domingo, 10 de agosto de 2014

Nor'easter

"Nor'easter", de Andrew Brotzman (2012) Longa de estréia do roteirista e curta-metragista Andrew Brotzman, é uma bela surpresa. Rodado com baixíssimo orçamento, essa produção independente americana foi financiado pelo site de crowdfunding "Kickstarter". O tema lembra o clássico de Hitchcock, "A tortura do silêncio". No filme, o padre interpretado por Montgomery Clift ouve a confissão de um assassino, mas é impossibilitado de denunciá-lo por conta de seus votos para com a Igreja católica. Em "Nor'easter" ( que significa o vento forte que sopra no Nordeste dos Estados Unidos, mais precisamente na Ilha do Maine, onde o filme é estabelecido), os pais do jovem Josh sofrem com o desaparecimento do menino aos 11 anos de idade, por um período de 5 anos. Os pais acreditam que o menino está vivo, mas o jovem padre Erik faz com que eles aceitem a morte do rapaz e encomendem um funeral. Após a mídia anunciar o enterro, súbito, Josh reaparece. Calado, ele não relata nada aos pais o que aconteceu. Mas em uma noite, ele vai ao encontro do Padre Erik e faz a confissão: ele foi sequestrado por um homem e forçado a viver com o pedófilo. A partir desse momento, a vida de Padre Erik se divide em 2 grandes conflitos: pessoal e profissional. Ele não pode denunciar o pedófilo, e também precisa entender a sua própria sexualidade. Um filme complexo em suas ambições dramatúrgicas, mexendo com religião e sexualidade de forma vibrante. O filme também mexe no tema da sindrome de Estocolmo: o jovem Josh é incapaz de denunciar o pedófilo para a polícia, e pior, o ama. Os atores estão ótimos, e a atmosfera criada pela fotografia escura e pela trilha sonora angustiante provocam no espectador um constante clima de suspense. Inteligente, o filme acerta ao priorizar as imagens, deixando que elas falem por si só, Os diálogos são poucos. A cena do padre observando os meninos enquanto ele pratica o hockey como válvula de escape para a sua homossexualidade é belíssima. O filme prova que é possível fazer projeto de qualidade com pouquíssimo orçamento. O que estraga o filme são os 10 minutos finais, dispensáveis. Deveria ter acabado antes. Nota: 7

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