tour de force" impressionante. Ela está foda, e a gente torce por ela a cada segundo. Os roteiristas Afonso e Jonas Cuaron brincam com o espectador, tirando a cada minuto um coelho da cartola, para deixar o espectador sempre atento à tela, em suspense eterno. E mais uma vez provando que o roteirista americano jamais planta algo do nada, sempre dá um pequeno indício de algo que irá acontecer lá na frente. E esse mesmo roteiro alterna muito bem ação e drama, evitando um melodrama no mau sentido. A fotografia do eterno parceiro Emmanuel Lubezki , e o seu trabalho de câmera ) são notórios os planos-sequencias dos filmes de Cuarón) mereciam levar todos os prêmios técnicos. A trilha sonora de Steven Price também cria uma atmosfera de adrenalina e quietude, muito linda. É o tipo de filme que não dá para se falar muito, correndo o risco de entregar e fazer "Spoiler". Mas posso dizer também que Cuarón faz belíssima homenagem a "Barbarella" em uma cena antológica com Bullock, saradona. Eu tenho que confessar que chegou uma hora que eu não aguentava mais de tensão e torcia pro filme acabar logo. Nota: 10

sábado, 28 de setembro de 2013

Nebraska

de Alexander Payne (2013)Poxa, como é bom assistir a um filme bom!!!!! Payne realizou aqui seu melhor filme. Ele estava em total estado de graça quando concebeu essa comédia dramática. Que roteiro! Que atores! Que fotografia ( em preto e branco, com aquele mesmo tom de "A ultima sessão de cinema"). Woody (Bruce Dern, aburdamente foda, vencedor da Palma de melhor ator em Cannes 2013) é um idoso emburrado e tinhoso, que quer ir de sua cidade até Lincoln para receber um prêmio de 1 milhão de dólares. Mas sua esposa e filhos dizem que o prêmio não existe, que é tudo uma farsa, mas ele insiste. Cansado, o filho mais jovem resolve levá-lo de carro até a cidade. No percurso , muitas coisas acontecem, mas o reencontro e descoberta de pai e filho é o que motivará os personagens. recheado do mais fino humor, o filme é de uma melancolia absurda, apesar d agente rir a cada minuto pelo patético e constrangedor da vida dos personagens. Fiquei imaginando de onde Payne tirou tanto ator bom de terceira idade! A atriz June Squib, que interpreta a esposa de Woody, é uma diversão só. A cena do roubo na fazenda é antológica. O filme é uma aula de cinema, de roteiro, de direção. A trilha sonora de Mark Othon é belíssima e envolvente. Estranho é assistir a esse filme e termos a sensação de que o lugar parou no tempo: não existem referencias a modernidade, tecnologia, nada. Saí quase que chorando da sessão. Nota: 10

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Caminhos na noite

"Wege in die Nacht", de Andreas Kleinert (1999) Ah, como eu adoro filme europeus depressivos! A fotografia em preto e branco e a trilha sonora intensificam o tom dramático da história, além da narrativa fria e sêca. Walter é um homem de meia -idade, que vive numa Alemanha que ele não consegue se adaptar. Ex-burocrata da Alemanha Oriental, com a unificação das duas Alemanhas ele não conseguiu encontrar o seu lugar no mundo. Desempregado, ele vive às custas de sua mulher, que trabalha como garçonete em um bar. Walter odeia tudo e todos, principalmente os seres marginais e a bandidagem. Junto de 2 jovens irmãos, ele resolve sair de noite e perambular pelo metrô, defendendo pessoas que sofrem preconceito ( negros, idosos, etc). Porém a situação vai se apertando e ele acaba entrando em um assalto a uma joalheria. Filmado em 98, quase 10 anos após sua derrubada. Esse filme tem uma importância histórica muito grande. Além de retratar a população da Alemanha oriental que tenta se adaptar ao regime democrático, mostra ainda resíduos da Alemanha oriental, o preconceito que alemães tem contra os que viviam na parte comunista, além de mostrar avanços da tecnologia ( celulares, uma novidade rara ainda na época). O elenco é todo excelente, com destaque óbvio para Hilmar Thate, no papel do sofrido e angustiado Walter. Um filme que merece ser visto. Nota: 8

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Boa sorte, meu amor

de Daniel Aragão (2013) "Filme de estréia do pernambucano Daniel Aragão, é um drama experimental todo filmado em preto e branco. Misturando vários temas no mesmo filme ( Amor entre classes sociais distintas, coronelismo, formação do povo brasileiro na mistura de brancos e índios, Igreja evangélica, homossexualismo, deterioração de Pernambuco, extrema pobreza, falta de comunicação, conflito de gerações, entre outros) o filme investe pesado em referências cinematográficas para contar a sua história. Nota-se claramente a veia cinéfila do DIretor que bebe da fonte de Lars Von Triers ( divisão do filme em capítulos) , Sergio Leone ( Duelo estilo western spaghetti no final) e até mesmo Jim Jarmush, nos planos longos e estéticos. Sim, o filme tem um pensamento estética em cada plano, cientificamente elaborados. E isso é bom e ruim para o filme. Ruim porquê o roteiro se perde ante tanta plasticidade, cenas soltas sem dramaturgia que apenas se servem para provocar estranhamento ( ex, a cena do cavalo na rua, nas ultimas). O roteiro e o filme começam bem, com a história de Maria ( Christiana Ulbach, excelente) e Dirceu ( Vinicius Zinn). Ela promoter, ele arquiteto. Mas do meio pro fim o filme se perde completamente, entrando em uma onda experimental que não funciona para esse filme. O filme se utiliza de trilha sonora pop para elevar a energia, uma vez que o filme vai rolando muito, mas num ritmo muito lento. Eu queria, de verdade, ter gostado muito do filme. Mas fico apenas no grupo dos que acharam o filme "Ok". Nota: 6

