quinta-feira, 24 de julho de 2014

O filho único

"Hitori Musuko/The only son", de Yasujiro Ozu (1936) ""A tragédia da vida se inicia com a ligação entre pais e filhos", Ryonosuke Akutagawa. Com essa frase, se dá início a um dos filmes mais tristes da história do CInema. "Filho único", de 1936, é o primeiro filme falado de Ozu. Conta a história de uma mãe viúva que mora na Província de Shinshu no Japão de 1926. Ela trabalha numa tecelagem de fios de seda, e a muito custo, sustenta seu filho pequeno. Porém, o menino deseja estudar em Tokyo. Em principio contra, ela acaba cedendo aos pedidos do menino, com a promessa que ele irá se transformar num grande homem. 10 anos se passam. A mãe resolve visitar seu filho em Tokyo. Ela descobre que ele casou, tem um filho mas se decepciona ao ver que ele mora numa comunidade pobre. Mas o filho esconde sua real situação financeira e vai provendo passeios para sua mãe. Mas a mãe descobre, e o filho se frustra, achando que sua mãe ficou triste por ele ter se tornado um grande fracasso. Com atuações extraordinárias de Chôko Iida e Shin'ichi Himori, nos respectivos papéis de mãe e filho, o filme traz a gênese da temática de Ozu: relações familiares, frustrações, fracasso, progresso da cidade e o afastamento emocional entre parentes. Todos esses elementos viriam a percorrer os seus filmes seguintes, atingindo o ápice na obra-prima "Era uma vez em Tokyo". Como linguagem, o filme traz a estética tão particular de Ozu: os "tatami shots"e "Pillow shots". "Tatame shot"são os enquadramentos sempre na altura do olhar de quem está sentado em um tatame. "Pillow shots" são os planos de natureza morta, mas carregados de metáforas e sentimentos reprimidos. O filme é repleto de cenas antológicas, mas a mais memorável e divertida é uma crítica de Ozu ao próprio cinema, no caso, o advento do cinema sonoro que veio para chegar. O filho leva sua mãe para assistir a um filme falado alemão, uma novidade. Porém, a mãe acaba dormindo, achando tudo muito monótono Uma obra-prima indiscutível, um filme emocionante para se guardar no coração. Nota: 9

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