sábado, 31 de janeiro de 2015

Grandes olhos

"Big eyes", de Tim Burton (2014) Acertaram todos os críticos que falaram que Tim Burton trouxe a "Big eyes" a mesma homenagem tocante e melancólica que ele já havia realizado em "Ed Wood". Que filme sublime. Tim Burton sabe o que faz, e mesmo em seus filmes mais fracos, ele deixa sua marca autoral. Aqui, ele está novamente acompanhado de Danny Elfman, seu companheiro de trilhas sonoras, aqui compondo músicas encantadoras e que trazem muito da beleza do filme. Outro trunfo gigantesco: o fotógrafo francês Bruno Delbonnel, com quem já havia trabalhado em 'Dark shadows". Ele foi o responsável, entre outros, por "Amelie Poulain" e "Inside Lewis Davis". A direção de arte, figurino, maquiagem, tudo de nível altíssimo, ressaltando os Estados Unidos dos anos 60, principalmente San Francisco e Hawaii, magicamente transformados em locações de época. No Elenco, Amy Adams e Christoph Waltz estão extraordinários: carismáticos, melancólicos, humanos, mesmo na vilanice de Keane, conseguimos enxergar um homem comum que quiz sonhar em algo maior para sua vida. É um absurdo tremendo esse filme não ter sido indicado nas categorias do Oscar 2015. Nota zero pra Academia. O filme narra a incrível história real da pintora Margareth Keane. Em seu 1o casamento, Margareth foge com sua filha até San Francisco para começar vida nova. Ela tenta de tudo, até se dedicar à pintura, sua paixão. Em uma feira ao ar livre, onde ela expõe, ela conhece Michael Keane (Waltz), um pintor que se apaixona por ela. Ambicioso e egocêntrico, Keane enxerga na obra de Margareth sua chance de ser famoso: ele impõe um pacto para ela: ela faz as obras, e ele, com sua fama de vendedor de sucesso e de ser uma figura encantadora, assina os quadros. O resultado; os quadros são um tremendo sucesso com o público, apesar da execração da crítica especializada. Margareth sofre com o anonimato, e durante anos, ela se mantém quieta. Um cena no filme é emocionante, mas para quem tem a informação: na cena do parque ( foto em anexo), a idosa atrás de Amy é a verdadeira Margareth. Fiquei encantado com tudo no filme. É um filme muito bonito de se ver, de verdade. E o roteiro provoca uma raiva tão grande contra o personagem de Waltz, como nas boas novelas antigas. A mocinha sofre, sofre...e afinal, não é isso o que o grande público deseja no cinema? Uma nota especial para Waltz: ele personifica aquele figura tipicamente de filmes de Tim Burton: excêntrico, ansioso, falador. Podiamos todos imaginar Jonnhy Depp no papel, mas aqui Waltz incorpora bem o tipo. Está a um passo da caricatura, mas na cena do tribunal a sua performance é simplesmente brilhante e divertida. Quem for ao cinema em busca do tom fabulesco e sinistro de Tim Burton, vai se espantar e com certeza se deliciar com esse universo mais aterrador ainda: o ser humano. Nota: 9