domingo, 22 de setembro de 2013

As acácias

"Las acacias", de Pablo Giorgelli (2011) Filme de estréia do cineasta argentino Pablo Giorgelli, ganhou em 2001 o Prêmio "Camera D'or" em Cannes. Fico imaginando uma versão brasileira desse filme, e só me vem a cabeça dois atores: João Miguel e Hermila Guedes. Aliás, durante toda a exibição do filme, me vinham 2 filmes nacionais: "A beira do caminho"e "Cinema, aspirinas e urubus". Não por acaso, os dois filmes com João Miguel. Em Assunção, Paraguai, Ruben, um caminhoneiro, transporta madeira de Assunção para Buenos Aires. Em uma dessas viagens, seu patrão pede que ele leve uma mulher até Buenos Aires. Porém, ao pegar a moça num posto de gasolina, ele vê que ela transporta um bebê de 8 meses. Incomodado de início e com cara de poucos amigos, Ruben vai durante a viagem se afeiçoando à jovem e ao seu filho. Como é bom ver um filme onde a gente veja interpretações magníficas. German da Silva e Hebe Duarte conferem duas performances extraordinárias. Em sua maioria, as cenas são silenciosas, baseadas apenas em olhares. Os diálogos são muito poucos, é um filme de olhares e atmosfera. O bebezinho também é sensacional. Deve ter sido um filme de difícil realização: em sua grande parte, é um road movie, ambientando dentro da carroceria do caminhão. E ainda mais com um bebê, essa tarefa se torna ainda pior. Mas é um filme muito bonito. Lento, poético, quase em tempo real, é um brinde para cinéfilos atentos a projetos que sabem que com um mínimo de roteiro decente e com ótimos atores, difícil um filme ficar ruim ou apático. Esse aqui me trouxe muita emoção e melhor, com um tempo justo para um filme desse porte: menos de 80 minutos. O ator argentino Ricardo Darin encontrou em German da Silva um adversário do mesmo nével dele. Nota: 8

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O estranho caso de Angelica

de Manoel de Oliveira (2010) Todo cinéfilo sabe que o português Manoel de Oliveira é o cineasta mais velho em atividade. Em 2010, ele filmou esse "O estranho caso.." com a idade de 102 anos. Lançado com atraso no Brasil, 3 anos depois, o filme narra uma história bizarra, provando que Manoel de Oliveira não teme se aventurar em áreas perigosas. No caso, ele brinca com o realismo fantástico e com uma bela história romanceada de fantasma. Isaac ( Ricardo Trepa, neto do cineasta) interpreta Isaac, um fotografo de descendência judia que numa noite de chuva, é chamado às pressas para tirar fotos de uma falecida. Ele descobre que a família da morta é dona de hoteis e portanto, ricos. Ao se deparar com Angelica, a falecida, Isaac fica impressionado com sua beleza. No dia seguinte, ao revelar as fotos em sua casa, ele vê a foto criando vida, e fica obcecado, achando que o espírito de Angelica veio para buscá-lo. Ele se apaixona de imediato por ela e a partir daí, o filme brinca com conceitos de vida/morte, antigo/moderno. O filme faz um discurso sobre a juventude de Isaac e sua predileção pelo antigo, pelo fora do tom, por ex, ele avista de sua janela um grupo de trabalhadoras que colhem uvas à moda antiga, e vai até lá para fazer esse registro e fotos. Na pensão onde ele mora, uma engenheira brasileira ( A atriz brasileira Ana Maria Magalhães) vem para discutir com engenheiros portugueses formas de modernizar a cidade. Sendo fotógrafo, Isaac, como dizem os índios, possui a habilidade de "aprisionar" o espírito de uma pessoa na foto. E isso é o que quase literalmente acontece com Angelica. A foto lhe traz de volta à vida, e mais, faz o fotografo se apaixonar por ela. Como todos os filmes de Manoel de Oliveira, é um filme de ritmo extremamente lento, quase sem movimentos de câmera, planos praticamente fixos e longos. Os atores principais agem meio que como autômatos: Isaac tem momentos que paralisa e fica observando o ambiente, sem reações. É muito estranho, mas eficaz para a trama e narrativa do diretor. No final, apesar de sua embalagem de filme de arte, fica-se a impressão de termos visto um belo romance movido à um tema de fantasmas. Quero chamar atenção para fotografia, esplêndida, em tonas escuros nos interiores e iluminada nas externas. Nota: 7

