sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Jauja

"Jauja", de Lisandro Alonso (2014) Vencedor do Prêmio FIPRESCI na Mostra "Un certain regard" em Cannes 2014, "Jauja" é um exercicio hermético e experimental de difícil acesso ao público. Uma pergunta aos Cinéfilos: é possível unir o formalismo estético e surrealista de Jodorowsky, Carlos Reygadas ( e seu "Post Tenebras Lux") e Tarkovsky em um único filme? Viggo Mortensen, ousado, produz, protagoniza e compõe a trilha desse filme intransponível, uma saga interiorizada de um homem enlouquecido em busca de sua filha. Uma espécie de faroeste experimental na linha de "Rastros de odio", o filme narra a história de um Capitão dinamarquês, Gunnar (Mortensen), que segue com sua bela filha Ingeborg, de 15 anos, até a região de Jauja, nos pampas argentinos do Sec XIX. Nessa região da Patagônia, reza a lenda que existe uma espécie de El Dorado, ouro o suficiente para deixar as pessoas ricas. Mas diz-se que ninguém jamais conseguiu atravessar incólume o local. Gunnar proteje sua filha dos olhos de soldados e de inimigos presos, até que numa noite, ela resolve fugir com um jovem prisioneiro. Gunnar sai em seu encalço, atravessando a região mística. O filme trabalha com a questão do tempo e do espaço. O seu formato, 4:3, lembra uma foto de Instagram um pouco ais ampla nas laterais. Essa estranheza é acompanhada de forte formalismo estético: o filme não tem movimento de câmera, muito menos decupagem dentro de uma mesma cena. EM sua maioria planos abertos, que intensificam o verdadeiro protagonista do filme, a Patagônia, as pessoas ficam pequenas e quase não merecem closes. Quem assistiu a "Post Tenebra Lux", filme conceitual de Carlos Reygadas, talvez aceite o desfecho bizarro desse "Jauja". Caso contrário, muita gente irá sair irritada do filme. Mortensen está ótimo, com a loucura do personagem revelada em doses minimalistas. Porém, o filme em sua rigorosidade e com sua lentidão e planos extremamente longos, me causou extremo cansaço. Vale indicar? Para quem ficar impressionado com a beleza da fotografia e da região, com certeza. Se for apenas para assistir a um filme clássico narrativo, esqueça. Esse filme não é para você. Nota: 6

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