quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A influência

"La influencia", de Pedro Aguilera (2007) Putz, que filme angustiante. Sensação parecida só tive recentemente com o mexicano "Depois de Lucia", de Michael Franco. É o tipo de filme que você fica resistindo de assistir por conta de tanto sofrimento, mas que devido a qualidade das performances e da realização, você vai se deixando levar, até sair totalmente arrasado dessa experiência sensorial. Uma produção mexicano-espanhola, e co-produzida pelo cineasta Carlos Reygadas ( da obra-prima "A luz silenciosa" e do mega-polêmico "Post Tenebra lux") , o filme narra a história de uma mulher que mora com sua filha adolescente e seu filho pequeno num apartamento de classe média na periferia de Madri. Ela possui uma pequena loja de cosmésticos, sem clientes, e deve meses de aluguel. Idem a escola de seus filhos, onde ela também deve meses. Quando perde a loja, a mulher , que já estava em processo lento de depressão, atinge literalmente o fundo do poço, e a depressão profunda a faz enlouquecer aos poucos. Ela rouba, deve dinheiro, ignora os filhos. Até que não sai mais da cama. Os filhos não entendem a doença da mãe e procuram levar a rotina da forma que acreditam, ser possível. A extraordinária atuação da atriz que interpreta a mãe (Paloma Morales) e as duas crianças ( Jimena Jiménez e Romeo Manzanedo ), conferem ao filme um assombroso retrato da infelicidade. Os outros atores têm uma atuação muito curiosa, todos atuam mecanicamente, como autômatos, sem emoção. O diretor provavelmente quis reforçar o mundo frio e descolorido que nos rodeia, daí a falta de empatia e motivação das pessoas. A direção e a narrativa se utiliza de planos longos e contemplativos, contrastando com alguns momentos onde a câmera steadicam percorre grandes ambientes ( loja de brinquedos, supermercado), fazendo um registro documental do processo de loucura da mãe. Obviamente, um filme muito estilizado, de fotografia fria, realçando a melancolia reinante e a tristeza do mundo. Não é filme para qualquer espectador: lento, arrastado, mas belíssimo e inquietante. O desfecho é devastador , mesmo que por alguns segundos, nos engane com uma falsa sensação de happy end. Nota: 9

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