Pequena treze

"Little thirteen", de Christian Klandt (2012). Drama alemão na linha de "Aos treze" , "Kids" e " Cristiane F". Ou seja: Juventude às voltas com sexo, drogas e rock'n roll. Sarah é uma menina de 13 anos. Junto de sua amiga Charly, 16, elas trepam muito com garotos que elas conhecem em salas de bate-papo, nas ruas, festas, etc. Sarah mora com sua mãe e seu padrasto. Sua mãe é uma ninfomaniaca e trepa com o namorado na frente da filha. Charly é mãe solteira e busca um pai que cuide do filho que irá nascer. Um dia, Sarah conhece Lukas, um garoto de 18 anos, por quem se apaixona. Mas ela terá que disputar o garoto com sua mãe, que também o deseja, e não faz idéia que Lukas grava suas trepadas e as vende para um mercado de sexo virtual. O filme não economiza em cenas depressivas e que causam desconforto. Para se ter idéia, numa cena, a filha transa com o namorado, a mãe surge e rola uma transa a três. Como eu digo sempre, os filmes europeus não te problema de expor a sexualidade e paranóia de seus personagens. É tudo cru , um erotismo sem tesão e extremamente frio. Um filme seco, de narrativa lenta mas investigativa. O que querem os jovens? Qual o futuro dessa geração totalmente destruida e sem qualquer ambição, a não ser sexo e drogas? Um filme cruel com a realidade, mas absolutamente verdadeira em relação ao que acontece por aí e a gente sabe que acontece, mas faz vista grossa. Elenco ótimo, roteiro curioso, direção correta. Nota: 7

domingo, 15 de setembro de 2013

Nós

"Vi/Us", de Mani Maserrat Agah (2013) Belo drama sueco, uma espécie de "Antes da meia-noite" versão nórdica e com muito erotismo. O cineasta Mani Maserrat Agah colocou o projeto no Crowdfunding, e chegou a receber apoio de vários artistas para financiar o filme de baixo orçamento. Mas somente quando o diretor resolveu hipotecar sua casa para finalizar o projeto, ele recebeu o Ok do ator Gustaf Skasgard (irmão de Alexander Skargard e filho de Stellan Skargard). Gustaf recentemente fez parte do ótimo filme "Kon tiki". Gustaf disse que um cineasta que hipoteca sua casa, com certeza irá dirigir com muita paixão. E ele estava certo. O filme recai todo em cima da relação entre 2 personagens: Krister e Ida, ambos professores de uma escola. Ambos se apaixonam e resolbem morar juntos. Mas ida tem um temperamento inconstante. Incapaz de controlar sua turma de adolescentes, ela se calça na amiga e professora Linda, que a leva a um mundo de libertinagem, que inclui night clubs e afins. Krister , mais caseiro, não aceita essa postura da mulher. O filme tem uma bela cena de sexo, logo no início. Romântico, acaba terminando de forma depressiva. Uma cena forte, de Krister urinando em Ida ( uma cena explícita). Skargard aparece nú em vários momentos do filme, o que prova que os europeus não tem problema algum em expor sua nudez. É um filme bem dirigido e bem fotografo, até para padrões de baixo orçamento. Poderia ter uns 15 minutos a menos ( o filme tem quase 100), pois lá pelo meio dá uma canseira. Mas pela performance dos atores, é um projeto que vale a pena ser visto. Nota: 7

Desconecte

"Disconnect", de Henry Alex Rubin (2012) Lembram-se de "Crash", o filme vencedor do Oscar 2006 ? Muita gente provavelmente o lembrará como o filme que tirou o Oscar de "Brokeback Mountain". Enfim, aqui em 'Desconecte", a estrutura de histórias entre-cruzadas permeadas pela violência urbana voltam 1a tona, dessa vez tendo como tema a internet e suas variações provocando a falta de comunicação entre as pessoas. Na 1a história, um garoto sofre bullying na escola, e para piorar, 2 garotos criam um perfil falso no Facebook e seduzem o rapaz. Na 2a história, um casal em crise, devido à morte do filho, sofrem com a conta zerada por causa de um hacker que invadiu o computador deles. Na 3a, uma jornalista entrevista um adolescente que se apresenta numa websexcam, e isso acarretará consequências graves. O filme tem excelentes atores no elenco, entre conhecidos, como Jason Bateman e Alexander Skasgard ( de "True blood") e outros nem tanto. A fotografia, trilha, edição, funcionam bem. Aliás, uma cena filmada em slow motion, já pro final merece destaque: é uma cena que junta as 3 histórias de forma chocante e comovente. Essa estrutura já era conhecida pelos filmes-painéis de Robert Altman e j;a andava meio esquecida. Aqui, escrito por Andrew Stern, ainda encontra fôlego, apesar de certos encontros soarem extremamente forçados ( ex, a cena do advogado de Bateman se encontrando com a jornalista). De qualquer forma, é um filme que em boa parte emociona, é bem produzido e segura a atenção do espectador. O suspense final é muito semelhante ao de :"Crash", mesmo assim não se tira o seu valor. A mensagem de que Facebook, webcam, chats onlines são nocivos e destroem a vida de pessoas pode soar ingenua pra maioria dos espectadores. Mas já valem como alerta. Nota: 7

