sábado, 7 de junho de 2014

A pequena cidade

"Kasaba", de Nuri Bilge Ceylan (1997) Uma espécie de "Amarcord" do premiado cineasta turco Nuri Bilge Ceylan, que em 2004 ganhou a Palma de Ouro de melhor filme por "Winter sleep", um filme de mais de 3 horas de duração. Os filmes de Ceylan possuem sempre a mesma estética: planos quase integralmente fixos, de longa duração, retratando a vida cotidiana de pessoas comuns. A rotina que gera o tédio, a vida desregrada, sem futuro. O excesso de diálogos e também a ausência deles. Assim são os seus filmes: ""Os três macacos", "Era uma vez em Anatólia", "Climas". Vendo agora o seu primeiro longa "Kasaba", que significa "Cidade pequena", é fácil perceber que essa linguagem nasceu com a sua chegada ao cinema. Fotógrafo de inicio, Ceylan tem um olhar contemplativo em tudo o que cerca os personagens e a ação central da história. Ele filma a natureza, a paisagem, como complementos da vida daqueles que ali circundam. Em uma cidade pequena no interior da Turquia, acompanhamos a história de uma família. O filme é dividido em partes, narradas pela mudança das estações do ano. No inverno, estamos em uma sala de aula onde uma menina se constrange diante da turma porquê seu professor diz que a mãe dela não cuida bem da estudante ( a refeição dela está estragado). Na primavera, essa mesma menina vai com seu irmão de 4 anos para o campo. Lá, ele tem contato com os animais, maltratando-os ( ele maltrata um burro, uma tartaruga e formigas). No verão, a família dela toda se reúne, e o avô e o pai contam histórias para todos. O filme tem uma narrativa onírica, em belíssimo preto e branco captado pelo mesmo Ceylan, que também escreveu e dirigiu. Ele convidou amigos e familiares para darem vida aos personagens, daí o naturalismo das interpretações. Algumas passagens são realmente poéticas e estonteantemente lindas. Mas no meio do filme, na reunião familiar, o filme fica bem chato. Os diálogos são excessivos e pouco interessantes. O que vale é a forma como Ceylan filma essa cena, através de closes e planos fixos. Impressiona o olhar cruel das crianças observado o mundo que os rodeia. O pequenino então, é um capeta. Para cinéfilos fortes. Nota: 7

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