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Leviatã

"Leviatã", de Andrey Zvyagintsev (2014) O cineasta russo já oefereceu ao seu público 2 pequenas obras-primas: "O retorno"e "Elena". Dois filmes tensos sobre relações familiares decadentes. A sua forma de narrar esse tema é através da dor, da incomunicabilidade. Não é diferente com "Leviatã". Vencedor do Prêmio de melhor roteiro em Cannes 2014, e Vencedor do Globo de Ouro de filme estrangeiro, o filme foi execrado pelo Governo Russo, que o achou com ideais contrários a o que o Governo deseja propagar mundo afora. Segundo o livro do cientista político Thomas Hobbes, o termo Leviatã significa "O governo central seria uma espécie de monstro - o Leviatã - que concentraria todo o poder em torno de si, e ordenando todas as decisões da sociedade." O filme é uma aterrorizante parábola sobre o mal que habita no Ser humano. Em "Relatos selvagens", tivemos o episódio com Ricardo Darin sobre um homem às voltas com a burocracia e corrupção e que acaba preso por tentar defender, da sua forma, o seu ideal sobre o que é certo e o que é errado. A diferença é que em Buenos Aires, vive-se uma democracia como regime político. Na Rússia, apesar do estado ser democrático, pelas lentes do filme, o regime comunista deixou marcas profundas no Estado e na sua relação com a população. Kolya é um mecânico, que mora com sua nova esposa e seu filho da relação anterior em uma casa construída por sua família, de frente para o Mar. O prefeito da cidade deseja tomar a casa para si, para ali construir uma mansão. Para poder se defender com mais força, Kolya chama seu amigo Dmytri, um advogado que vem de Moscou. Dmytri traz consigo um dossiê que incrimina o prefeito por fatos re;acionados ao seu passado. Porém, o que parecia uma causa favorável,ganha contornos absurdamente trágicos após um enlace de traição matrimonial, que levará o filme a um desfecho ao nível de um "Brazil, o filme", mas sem o seu humor negro. DIreção extraordinária, com enquadramentos, direção de atores soberba, condução de cena e marcação precisa. O roteiro merecidamente ganhou Cannes, e surpreende o tempo todo. O filme ameaça começar como um drama familiar, com certo humor, mas aos poucos vai ganhando dimensão de filme de terror, tal a loucura que vai se sucedendo. Confesso que fiquei irritado com certos personagens, tal a passividade deles. Mas o filme é isso, é essa crítica feroz a um Estado que coibe seus habitantes. A trilha sonora é do mestre Philip Glass, e a fotografia antológica, de Mikhail Krichman, que fotografou todos os filmes do Cineasta. Muitas cenas deslumbrantes, e a triste sensação de achar que o filme é uma ficção , mas está próximo demais à nossa realidade. Que atores, as cenas de bebedeira são extremamente críveis. Fico até na dúvida se não beberam de verdade. Só achei o filme longo, quase 2 horas e meia. Nota: 8

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Respira

"Respira", de Melanie Laurent (2014) Segundo longa da atriz Melanie Laurent, mais conhecida por ter atuado em "Bastardos inglórios" de Tarantino, é uma adaptação do livro de Anne Sophie Brasmer . O filme foi exibido na Semana da Crítica em Cannes 2014, e recebeu muitas críticas elogiosas. Constantemente comparado a "Azul é a cor mais quente", esse drama de suspense traz duas performances impressionantes de duas jovens atrizes. Charlie (Joséphine Japy) busca na escola o que ela não encontra em casa: paz. Seus pais vivem brigando, até que um dia, o pai sai de casa, após a esposa ter descoberto sua traição. Uma nova aluna chega na escola, Sarah (Lou de Laâge), e logo as duas viram as melhores amigas. Durante um passeio de fim de semana, Charlie sente uma atração por Sarah e ambas se beijam. Após um incidente, Sarah começa a se afastar de Charlie, que vai se consumindo na depressão. Charlie descobre um segredo de Sarah e essa passa a maltratar e provocar bullying em Charlie. Excelente direção de Laurent, que além de dirigir muito bem o elenco, aind atrouxe sofisticação aos enquadramentos do filme. Tem uma cena onde se revela um importante segredo da trama que é todo realizado em travelling lateral, muito interessante. É um filme estiloso, bonito, como um bom thriller noir moderno. auxiliado pela bela fotografia de Arnaud Potier. O roteiro vai surpreendendo, e a gente vai descobrindo aos poucos que o filme tem como tema a paixão e a obsessão. Um pouco de "Almas gêmeas", de Peter Jackson, mesclado ao suspense de "Mulher solteira procura", fazem desse filme um postulante a cult no gênero. Recomendado. Nota: 8

