quinta-feira, 10 de abril de 2014

Hoje eu quero voltar sozinho

"Hoje eu quero voltar sozinho", de Daniel Ribeiro (2014) O jovem cineasta Daniel Ribeiro já é habitueé do Festival de Berlin. Em 2007 ele ganhou o Teddy de melhor curta por "Café com leite". O seu curta de 2010, "Eu não quero voltar sozinho", ganhou vários prêmios Brasil afora. Com tanto sucesso, Daniel Ribeiro resolveu esticar a história do curta e dele, fez seu primeiro longa, vencedor de vários prêmios em Berlin, entre eles, Teddy de melhor filme e o Prêmio Fipresci, dado pela associação de críticos. A história e a mesma. Leo (Guilherme Lobo) é um adolescente cego. Ele estuda num colégio tradicional, e tem uma melhor amiga, Giovana, no fundo, apaixonada por ele mas sem revelar a sua emoção. Leo sofre bullying de outros estudantes por ser cego. Um da, chega um aluno novo, Gabriel ( Fabio Audi). Entre Gabriel e Leo surge um amor platônico, e o medo de revelar a homossexualidade. Em geral, todo longa derivado de um curta tem o problema de roteiro. Como Esticar uma história que funcionou bem em menos de 20 minutos? Raramente, essa fórmula deu certo. Um dos poucos exemplos bem-sucedidos foi o argentino :"Medianeras". Aqui, é impossível não sentir um cheiro de encheção de linguiça. Toda a sub-trama da família de Leo é irritante. Os pais são mostrados de uma forma ridícula e infantil. A avó é aquela figura clichê da pessoa que existe para dar lições de moral e para usar sua história de vida como pretexto para crescimento emocional do menino. Outra sub-trama descártavel é a dos estudantes que provocam bullying. A cena inicial da professora discutindo com os meninos baderneiros é muito artificial. Jamais que num colégio particular dois meninos esculhambariam um jovem cego na frente da professora. Nao tem como não comparar o filme a 2 clássicos de adolescentes que têm um rito de passagem: "As vantagens de ser invisível" e "Delicada atração". Do primeiro filme, vem o trio de amigos, o menino tímido, que tem vergonha de dançar, o jovem gay, a música anos 80, o tom de nostalgia no ar. Do segundo filme, vem o tema da descoberta da homossexualidade, o bullying familiar, e a cena final, lúdica, pra cima, levantando todas as bandeiras possíveis. A fotografia de Pierre de Kerchove é sensível, dando tintas melancólicas e explorando as cores do amor entre os meninos. O ritmo do filme é lento. O grande trunfo do filme é a atuação do jovem Guilherme Lobo, e por ele vale a pena ver o filme. Sensível, transbordando drama e angústia de um adolescente em busca de algo que nem mesmo ele sabe o que é. O filme é bem inocente, longe, mas muito longe da descoberta da sexualidade de "Azul é a cor mais quente". Sem contra-indicações. Nota: 7

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