domingo, 8 de junho de 2014

Praia do futuro

"Praia do futuro", de Karin Ainouz (2014) O que dizer de um filme, onde a parte que mais te empolga são os créditos finais, ao som de "Heroes", de David Bowie, e com créditos pop que me lembraram de imediato os créditos do cult "Enter the void", do Gaspar Noé? Aliás, essa mesma música "Heroes" embala um momento de superação no filme "Vantagens de ser invisível", também sobre personagens em busca da razão de sua existência no planeta terra. Achei um bom filme. É lento, muito lento. O roteiro talvez não tenha me surpreendido tanto. Confesso que desde "O céu de Suely", fico esperando um filme de Karin que atinja a força desse filme. Talvez eu deva mudar o meu pensamento sobre os novos rumos desse cineasta cearense que se aventura cada vez mais na narrativa do cinema europeu. "Viajo porquê preciso, volto porquê te amo" e "Abismo prateado", além desse "Praia do futuro", afundaram Karin no mais profundo existencialismo digno de Antonioni. Poucos diálogos , valorizando o conflito interno dos personagens diante de um mundo grande, muito grande, que os engole. Donato (Wagner Moura) é um salva-vidas da Praia do Futuro, em Fortaleza, que não consegue socorrer um turista alemão, que morre afogado. Ele acaba se envolvendo com o amigo alemão do turista, Konrad, e entre eles rola uma relação de amor, provavelmente aproximada pela dôr e pela incerteza da vida. Donato vai embora para Berlin com Konrad, abandonando sua família, entre eles seu irmão menor, Ayrton, que tem Donato como um herói. Os anos de passam, Donato fica em conflito entre dois mundos no qual ele não se encaixa, até que seu irmão, já crescido (Jesuita Barbosa) aparece do nada e exige explicação pelo seu sumiço. Karin, como sempre, tem um olhar muito belo e estilizado do mundo, e ele sabe, como poucos cineastas brasileiros, transformar isso em imagens poéticas e arrebatadoras. A fotografia de Ali Olay Gözkaya reforça o contraste entre o sol e o chumbo dos dois países. A trilha sonora de Volker Bertelmann também é muito inspirada, trazendo a melancolia necessária para a trama. Mas é um filme frio. E sem tesão. Me impressiona a polêmica que foi criada com o filme. As cenas de sexo são castas, se comparadas com a de "Tatuagem". Como sempre digo, o público foi ficando cada vez mais careta. Filmes dos anos 70 e 80 eram muito mais provocadores. Nota: 7

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