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Os últimos dias do Mundo

"Os últimos dias do Mundo", de Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu (2009) Os irmãos cineastas Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu adoram histórias sobre personagens que se reinventam. Foi assim em "Viagem aos Pirineus", o filme anterior a esse "Os últimos dias do Mundo", baseado no livro de Dominique Noguez. O filme narra a saga épica de Robinson (Mathieu Amalric), casado e com filha adolescente, que a 1 ano do mundo acabar, resolve ir com a família a Biarritz. Lá, ele conhece Laetitia, uma mulher estonteante e misteriosa por quem ele se apaixona. Ele se separa de sua esposa e resolve ir atrás de Laetitia, que desaparece. Ele segue então para Espanha, Sul da França, Hong Kong e quando se dá conta, já se passou quase 1 ano e o mundo está prestes a acabar. No caminho, ele conhece várias mulheres com quem se relaciona, incluindo um amigo seu, Theo ( Sergi Lopez), um cantor de ópera que nutre paixão platônica por Theo. Com belíssima fotografia e locações esplendorosas, o filme mescla vários gêneros e fica até difícil defini-lo: comedia de humor negro, romance, drama, ficção científica. Tudo com um tom altíssimo de erotismo e nudez total de boa parte do elenco. É um filme ousado e criativo, porém tanta liberdade resultou em um filme frio e sem identidade. Uma pena, pois tinha enorme potencial e o orçamento também parece ser bem generoso. Com longos 130 minutos, posso dizer que um corte de 40 minutos faria um bem enorme ao filme. Curioso é que em 2012 o cinema americano lançou "Procura-se um amigo para o fim do mundo", com Steve Carrel e Keira Knightley, que se parece bastante com esse aqui. Claro, erotismo zero e apostando mais na melancolia. Nota: 6

De volta ao jogo

"John Wick", de Chad Stahelski e David Leitch (2014) Estreantes na direção, os cineastas do filme na verdade são coordenadores de cenas de ação, os chamados stunt coordinator. John Wick (Keanu Reeves) é um ex-assassino de aluguel que trabalhava para a Máfia Russa. Ele abandonou o mundo do crime por amor. Porém, 5 anos depois sua esposa morre de doença terminal. Ela deixa para ele um cachorro. Um dia, John esbarra acidentalmente com o filho de seu ex-patrão, Iosef ( Alfie Allen, o Theon de "Game of Thrones"). Alfie rouba o carro de John e mata o cachorro. John só pensa em uma coisa agora: vingança. O filme abusa de extrema violência, com muito tiros à queima roupa na cara, facadas no pescoço e outros assassinatos escandalosos. Mas tudo isso num ritmo de desenho animado, ensandecido, com uma mescla louca de ação, melodrama, comédia de humor negro e testosterona. Keanu Reeves dá uma fortalecida em sua carreira com esse filme, após sucessivos fracassos com filmes bem medianos. Aqui, mesmo não sendo nada original, chama a atenção por seu olhar totalmente estilizado, no nivel talvez de um 'Drive" ou de cults dos anos 80, como "Viver e morrer em Los Angeles". No elenco cult, temos ainda Michael Nyqvist, o mocinho da versão original de "O homem que não amavam as mulheres", aqui interpretando o chefão da máfia, e Willen Dafoe, no papel de um assassino de aluguel. Nesse universo somente habitado por homens, cabe espaço para uma bandidona masculina, Ms Perkins, deliciosamente interpretado por Adrianne Palicki. O filme acaba sendo um imenso videogame onde sai bandido de tudo quanto é lado para acabar com o mocinho. Já vimos isso mil vezes, mas aqui tem um charme extra que merece ser descoberto. John Wick pode não ser James Bond. Mas diverte. Nota: 7