Rush- no limite da emoção

"Rush", de Ron Howard (2013) Mesmo depois de ter realizado "Uma mente brilhante" e "Cocoon", seus melhores trabalhos, Ron Howard realiza aqui o seu melhor filme. Sem a burocracia de "O código da Vinci", "Anjos e demônios", "Apolo 13" e "Willow", Howard dá uma nova dimensão aos filmes baseados em histórias esportivas. Eu pessoalmente nunca gostei de Fórmula 1. Mas aqui, torci a cada segundo do filme. Isso porquê o roteiro brilhante de Peter Morgan ( "A rainha", " O último rei da Escócia") dá ênfase no drama de 2 personagens incríveis: os pilotos Nikki Lauda e James Hunt. O primeiro austríaco, o outro inglês. Ambos começaram nos anos 70 na Fórmula 3, cada um com uma personalidade diferente. Lauda todo metódico, Hunt todo garotão e irresponsável. Porém, ambos apaixonados por carros e pela luta pela vitória a qualquer preço. Assim começa uma grande rivalidade entre amos, que irá desembocar na temporada de 1976 de Fórmula 1, ano em que Lauda sofreu um acidente que quase lhe tirou a vida. O filme é todo irretocável, e aqui não dispensarei elogios: A direção de Howard, vibrante, inteligente, buscando texturas de filmes doa anos 70, com ângulos impressionantes. A edição dinâmica, que nos faz se sentir dentro das corridas. A trilha sonora de Hans Zimmer, combinando perfeitamente com as cenas, ora sentimental, ora porrada. A atuação de Daniel Bruhl, no auge da perfeição, usando a maquiagem e sotaque para tornar seu Lauda inesquecivel e um personagem contaditório, amado e odiado pelo seu tom professoral. O restante do elenco está ótimo, Chris Hemsworth provando que a cada filme, ele mostra mais o seu talento, não apenas baseado em rosto bonito. As mulheres, os chefões, todos incriveis. A direção de arte , maquiagem merecedora de todos os prêmios ( a prótese de Nikki Lauda é foda). Um filme que com certeza custou uma baba, mas que valeu a pena cada centavo gasto. Várias cenas antológicas, entre elas, as cenas dentro do Hospital, durante a recuperação de Lauda. Ou o discurso final entre os 2 num hangar. Emocionante. Eu não resisto a filmes baseados em histórias reais que no final, mostram os verdadeiros personagens. Saí do cinema aos prantos. Nota: 10

O ato de matar

"The act of killing", de Joshua Oppenheimer, Anonimo e Christine Cynn (2012) Documentário produzido por Werner Herzog, é um filme contundente e bizarro. O filme faz um relato do genocídio que o governo da Indonésia praticou no país entre 65 e 66, matando 2 milhões e meio de comunistas, considerados uma praga a ser exterminada. Entrevistando os carrascos que praticavam os crimes, os cineastas fazem deles os protagonistas do filme. Considerados heróis pela população, os carrascos, que se auto-denominam gangsters, relatam as várias formas de matar os comunistas de uma forma inusitada: propõe ao diretor que eles relatem ficcionando as mortes. Assim, os carrascos interpretam os atores e ao mesmo tempo os diretores de um filme dentro do filme. Esse filme é filmado de vários gêneros distintos: musical, faroeste, drama, terror, gangsters. O projeto inicial veio de Joshua Oppenheimer, que, recém formado em cinema pela Harvard, foi convidado a dirigir um documentário sobre trabalhadores rurais na Indonésia. Porém, chegando lá, ele ficou estupefato pelos populares considerarem os assassinos dos comunistas como heróis nacionais, algo como se os alemães hoje glorificassem os nazistas. Com isso, ele resolveu mudar o foco do seu filme. Oppenheimer ficou ainda mais chocado quando soube que o Governo americano foi um dos responsáveis pelo Golpe em 65 e pela ajuda ao massacre dos comunistas na Indonésia. O filme é muito, mais muito bizarro, principalmente quando mostra as filmagens realizadas pelos gangsters. Mesmo ficcionado, é muito chocante ver como eles dão depoimentos dizendo que se inspiravam em filmes americanos para matar as suas vítimas, usando os mesmos recursos dos filmes: atropelamento, estrangulamento, etc. Tem uma cena de musical, onde uma vítima dá uma medalha para um carrasco e o agradece por tê-lo libertado do mal comunista. É antológica essa cena. Premiado como melhor documentário na Mostra Panorama do festival de Berlin 2013, o filme peca pela sua longa duração: 159 minutos. Em alguns lugares, ele é exibido em uma versão reduzida, de 111 minutos. Mas talvez o item mais polêmico no filme, seja a humanização de um dos assassinos, Anwar Congo. Mostrado como excelente avô, carinhoso com sua família e amigos, no desfecho ele sente a dôr das vítimas. Terá sido verdade essa reação dele, ou foi tudo ficção? Jamais saberemos. Nota: 7

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Alabama Monroe

"The broken circle breakdown", de Felix Van Groeningen (2012) Filme belga falado em Flemish, dialeto alemão do norte da Bélgica. Dirigido por Felix Van Groeningen, mesmo diretor do ótimo "Os infelizes", "O circulo quebrado" é um filme devastador, no mesmo nível de Amor", de Michael Haneke. Ao falar de amor e morte, o filme não poupa os atores de protagonizarem cenas de forte apelo emocional, indo completamente ao fundo do poço. Didier é vocalista de uma banda country, e um dia, conhece a tatuadora Elise. Ele é ateu, ela religiosa, apesar de sua aparência punk e o corpo todo tatuado. Ela fica grávida, a menina cresce, mas com 6 anos, descobrem que ela tem um câncer. As diferenças do casal começam a surgir a partir de um desenlace trágico. O próprio ator Johan Heldenbergh (Didier) escreveu a peça na qual o filme se baseou. A atriz e cantora Veerle Baetens interpreta Elise, e caralho, as duas performances são algo de explosivas. Que atores! Junte-se a eles a pequena Nell Cattrysse, e você terá um filme onde os atores se entregam ao desafio de trazer muita dôr para os seus personagens. O filme é um mix de "Johhny e June"( pela relação do casal e pela música country", " Uma prova de amor" (pela emoção e tristeza de um casal que tem uma filha com leucemia) e de "Amor em cinco tempos"( pela montagem que vai e volta no tempo). Aliás, a montagem do filme é um caso à parte: um trabalho espetacular do editor, que mistura os tempos no filme de forma orgânica e emocionam muito mais no contraste das cenas. Você pode odiar música country, pode odiar filmes que têm pacientes terminais como tema, pode odiar filmes depressivos..mas não tem como negar a excelência da direção e da atuação dos atores. Espertamente, com um tema desses, o diretor evita excesso de sentimentalismo, indo investir no drama e na melancolia. Mesmo assim, difícil evitar lágrimas. Preparem os corações. Nota: 8

