quarta-feira, 23 de julho de 2014

O amuleto de Ogum

"O amuleto de Ogum", de Nelson Pereira dos Santos (1974) Realizado em 1974, em plena Ditadura do Governo Ernesto Geisel, essa parábola sobre o Bem e o Mal faz corajosamente uma metáfora sobre a situação política no Brasil da época. Mostrando cenas de torturas, paus de arara, milícia, faxina geral no Distrito de Caxias por assassinos profissionais, Nelson Pereira faz a sua visão sobre os Militares que dominavam a sociedade brasileira, calando a boca da população que vivia sob o Signo do medo. O filme foi indicado à Palma de Ouro em Cannes de 1975, e no Brasil ganhou o Festival de Gramado com o prêmio de melhor filme. Os cineastas Luiz Carlos Lacerda e Tizuka Yamasaki foram os assistentes de direção do filme. Inclusive Luiz Carlos Lacerda interpreta o dono do bordel onde trabalha a personagem de Anecy Rocha. No elenco criativo, temos o filho do Nelson Pereira, Ney Santanna, no papel principal, e o cantor Jards Macalé, que interpreta um cego violeiro que narra a história. Aliás as músicas da trilha também são de Macalé. Completando 40 anos agora em 2014, o filme cinematograficamente envelheceu. Mesmo assim, ele reserva alguns planos muito instigantes e ousados para a época. O grande trunfo é o seu roteiro, que mescla vários gêneros: drama, policial, romance e religiosidade. E se formos mais além, poderíamos até dizer que filme é um Faroeste na linha de Sergio Leone: épico, violento, heróico. Resgatando a vanguarda dos filmes "Orfeu negro" e "A rainha Diaba", "O amuleto de Ogum " traz a Umbanda e a violência urbana como temas dominantes da trama. O filme começa mostrando um flashback. Pai e filho são assassinados em Alagoas. A mãe, desesperada, leva seu filho Gabriel para a Umbanda para que eu corpo seja fechado, protegendo-o de criminosos. 10 anos depois, Gabriel chega ao Município de Caxias, Rio de Janeiro, dominado por bicheiros e assassinos profissionais. Ele acaba trabalhando para o bicheiro Severiano ( Jofre Soares, endiabrado), matando todos os adversários dele. No entanto, Gabriel acaba se envolvendo com Eneida ( Anecy Rocha), uma dançarina de um bordel, e amante de Severiano. O bicheiro sentindo a ameaça de Gabriel, manda matá-lo, mas descobre que ele tem o corpo fechado e não pode ser morto. Divertido ( o filme tem cenas hilárias) e violento, o filme entretém e mais, mostra a umbanda de uma forma séria, sem o olhar preconceituoso que costuma recriminar a religião. O filme é um grande clássico do Cinema Nacional e foi um sucesso de bilheteria. Nota: 8

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