domingo, 25 de janeiro de 2015

A hora da estrela

"A hora da estrela", de Suzana Amaral (1985) Realizado em 1985, baseado no livro de Clarice Lispector, o filme abocanhou vários prêmios, entre eles 5 em Brasília e o Urso de Ouro de melhor atriz para Marcelia Cartaxo. 30 anos depois, o filme mantém sua força e beleza, através da triste historia de Macabéa, uma mulher simples da Paraíba que sela seu destino simplesmente porquê ousou ser feliz e sonhar. MIgrando para São Paulo, vinda da Paraíba, Macabéa é órfã e precisa aprender a ser esperta para sobreviver na selva de pedra. Mas ela é tímida, inocente, ignorante, pacata e em suas palavras, "nortista, virgem e gosta de Coca-Cola". Nessa sua simplicidade, ela encontra um emprego como datilógrafa e divide um quarto de pensão com outras 3 mulheres. Tudo em sua vida está um caos, mas ela administra tudo com muita simplicidade e sem pressa. Sua única amiga é Glória ( Tamara Taxman), colega fogosa do trabalho. O Sonho de Macabéa é ser atriz de cinema e casar. O príncipe encantado vem na figura de Olímpico ( José Dumont), metalúrgico perverso que maltrata Macabéa ao perceber que ela é mais ignorante do que ele. O filme ainda reserva uma participação antológica de Fernanda Montenegro como uma cartomante charlatã, O grande trunfo do filme são os 4 atores citados, todos maravilhosos e em momentos especiais em suas carreiras. Os diálogos também são inspiradíssimos: cruéis, divertidos, secos. A fotografia de Edgar Moura intensifica as cores de São Paulo através do ponto de vista de Macabéa: ora colorido, ora escuro e triste. A direção de Suzana Amaral aposta na simplicidade, e nesse caso, o foco são os atores. A trilha sonora somente erra no desfecho, na hora do carro se aproximando. Ela antecipa algo que irá acontecer, o que estraga a surpresa. É um filme que nos deixa triste, pela falta de perspectiva, pelo pessimismo, pela quebra do lúdico, pela tragédia humana que enfrentamos no dia a dia. Sonhos que se rompem, tempo que passa incólume. Nota: 9

Os pinguins de Madagascar

"Penguins of Madagascar", de Eric Darnell e Simon J. Smith (2014) O animador Eric Darnell, que dirigiu os outros 3 filmes da franquia "Madagascar", se juntou a Simon J Smith para juntos, realizarem esse spin off da série. Pegando o núcleo de maior sucesso do desenho, que são os 4 pinguins. eles pegam carona no final do filme 3, que é a confusão no circo, e dali começam o seu filme. Rico, Kowalski, Soldado e Skipper tentam salvar o mundo das mãos do Dr Octavius ( na voz de John Malkovich), que possui um elaborado plano de vingança. O desenho começa com um prólogo que mostra a juventude do grupo de pinguins e como eles se conheceram. Essa é das partes mais divertidas. Depois, o filme vira uma aventura muito maluca cheia de acido nos roteiristas, que inventaram até uma Patrulha do Vento norte, que é formado por 4 animais que tentam salvar os animais desamparados do mundo. O filme pega de leve uma carona na animação "Rio", ao mostrar o Rio de Janeiro em uma breve cena. O que o filme tem de melhor, é o inegável carisma dos 4 pinguins, divertidos em suas maluquices. Às vezes nos deparamos com alguns diálogos inspiradíssimos, quando o vilão chega pros seus assistentes e grita: "Drew, Barry, More power!". Se alguém vai entender, não sei, mas aí que reside a inteligência dos dialoguistas. Um dos maiores pecados do filme é a sua duração, longa para um filme que pretende conquistar a criançada: quase 100 minutos. Por conta disso, o filme perde o ritmo em algumas momentos. Nota: 7

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Amor, plástico e barulho

"Amor, plástico e barulho", de Renata Pinheiro (2013) Premiado em vários festivais, o longa de estréia da Diretora de Arte, Artista plástica e super premiada curta-metragista com o filme "Superbarroco" invade o Universo do tecnobrega pernambucano com muita propriedade. Usando a cafonice do gênero musical como pano de fundo ( e também como elementos de fotografa e direção de arte, geniais), Renata Pinheiro evoca o clássico "A malvada"para mostrar a amizade e rivalidade entre duas mulheres, famintas pela fama e dinheiro. Jaqueline (Maeve Jinkings, de "O som ao redor") é uma cantora decadente de uma banda de tecnobrega. Brigona e temperamental, ela tem crises de ci;umes e depressão or achar que seu tempo está se esgotando. Para piorar, a dançarina do grupo, Shelly ( Nash Laila, de "Deserto feliz" e "Tatuagem") deseja um dia cantar em uma banda. A busca da fama e sucesso provoca rusgas e traições com os homens que surgem na vida delas: cantores, produtores, etc. O filme lembra demais o clima de "Tatuagem", muito por conta do ator Rodrigo Garcia, que aqui interpreta um coreógrafo homossexual, na mesma palheta e energia de sua Paulette em Tatuagem". O mundo artístico, o preconceito da mídia, a especulação imobiliária, o emburrecimento da população, o sexo e a tragédia são temas recorrentes do CInema pernambucano. E eu, como profissional de Cinema e Tv e cinéfilo, me espanto a cada dia mais: de onde vem toda essa fúria, essa provocação e talento dessa galera pernambucana? Cineastas, atores, roteiristas, músicos, etc. Esse Cinema de contestação é um grande motivador do Cinema de arte no Brasil, que eleva a Cultura a um nível assombroso.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O ano mais violento