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Lição do mal

"Aku no kyôten/Lesson of the evil" , de Takashi Miike (2013) Impressionante como Miike faz um filme atrás do outro. Realizando entre 2 a 7 longas por ano, Miike obviamente oscila de qualidade entre os filmes. Infelizmente, a tempos ele não produz clássicos como "Ichi, o assassino" e "Audition". "13 assassinos"e "Hara kiri" foram filmes curiosos e bons, mas nada memoráveis. Em "Lições do mal", baseado em livro de Yusuke Kishi's , Takashi Miike investiga o universo de serial killers e assassinato em massa em ambiente de High School. Hasumi é um professor amado pelos alunos, professores e colegas. Uma mente brilhante, sempre a postos para ouvir os alunos que relatam histórias de drama, abusos e outros itens. Formado em Harvard, logo descobrimos o seu passado como psicopata. Ele dividia crimes na época de estudante com seu colega, e acabou matando ele, que achava que só se matava por prazer. Hasumi acredita que faz tudo para limpar a alma das pessoas e a serviço de Deus. Hasumi surta de novo,e resolve dar um filme ao ambiente estudantil. Uma pena que o filme seja longo demais, quase 130 minutos. Não existe drama que sustente esse filme esse tempo todo. Cansativo, chato, o filme segue lento na psicologia dos personagens, até que em seu meio final, ele se aproxima de "Elephant" de Gus Van Sant e se transforma em outro filme. Mesmo sendo fã de gore, fiquei extremamente incomodado com a matança dos estudantes. Me parecia realista demais, e imagens de assassinatos nos Estados Unidos me vieram a mente. Não acho que essa associação tenha sido saudável. É um filme que faz pensar se vale a pena usar uma situação tão polêmica ( no caso, crimes contra estudantes em ambiente escolar) e reproduzi-la em seu estado máximo de violência gratuita. É brutal, apesar da embalagem ser de humor negro. Não curti muito, o protagonista não é bem desenvolvido, a gente não entende o porquê das ações dele desde adolescente. Tudo confuso, tem horas que confesso, não entendia o que se assava. Nota: 4

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Elysium

"Elysium", de Neil Blomkamp, (2013) Durante toda a projeção de "Elisium", era impossível não me lembrar o tempo todo de "Distrito 9", filme anterior de Blomkamp e que o projetou internacionalmente: as locações super-povoadas e tudo com cara de barracos de favela, as naves espaciais que mais parecem lixo reciclado, os robôs a serviço do Governo e mais, personagens contraditorios, que ora passeiam pelo bom mocismo, ora pelo vilanismo. No ano de 2054, O mundo está super-povoado e não há mais espaço em terra para abrigar tanta gente desassistida. Os mais ricos seguiram para uma Estação espacial chamada "Elysium", comandado pelo Presidente e por uma chefe Governamental (Jodie Foster). Ela planeja um golpe de estado para poder dominar essa Estação. O que ela não esperava, é que um cidadão comum, Max (Matt Damon), siga clandestinamente até essa Estação, em busca de uma cura para a sua radiação acidental, que o levará `a morte em 5 dias. O filme tem como maior mérito fazer um mix de atores em seu casting gigantesco. Atores americanos, sul africanos e latinos (mexicanos e brasileiro) se revezam em papéis de igual importância. Sim, Wagner Moura e Alice Braga têm papéis importantíssimos na trama, acompanhando o filme do início ao fim. Uma excelente entrada de Wagner Moura nos filmes americanos. Seu personagem é muito bem desenvolvido, o mais divertido com cereta e debochado. Impossivel para a plateia brasileira não achar graça de seus cacoetes. Alice Braga repete o seu papel no filme "Eu sou a lenda": a mãe super=mega protetora, que protege seu filho como uma leoa protegeria seu filhote. Sharlto Copley, que foi o protagonista de "Distrito 9", agora faz um mega-vilão, e na cena final lembra uma batalha do "Robocop" contra um outro robô. Diego Luna, excelente ator mexicano, está aqui em um papel importante e confere dignidade ao personagem. Tecnicamente o filme é otimo, com excelente efeitos especiais. Blomkamp tem uma carreira muito imteressante: os seus filmes trabalham com o tema do humanismo. Os seus protagonistas são pessoas comuns, que resolvem lutar contra o Sistema em prol do bem da humanidade. A mensagem, mesmo que ingenua, emociona. Max é quase que um Messias, que carrega uma Missão na terra.. E asism prossegue o personagem de Matt Damon, nessa evolução quase predestinada. Mas o roteiro carrega vários exageros: a maca médica, que cura qualquer doença; os vôos projetados pelo personagem de Wagner Moura até a Estação de Elyseum ( como assim, Elysium não consegue rastrear de onde veem essas naves clandestinas?). Muito mais questões que nem comentarei para não dizerem que sou cri-cri. Mas algo que realmente me incomodou foi o excesso de melodrama e excesso de vilões. Nossa, dá até pena do Max: quanta função, ele ter que ajudar tanta gente! Nota: 7

