domingo, 31 de agosto de 2014

Uma dose violenta de qualquer coisa

"Uma dose violenta de qualquer coisa"de Gustavo Galvão (2013) O recado do filme é um só: se você for ao banheiro, perde o bonde. O título é retirado do libro "Uivo", do poeta beatnick Allen Ginsberg, e como não poderia deixar de ser, é um road movie de tipos desajustados e sem rumo. Um "Easy rider" dos novos tempos, mas sem ácido. Pedro ( Vinicius Ferreira) é um rapaz que foge de casa. Ele tem distúrbios mentais e precisa tomar tarja preta, mas não tem receita. Sua irmã tenta localizá-lo, ligando insistentemente para o seu celular. Saindo de Brasília, ele acaba seguindo caminho de carro (roubado) até Minas. No caminho, em uma lanchonete, ele esbarra com Lucas (Marat Descartes), um tipo marginal desajustado que cola nele e não se separam mais. Outros tipos vão surgindo no caminho, entre putas, traficantes paraguaios (Leonardo Medeiros) e mulheres solitárias. O filme em si é curioso, mas fica apenas nisso. Em certos momentos fiquei até me remetendo ao filme "A busca", de Luciano Moura, por conta da personagem de Mariana Lima que liga insistentemente para o de Wagner Moura. O filme também era um road movie. Mas as semelhanças param aí. Aqui, o cineastas Gustavo Galvão literalmente caga pro realismo. As pessoas ficam horas no banheiro, um frentista de posto enche um tanque enquanto o motorista despeja todo o lixo do carro para fora, e por aí vai. Fiquei na dúvida se era para brincar com o surrealismo ou realismo fantástico, ate mesmo porquê depois brincam com um suposto "Fantasma" que surge. No fundo achei confuso. As personagens femininas são ridicularizadas, mostrando um perfil de um filme misógeno, onde somente os homens encontram espaço. A trama da irmã (Maria Manoela) ligando toda a hora é totalmente dispensável. O filme poderia ter focado na trama de Pedro e Lucas. Aliás, Marat Descartes está como sempre brilhante e roubando o filme. Quando em determinado momento ele sai de cena, o filme cai de ritmo e de interesse de forma gritante. Estéticamente é interessante, e a trilha sonora compõe esse barroco de bizarrices. Mas fica tudo meio que na intenção. Achei bom, mas com ressalvas. Nota: 6

Nenhum comentário:

Postar um comentário