segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Um estranho no lago

"L'inconnu du lac", de Alain Guiraudie (2013) Que prazer que dá em assistir a um filme que ousa, que quer fazer arte unindo erotismo e cinema de transgressão. Em um lago frequentado por homossexuais em busca de sexo fácil, Franck conhece Michel. O tesão por ele é imediato, mas não é fácil se aproximar de Michel. Uma noite, Franck o vê matando o seu parceiro afogado no lago. Mesmo assim, ele insiste em se aproximar dele, sem temer ser a próxima vítima. Mais polêmico do que as cenas de sexo explícito, que inclui sexo oral e close em pau gozando, é essa visão suicida e perversa dos gays. Fui com um amigo que odiou o filme por esse suposto olhar "negativo" da comunidade gay, comumente visto nos filmes como fetichistas, ninfomaníacos e perversos. A fotografia do filme é um deslumbre, principalmente na escolha de se fazer cena completamente escura nas noturnas, provocando uma atmosfera de suspense absurda. O brilho do sol refletido na superfície da água do lago também remete a um Paraíso dantesco, onde uma hora pode-se gozar, na outra morrer. Guiraudie ganhou o prêmio de DIreção em Cannes 2013 na Mostra um Certo Olhar. Aliás, um prêmio merecidíssimo. Guiraudie usa a rotina ( o plano do carro chegando é o mesmo durante o filme todo) marcando o tédio da vida dessas pessoas solitárias e infelizes. Os atores se entregam a filme, passando quase que o filme inteiro nús, despojados, sem qualquer constrangimento. Quanto as cenas explicitas, acredito terem usado dublês para os atores principais. A narrativa do filme vai de um ritmo lento até chegar ao nível do insuportavelmente tenso no seu desfecho. Um brilhante exercicio de transformação de gênero de filme. A figura do detetive remete ao seu filme anterior, "O rei da fuga", debochando um pouco da figura policial. Além do humor do detetive, tem-se o humor do frequentador que sempre quer fazer parte das orgias, se sucesso. As cenas de trepadas são muito bonitas e bem armadas. Nota: 8

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