domingo, 8 de setembro de 2013

É tudo tão calmo

"Its all so quiet/Boven is het stil", de Nanouk Leopold (2013) Belo drama holandês, baseado em livro best-seller de Gerbrand Bakker’s chamado "O gêmeo". Em uma fazenda, Helmer,um homem de meia idade cuida de seu pai doente. Entre os dois existe um abismo emotivo: mal se falam, é nitido um estado de rancor por parte do pai e uma servidão por parte do filho. Mais tarde, entendemos que a mãe é falecida e que existiu um outro irmão de Helmet, que faleceu ainda jovem, e é evidente a predileção do pai pelo falecido. Na fazenda, o caminhoneiro Johan, de mesma idade, tenta se aproximar de Helmet, sem sucesso. Um dia, um jovem, Henk, surge e pede por emprego. Helmet o abriga, e novamente, ele é assediado pelo jovem. Um filme que fala sobre depressão, falta de comunicação e sentimentos escassos. Durante o filme todo, são raros os diálogos. É tudo muito contemplativo. As paisagens são belas, a fotografia reforça o clima de solidão e melancolia depressiva. O ritmo é extremamente lento. A questão do homossexualismo vem sutil, e é curioso saber que o ator Jeroen Willems era gay e casado com um homem. Ele morreu antes do lançamento do filme, aos 50 anos de idade. O filme é dedicado a ele, e foi exibido pela 1a vez no Festival de Berlin de 2013. Tenho que confessar que adoro filme assim, tristes, com personagens que nao conseguem se expressar. emocionalmente. Nota: 7

sábado, 7 de setembro de 2013

Doce vingança 2

"I spit on your grave 2", de Steven R. Monroe (2013) "I spit on your grave" é um clássico do filme de horror de 1978. Batizado originalmente de "Woman's day", ele foi adotado pelas feministas como um exemplo de cinema onde o tema era: a vingança feminina! Uma jovem escritora se hospeda numa casa de campo, e lá ela sofre estupro e agressões por parte d eum grupo de homens. Logo ela se vinga de todos eles. Em 2010, teve um remake, do mesmo diretor dessa continuação. O filme obviamente explorada a violência gráfica, nos moldes de "O albergue": muita mutilação e uma incrivel cena de castração. Não contente, ele agora cria uma história sobre uma outra mulher: uma jovem modelo, que luta pela profissão numa Nova York desumanizada. Ela acaba refém de um grupo de traficantes búlgaros de mulheres. Estranhamente, ela é transferida para a Bulgária ( sabe-se lá como ela saiu do País estando amarrada e drogada). Chegando lá, ela é estuprada, violada, brutalizada até quase a morte. Mas ela se solta e sim, busca muita, muita vingança. O roteiro não procura novidades e busca inspiração até em "O albergue": como esses habitantes do leste europeu são maus!!! Não se pode confiar em ninguém! Pior: mesmo estando a Bulgária, seu País natal, os traficantes continuam falando em inglês entre eles. Porquê será heim, Hollywood? Mas o fracasso desse filme, que foi direto pro mercado de dvd lá fora, talvez ateste o fim dessa era da "torture porn", reinaugurada com filmes como "Jogos mortais" e "O Albergue" em meados dos anos 2000, e que, pelo visto, já não traz interesse pro espectador. Não bastam visceras: o povo quer um bom roteiro. O filme ainda se reserva ao luxo de ter quase 2 horas de duração, e ter sido filmado na Bulgária! SInceramente....ah, e existe clichê pior do que alguém conseguir fugir do cativeiro, vai buscar ajuda na rua e se depara com alguém que diz que vai ajudá-la mas...a traz de volta pro cativeiro? Socorro!!!! Nota: 3

Os reis do verão

"The kings of summer", de Jordan Vogt-Roberts (2013) Exibido no Festival de Sundance 2013, esse longa de estréia do jovem cineasta Jordan Vogt-Roberts foi celebrado como um drama sobre o rito de passagem de 3 amigos adolescentes para a fase adulta. As brigas, os ciúmes, o primeiro amor, os conflitos de geração pais e filhos, está tudo aí. O filme é uma espécie de cruzamento de 2 clássicos do cinema independente: "Conta comigo" e "Na natureza selvagem". Do primeiro filme, ele empresta o tema da amizade na fase adolescente, e na busca de aventura. Do segundo, o confronto homem civilizado X Natureza selvagem e hostil, uma metáfora do enfrentamento da vida adulta e eus desafios. O filme narra a história de Joe e Patrick, 2 amigos que não aguentam mais a convivência com seus pais e resolvem construir uma casa na floresta e viver lá. A eles se juntam um jovem esquisito, Biaggio, e juntos, fogem de casa e resolvem se esconder por lá. Porém, a convivência e as diferenças fazem com que todos passem por tranformações que irão mudar suas vidas para sempre. A fotografia, o ponto alto do filme, é um absurdo de linda. Valorizado pelas locações e pela luz, as imagens são realmente estonteantes. A atuação dos 3 garotos também é boa, correta. O roteiro procura sair dos clichês do gênero, mas sem sucesso. Tudo é absolutamente deja-vu, e a gente já sabe tudo o que vai acontecer. Pior: as figuras retratadas dos pais é algo absolutamente intragável: tratados como retardados, infantilizados e sem qualquer traço de verosssimilhança. Essa ridicularização afasta qualquer tipo de senso critico, fazendo o espectador torcer obviamente pelos meninos. Inclusive o cunhado e a irmã de Joe , são retratados d euma forma anhestra. Parece que no filme, apenas os jovens agem como adultos e os adultos, agem como crianças. Aliás a construção da casa em si me pareceu muito forçação de barra. Sério que eles conseguiram construir uma casa completa, incluindo escadas internas, sem que ninguém tenha percebido? E de onde vieram essas habilidades todas? E o dinheiro? A trilha sonora é bacana, com faixas oscilando entre o rock e o hip hop. Uma boa premissa, um filme morno. Nota: 6