"A most violent year", de J.C. Chandor (2014) Dirigido pelo cineasta de "Até o fim", filme com Robert Redford onde ele interpreta um homem tentando sobreviver quando o barco aonde ele está se encontra naufragando. Esse mesmo tema parece se repetir agora em "O ano mais violento". 1981 foi o ano mais violento que Nova York teve notícia. Corrupção, assassinatos, assaltos, tudo acontecia de forma descarada, através de brigas entre gangues ou até mesmo corrupção de políticos e policias. Abel ( Oscar Issac, de "Inside Lewis Davis") interpreta um imigrante ambicioso, casado com a filha de um gangster, Anna (Jessica Chainstain). Ambos são ambiciosos, e tentam da melhor forma entrar na disputa pelo mercado de combustíveis. Porém, os caminhões de abastecimento de Abel estão sendo assaltados. Ele procura descobrir quem está por trás disso, mas esbarra na burocracia e corrupção de policiais, concorrentes e mafiosos. Fora isso, Anna, uma leoa furiosa, tenta manter a estrutura familiar intacta, brigando contra todos que querem destrui-los. Tentando criar uma atmosfera semelhante a "O poderoso chefão", J C Chandor falha ao construir uma narrativa sem ritmo, entediante e cujo roteiro nunca se aprofunda, apenas narrando de forma fria o desenvolvimento de seus personagens. Confesso que as mais de 2 horas do filme me frustraram bastante. Não simpatizei com os personagens, achei Oscar Issac muito maneirista e querendo ser cópia de Al Pacino no filme do Copolla. Jessica Chainstain está ok, mas já vimos coisas bem melhores dela. O Figurino, direção de arte e maquiagem estão ok reproduzindo com desenvoltura a atmosfera de 1981. A fotografia de Bradford Young ( de "Selma" ) é bonita, e a curiosidade é que ele é dos poucos fotógrafos negros em atividade nos Eua. Para mim, o ponto alto do filme é a trilha sonora de Alex Ebert, que realizou também de "Até o fim". Uma pena que o filme seja tão pouco sedutor e muito frio narrativamente. pelo trailer, prometia muito suspense, mas que no filme, inexiste. Nota: 6

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Escobar: Paraíso perdido

"Escobar: Paradise lost" de Andrea Di Stefano (2014) Filme de estréia do ator italiano Andrea di Stefano, que também escreveu o roteiro. O filme é um curioso drama que utiliza a figura do mais poderoso traficante de drogas de todos os tempos Pablo Escobar como coadjuvante em uma história de amor e redenção trágicos. Nico ( Josh Hutcherson) é um surfista canadense que segue com seu irmão para a Colômbia no ano de 1983. Eles encontram um paraíso na beira da praia, e resolvem montar as cabanas onde irão morar. Porém, um grupo de capangas de chegam ao local e dizem que a terra pertence a Escobar. Nico acaba conhecendo por um acaso a sobrinha de Escobar, Maria, e ambos se apaixonam. Tanto Nico quanto Maria desconhecem a verdadeira identidade do traficante. Nico abandona a vida com seu irmão e vai morar na fazenda de Escobar. Durante anos, acaba trabalhando para ele e continua com ele, mesmo sabendo dos seus negócios escusos. Passados 8 anos, Escobar resolve se entregar, mas antes convoca 6 de seus homens e propõe tarefas para cada um deles. Para Nico, a missão é levar carregamentos para determinado local e matar o seu acompanhante. Confesso que não gostei dessa mistura de duas tramas no filme, sendo que a mais complexa, de Escobar, fica relegada a codjuvante. O drama de Nico é aquele clichê do cara bacana que descobre tardiamente que se meteu em furada e que vai se arrependendo de todos os seus atos. Quanto a Escobar ( Benicio del Toro, excelente), restam os estereótipos da figura pública que ele era: devoto à sua família e igreja, promovendo altas festas, mas no fundo, um assassino cruel e frio. Sao 3 as razões de se ver ao filme: 1) O elenco. Além de Del Toro, Hutcherson também coloca força na figura de Nico, mesmo que o personagem seja previsivel. Mas quem rouba a cena mesmo é um jovem ator que interpreta o acompanhante de Nico. 2) A trilha sonora de Max Richter, que compôs "Valsa para Bashir". Emocionante. 3) A fotografia de Luis David Sansans. Estonteante e valorizando as locações e as cores da época, anos 80. Uma pena que o roteiro não tenha aproveitado melhor um personagem e uma atuação tão perfeita de Benicio del toro. A gente fica com gosto de quero muito, muito mais. A trama de Nico não chega aos pés da de Escobar. Ainda mais na pele de del Toro. Um grande desperdício. A produção impressiona em cenas grandiloquentes, como na chegada de helicóptero na fazenda de Escobar. Porém, faltou tesão ao filme. Ficou frio. Nota: 6

