domingo, 27 de abril de 2014

Lado a lado

"Side by side", de Christopher Kenneally (2012) Um documentário obrigatório a todos os Profissionais de Cinema, desde Cineastas, Fotógrafos, Editores, Coloristas, finalizadores, editores, efeitistas visuais, distribuidores, produtores até mesmo atores. Para os Cinéfilos, fica a curiosidade de acompanhar em tom didático, mas sempre apaixonante, a trajetória do Cinema conhecido como filme/película e o advento do Cinema digital. O documentário, produzido por Keanu Reeves e tendo ele como apresentador, fala da comemoração dos 100 anos da película. E desde a aparição do filme de Thomas Vintemberg em 1995, "Festa em família", durante o Movimento Dogma 95, que se teve o registro do primeiro filme feito inteiramente em formato digital. O Documentário, preciso e sempre informativo, fala sobre a diferença entre película e o digital, os que defendem o celulóide e os que o consideram morto. As questões que implicam barateamento do orçamento por conta do formato digital, e sua posterior democratização, uma vez que as câmeras digitais são mais baratas e muitas vezes, utilizando equipes menores. Como falei acima, o movimento do Dogma 95 foi importante para disseminar o formato digital. E isso veio por um acaso: um dos itens do movimento era que o filme não podia usar equipamentos especiais, tipo grua, tripé nem nada. Usar as câmeras tradicionais de cinema seria algo impensável, pelo seu peso e pelas condições de tamanho de equipe. O rolo de cinema também exigia que a cada dez minutos, se trocasse o chassi. Para os produtores, cineastas e atores até então, essa imposição dos 10 minutos causava u temor muito grande, pois todos tinham que estar bastante atentos a essa duração. Assim, o fotógrafo Anthony Dod Mantle, que posteriormente veio a fotografar todos os filmes de Danny Boyle, foi capaz de criar movimentos de câmera na mão até então impensáveis, dando, como ele mesmo diz "liberdade para criar". Em um depoimento, David Lynch diz que depois de descobrir o digital, ele não voltará mais ao filme, pois ele pode filmar sem se preocupar com tempo, pode falar com atores durante o plano. Alguns fotógrafos em depoimentos lamentam a perda do celulóide, pois tinham mais controle sobre a côr do filme. Hoje, com os coloristas, fica uma discussão e crise pela autoria do visual do filme, e a perda da autoridade máxima do fotógrafo. O filme faz um histórico sobre o surgimento das primeiras Camcorders nos anos 90, e logo em 2002, George Lucas , junto da Sony, criou a câmera F900, com o qual ele filmou "Star wars, Ataque dos clones". Essa foi a primeira câmera em alta definição, e provocou furor e rebuliço em Hollywood. Muitos cineastas protestaram contra Lucas, acusando-o de acabar com o Cinema. No ano de 2000, Sundance recebeu a inscrição de 225 filmes. Três anos depois, esse número subiu 10 vezes. O que se falava na época, era que a qualidade de imagem dos filmes digitais eram ruins, e o público não aceitaria isso. Muitos cineastas dizem que por conta do digital, as performances melhoraram ( pois podiam arriscar mais vezes) , podiam apostar mais em enquadramentos , nos ensaios, sem se preocuparem com a duração, etc. Keanu Reeves dá um depoimento hilário sobre o susto que os atores tiveram com o surgimento do digital. Em 2002, quando filmava "O homem duplo", de Richard Linklater, já com digital, ele percebeu que o Diretor não dava descanso, filmava sem parar entre um take e outro. ( não se parava mais pra trocar chassi, nem checar gate, nem nada). Keanu Reeves disse :"Você não vai parar? Se não parar, eu preciso parar!" Danny Boyle fala também da facilidade da digital, pois com ela ficou mais fácil e mais barato filmar. Ele dá como exemplo 'Exterminio", onde ele usou 10 digitais, para filmar uma cena do personagem andando pelas ruas desertas de Londres. Fosse em película, ele jamais teria isso em tão pouco tempo de filmagem. O filme fala também sobre as exibições digitais e o barateamento dessa área, evitando o envio de rolos de filmes, e posterior deterioração dos películas depois de várias exibições ( lembram do arranhado na tela grande??) As primeiras câmeras que surgiram também são apresentadas: Genesis, a VIper ( usada para captar noturna de "Colateral"), a Red ( criada pelo dono da Oskley, Jim Jannard, que fundou Red Digital Cinema), a Alexa. Fala também das 5 e 7D da Cannon, que muita gente detona, dizendo que não é Cinema, mas que jovens Cineastas defendem dizendo ser a única forma deles poderem filmar em baixíssimo orçamento. Um produtor diz que essa enorme variedade de filmes realizados não é bom para a Indústria, pois boa parte desses filmes são ruins, apenas realizados para botar em prática sonhos de pessoas inexperientes. O filme termina com 2 tópicos interessantes: Tópico 1, que mesmo com esse aparente fim do celulóide, ainda tem gente que filma em película, pois admira a sua beleza, jamais igualada pelo digital. Tópico 2: o armazenamento. Os hd's somente funcionam por 5 anos, ou é necessário que os arquivos sejam sempre manipulados. Por outro lado, o celulóide resiste por mais de 100 anos. O filme entrevista também editores, coloristas, efeitistas visuais. É bem rico em informações e curiosidades. Como é bom ver gente apaixonada pelo que faz!!!! Scorsese, Lars Von Triers, Irmãos Warchowsky, Christopher Nolan, etc, tanta gente bacana dando depoimentos sinceros e apaixonados. Terminei de ver o filme com um pensamento conclusivo de que Sim, o Cinema é uma fábrica de sonhos, que os amantes de cinema admiram , mesmo que, como diz no filme, os filmes sejam vistos em telas de Iphones ou de computador. Perca-se o romantismo, mas jamais uma boa história contada e apresentada para que possamos sonhar. Nota: 8

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