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Kick ass 2

"Kick ass 2", de Jeff Wadlow (2013) Parece impossível, mas sim, Nicholas Cage faz falta nessa continuação de "Kick Ass", lançado a 3 anos atrás e que fez sucesso no circuito alternativo, principalmente para um público viciado em quadrinhos e cultura pop. Uma versão nerd para os filmes de super heróis, a franquia "Kick ass" diverte pela total falta de lógica e nonsense, fazendo os fracos e oprimidos poderem ter a oportunidade de se lançarem como heróis e salvarem a cidade, ao contrário dos fortões e bonitões que por aqui, nem dão as caras. É a verdadeira "Vingança dos nerds". Mas Nicholas Cage fazia o contra-ponto emotivo do primeiro filme. Aqui, o sentimentalismo deu lugar ao melodrama barato, com mortes que tentam partir os corações dos personagens e os motivar a seguir com sua batalha heróica. O filme tem muitas sub-tramas, e uma que realmente era desnecessária, é a da "Hit-Girl tentando se encaixar como uma adolescente normal numa High School, e sofrendo "bullying" das patricinhas. Muito clichê, e vamos combinar, escalando Chloë Grace Moretz pro papel, parece uma repetição de sua "Carrie, a estranha". Aliás, a cena do vômito e diarréia é totalmente fora do contexto. O CGI do filme é pavoroso, fico na dúvida se foi proposital, de qualquer forma, muito falso e feio. O filme ganhou um reforço no seu elenco, entrando Jim Carrey, no papel de um Capitão que arregimenta os super -heróis da cidade para lutarem contra o mal. Jim Carrey, no lançamento do filme, fez campanha-contra, criticando o excesso de violência da história. Assim como o primeiro, é uma profusão ininterrupta de extrema violência, com decapitações, mutilações e sangue espirrando adoidado. O final apoteótico dá um gás ao filme e é catarse pura: uma luta entre super-heróis e vilões. O elenco se diverte e enfim, acabou o filme, fica-se a sensação de que o roteiro desse está aquém do filme anterior. Esperamos que o próximo venha desfazer essa frustração de uma história melhor. Nota: 7

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A influência

"La influencia", de Pedro Aguilera (2007) Putz, que filme angustiante. Sensação parecida só tive recentemente com o mexicano "Depois de Lucia", de Michael Franco. É o tipo de filme que você fica resistindo de assistir por conta de tanto sofrimento, mas que devido a qualidade das performances e da realização, você vai se deixando levar, até sair totalmente arrasado dessa experiência sensorial. Uma produção mexicano-espanhola, e co-produzida pelo cineasta Carlos Reygadas ( da obra-prima "A luz silenciosa" e do mega-polêmico "Post Tenebra lux") , o filme narra a história de uma mulher que mora com sua filha adolescente e seu filho pequeno num apartamento de classe média na periferia de Madri. Ela possui uma pequena loja de cosmésticos, sem clientes, e deve meses de aluguel. Idem a escola de seus filhos, onde ela também deve meses. Quando perde a loja, a mulher , que já estava em processo lento de depressão, atinge literalmente o fundo do poço, e a depressão profunda a faz enlouquecer aos poucos. Ela rouba, deve dinheiro, ignora os filhos. Até que não sai mais da cama. Os filhos não entendem a doença da mãe e procuram levar a rotina da forma que acreditam, ser possível. A extraordinária atuação da atriz que interpreta a mãe (Paloma Morales) e as duas crianças ( Jimena Jiménez e Romeo Manzanedo ), conferem ao filme um assombroso retrato da infelicidade. Os outros atores têm uma atuação muito curiosa, todos atuam mecanicamente, como autômatos, sem emoção. O diretor provavelmente quis reforçar o mundo frio e descolorido que nos rodeia, daí a falta de empatia e motivação das pessoas. A direção e a narrativa se utiliza de planos longos e contemplativos, contrastando com alguns momentos onde a câmera steadicam percorre grandes ambientes ( loja de brinquedos, supermercado), fazendo um registro documental do processo de loucura da mãe. Obviamente, um filme muito estilizado, de fotografia fria, realçando a melancolia reinante e a tristeza do mundo. Não é filme para qualquer espectador: lento, arrastado, mas belíssimo e inquietante. O desfecho é devastador , mesmo que por alguns segundos, nos engane com uma falsa sensação de happy end. Nota: 9