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Catch Hell

"Catch hell", de Ryan Philippe (2014) Em meados dos anos 90, um jovem galã surgiu me Hollywood e conquistou fãs mundo afora: bonito, gente boa, e que logo depois se casou com a queridinha da América da época, Reese Whiterspoon. Seu nome era Ryan Philippe. ele nem é nem ator, mas seu carisma garantiu ótimos sucessos de bilheteria: "Segundas intenções", Eu sei o que vocês fizeram no verão passado", "Studio 54", "Assassinato em Gosford Park". Mas ele também fez muito filme ruim, e acabou que sua carreira parecia estar se acabando. Agora, ele surge com 4 funções em "Catch hell": Diretor, ator, produtor e roteirista. A máxima é: já que não te chamam, produza o seu próprio projeto. Fazendo praticamente uma auto-paródia de sua vida, Ryan interpreta Reagan, um jovem ator decadente de Hollywood, à espera de uma grande chance de brilhar de novo. essa chance parece vir através de um convite para protagonizar um filme independente em Louisiana. Seu agente o incentiva, e Reagan aceita, Chegando lá, no entanto, ele é sequestrado por 2 homens. Motivo do sequestro: Reagan teria eduzido a mulher de um deles. Daí em diante, Reagan tenta lutar pela sua vida, enquanto leva porradas, ameaças de mordidas de crocodilo e pior: estupro. Bom, o que era para ser um veículo para fazer ressurgir a carreira de Ryan, infelizmente parece ter sido um tiro pela culatra. O roteiro é tosco, o filme é sem ritmo. A direção procura ter algumas cenas estilizadas, mas no geral sôa convencional. Ryan não convence nas cenas de pancadaria e sofrimento. O melhor do elenco, é Stephen Louis Grush, que interpreta Junior, um dos sequestradores. Ele está ótimo no papel do porra louca. O filme ainda procura brincar com o culto às celebridades através de redes sociais, e quem sabe, fazer um alerta aos famosos de que devem maneirar as suas postagens. Para a felicidade de Ryan, o tempo não chegou para ele. Ele continua com a mesma cara de adolescente, quando chegou às telas adolescente. Impressionante. Nota: 5

