sábado, 26 de outubro de 2013

Bambi

"Bambi", de Sébastien Lifshitz (2013) Em 58 preciosos e enxutos minutos, esse excelente documentário, vencedor do prêmio Teddy Bear de melhor filme em Berlin 2013, nos apresenta um fascinante retrato de uma pessoa extraordinária. Nascido no final dos anos 30 na Argélia, Jean-Pierre sempre teve uma relação conturbada com sua mãe. Mais precisamente, porquê insistia em deixar o cabelo crescer e usar os vestidos da irmã mais velha. Jean sempre soube que havia nascido num corpo errado. Um dia, adolescente, resolve sair de casa e ir buscar trabalho em Paris. Encontra o "Le Carrousel", famoso Cabaret onde travestis se apresentavam em shows elegantes e luxuosos. Aos poucos, Jean-Pierre vai se transformando em Marie Pierre. Nos anos 50, os hormônios eram novidade, e Marie tomava escondida, mesmo sabendo que poderia ser presa pela polícia e mal-vista pelos drags, que eram homens que se vestiam de mulher e que se recusavam a tomar hormônios. Sua mãe resolve fazer as pazes e vai morar com ela ( uma parte muito emocionante do filme). A relação de Marie com sua mãe é algo tão belo, me lembrou filmes de Almodovar. Marie faz sucesso, se apaixona por um jovem, vão morar juntos e faz enfim, a cirurgia de mudança de sexo, mesmo contra a vontade de seu namorado. Tem uma frase que Marie diz que é : "Preciso saber se o que for retirado de mim irá mudar minha vida, ou o que for colocado em mim irá mudar minha vida". Depois, se separa e vai viver com Ute, uma mulher alta e loira, indo assim contra os seus principios de se envolver com uma mulher. Temendo a velhice e a decadência fisica, Marie larga o show e resolve aos 29 anos se formar em Sorbonne, e desde então, leciona na Universidade, e ainda hoje, casada com Ute. Essa biografia daria um excelente filme e com certeza daria prêmios ao ator que o interpretasse. O filme retrata tudo isso com um incrível material de arquivo, mostrando Marie jovem, cantando, se apresentando, além de mostrar uma Parus deslumbrante nos anos 50. Tem também deliciosos números musicais com travestis da época. É um filme muito sensível, filmado de forma apaixonada e elegante, sem jamais perder a pose e o glamour, que é o que todos os travestis desejavam. Uma aula de documentário e de cinema, e mais, de uma vida com muito amor. Nota: 10

Nenhum comentário:

Postar um comentário