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Duradouro

"Nieulotne/Lasting", de Jacek Borcuch (2013) Co-produção Polônia-Espanha, esse belo filme concorreu no Festival de Sundance 2013, levando merecidamente o prêmio de melhor fotografia na Mostra World Cinema. Alias, é um dos raros filmes que foram rodados em película 35 mm. Filmado em Valencia (Espanha) e na Polônia, o filme através das imagens, cria um clichê comum aos filmes de co-produção: Mostrar o contraste de culturas e países através da luz. Na Espanha, tudo é muito ensolarado, brilhante, vivo, sensual, colorido. Na Polônia, o oposto: frio, sem cor, tons cinzas, sem vida, a depressão em estado puro. O filme narra a história de Michal e Karina, dois jovens estudantes poloneses, que estão trabalhando em Valencia em suas férias, nas terras da família espanhola de Michal. Eles cuidam das videiras. Jovem, bonitos, sexys, os dois estão completamente apaixonados e cheios de planos pro futuro. Um dia, durante um mergulho, Michal descobre que a terra é propriedade privada. O Dono vem com ignorância, e Michal acaba matando ele. Desolado, Michal volta pra Polônia, deixando Karina para trás. De volta a Polônia, Michal conta para Karina o motivo de sua ida, e ela acaba ficando também em estado depressivo, e resolve esconder que está grávida dele. Seguindo a tendência dos filmes atuais poloneses, que tem como tema a frustração, as relações mal resolvidas e conflitantes, o cineasta Jacek Borcuch também escreveu o roteiro. Pena que o ritmo extremamente lento da história, aliado a impressão de estarmos vendo dois filmes distintos ( é nítida a divisão entre as histórias), faz o espectador demorara entrar no filme. Narrativa fria, o único envolvimento que temos é coma beleza de imagens da primeira parte do filme. Depois, o filme entra em clichês narrativos, que pouco acrescentam ao filme. O casal de atores empresta talento e beleza ao filme. Ponto também para a porção espanhola do filme, capitaneada pela presença da atriz Angela Molina no filme. Vale como curiosidade, mais do que isso, só se você estiver a fim de ver uma belíssima fotografia. Tivessem ousado mais no erotismo juvenil dos atores, quem sabe, o interesse não teria sido maior. Nota: 6

domingo, 1 de setembro de 2013

O quarto homem

"De vierde man/The fourth man", de Paul Verhoeven (1983) Um clássico da fase européia do cineasta Paul Verhoeven (1983) , que 4 anos depois, filmaria sua primeira grande incursão em Hollywood, 'Robocop". "O quarto homem" pode ser visto como uma prévia de "Instinto selvagem", também de Verhoeven. Esse filme, ambientado em Armsterdam, narra a história de um romancista bissexual, Gerard, que segue da Holanda até Armsterdam para participar de uma palestra. No caminho, ele vê um jovem sexy, e sente um forte tesão por ele, mas o rapaz embarca em um trem e ele o perde de vista. Chegando no seu destino, Gerard conhece Christine, promotora da leitura e também dona de um salão de beleza. Gerard se sente atraído por ela e transam. No dia seguinte, ele descobre que ela namora o rapaz por quem ele se afeiçoou na estação de trem, Querendo conquistar o rapaz, Gerard acaba descobrindo que Christine se casou 3 vezes, e que todos os homens morreram de forma trágica. Será ele o quarto homem? Nesse filme, Verhoeven se utiliza do cristianismo para dar força a suas imagens provocativas: O jovem é visto como Cristo crucificado, e Gerard o lambe na cruz; suas visões sobre a morte o aproximam da Santa Maria, encarnada na figura estranha de uma loira. Um filme que investe no realismo fantástico. Doentio, perverso, bizarro e extremamente fetichista. Novamente Verhoeven trabalha com seu fotografo Jan den Bont, que depois viraria estrela Hollywoodiana e dirigiria "Twister" e "Velocidade máxima". Assim como em Louca paixão", Verhoeven e den Bont investem em um drama erótico forte, voyeristico, sujo. Como sempre falo,os anos 70 e 80 foram extremanente permissivos no Cinema. A personagem de Christine, na figura andrógina da atriz Renée Soutendijk, antecipa a personagem de Sharon Stone em "Instinto selvagem" : fatal, dúbia, sexy. Um belíssimo filme. Nota: 8

Ghost shark - O tubarão fantasma

"Ghost shark", de Griff Furst (2013) Preparem as pipocas, pois esse filme é diversão garantida! Depois do alucinado "Sharknado" (o filme do tornado de tubarões voadores), os mesmos produtores do Canal SYFY trazem essa pérola do trash "Ghost shark". Sim, um tubarão fantasma, que ataca aonde tiver água: numa piscina, num cano entupido, num banho de mangueira, num balde d'água e pasmem, bebendo água de um bebedouro!!!!!! As risadas são mega garantidas, porém, o filme não consegue manter aquele ritmo ensandecido e catártico de "Sharknado". Os risos aqui são esporádicos. Culpa do roteiro, que mistura uma história de uma caverna com uma maldição, que traz os mortos à vida. Deveriam ter se atido apenas à história do tubarão fantasma que volta em busca de vingança por terem matado ele, mas sem esse lance maluco da caverna. A loucura é tanta, que ninguém precisaria de uma explicação do porquê ele retornar como espírito. Pior que isso, é o tubarão atacar uma dupla de adolescentes, e não conseguir devorá-los porquê tem uma parede como obstáculo. Mas ué, ele não é fantasma? Porquê não consegue atravessar a parede? De qualquer forma, os produtores foram felizes em colocar os piores atores e figurantes do mundo nesse filme. As reações às mortes das pessoas são tão hilários quanto o tubarão. Os efeitos ( Eba!!) são pavorosos, , os diálogos, idem! A edição é péssima, pois a cena acaba mas ainda ficam alguns segundos mortos depois da cena. Valeram os 86 minutos gastos. Nota: 6