A vingança dos dragões verdes

"Revenge of green dragons", de Andrew Law e Andrew Loo (2014) Co-produção Estados Unidos e China, esse drama de ação mescla elementos de "Scarface", "O ano do dragão" e "Os bons companheiros". Acrescente a esses dados o fato de um dos Diretores, Andrew Law, ter dirigido "Conflitos internos", o filme de Hong Kong de 2002 que Martin Scorsese refilmou chamando de "Os infiltrados". Scorsese atua como Produtor executivo desse filme, e a presença dele e do ator Ray Liotta fica mais clara com todas essas informações. Infelizmente, com tantas boas referências, o filme é ruim. Clichê atrás de clichê, o filme se baseia em um artigo do New York Times publicado nos anos 90 sobre gangues de chineses que atuavam em Chinatown. O filme narra a história de Sonny e Stephen, dois chineses que chegam de Hong Kong para Nova York, junto de uma leva enorme de imigrantes chineses. Imediatamente eles são absorvidos pela máfia chinesa para trabalhar em restaurante. Após um evento, os dois garotos são obrigados a integrar uma gangue chamada "Dragões verdes". Eles lutam contra outras gangues e também evitam encrenca com a polícia. Os anos se passam, e Sonny e Stephen querem subir na hierarquia do grupo. Para isso, precisam lidar com traições e intrigas internas. Não fosse filmado em NY, o filme poderia perfeitamente ser mais uma produção de Hong Kong. A direção , por incrível que pareça, é tosca, com cenas grosseiras de ação e de drama, sempre exagerando no melodrama. A fotografia é cheia de filtros, o que em muitos momentos me incomodou porquê soou estilizada demais. Os atores são medianos, incluindo Ray Liotta, que está no automático. O Diretor e roteirista Andrew Law, assim como em 'Conflitos internos", procura dar uma reviravolta na trama logo no desfecho. Mas não surpreende. Parece forçado. Harry Shum Jr, que interpreta Mike Chang em 'Glee", infelizmente fica totalmente sem carisma no papel do mafioso Paul. Ele não tem força dramática, muito menos o talento de Al Pacino em 'Scarface". A ambientação de New York anos 80 no filme nem é algo surpreendente. Frustrante e entediante. Nota: 4

sábado, 17 de janeiro de 2015

Depois da chuva

"Depois da chuva", de Cláudio Marques e Marília Hughes (2013) Vencedor de vários prêmios Internacionais e nacionais ( Em Brasília, venceu melhor ator, roteiro e trilha sonora em 2014), "Depois da chuva"é um filme autobiográfico do roteirista e diretor Cláudio Marques. Fiquei impressionado com a semelhança temática e estética entre esse filme e "Tatuagem", de Hilton Lacerda, e depois percebi que o fotógrafo é o mesmo, Ivo Lopes Araújo. Ambos os filmes falam sobre inquietação de uma geração devastada pela ditadura militar, e que quer e precisa botar o que sente internamente para fora, e fazem isso através das artes. Em 'Depois da chuva", o filme mostra uma juventude adolescente que mora em Salvador, Bahia, no ano de 1984. Entre as eleições para a diretas já, essa garotada cresceu sobre as sombras da ditadura militar. Agora, com a possibilidade de se ampliar a liberdade, eles resolvem fazer votação no grêmio estudantil. Essa metáfora clara sobre liberdade e anarquia corre paralelo com a história do protagonista Caio, um jovem insatisfeito, que descobre ao mesmo tempo o gosto pela luta política e a descoberta do amor. Vive com uma mãe que sonha sempre com fantasias Hollywoodianas, enquanto o País cai em desgraça por conta da alta inflação, morte de Tancredo Neves, Avanço do vírus da aids, etc. O filme começa muito bem, e recria de forma criativa os anos 80 de forma sem ser clichê. Porém, do meio pro fim, o filme ganha um forte peso existencialista, que torna o filme lento, arrastado. Os pontos positivos, além da fotografia, é o elenco de atores desconhecidos que manda bem, e principalmente, um filme ambientado na Bahia e que não faz questão de ser cartão postal. Se não fosse o sotaque, o filme poderia ter sido ambientado e situado em qualquer outro lugar do País. Nota: 7

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Tusk

"Tusk", de Kevin Smith (2014) Assistindo ao filme, 3 perguntas ficam no ar: 1) O que aconteceu com a promissora carreira do cineasta Kevin Smith? 2) O que aconteceu ao Haley Joel Osment ( o menino de "O sexto sentido")? 3) O que Jonnhy Depp está fazendo nesse filme? Kevin Smith no início dos anos 90 prometia ser a salvação do cinema independente americano. Com filmes de baixo orçamento , porém de roteiros espertos e personagens cults, ele arrematou fãs mundo afora. "O balconista"e "Procurando Amy"se transformaram em cults imediatamente. Mas sabe-se lá porquê, Smith nos últimos anos enveredou pelos filmes B totalmente trash. Seu penúltimo filme, "Seita mortal"era ruim demais, esse agora, "Tusk", já ganhou votos em várias listas como um dos piores filmes de 2014. O outrora garoto Haley Joel Osment agora veio em versão obesa, decadente e sem sal. E Jonnhy Depp..bom, Jonnhy Depp não sei se é amigo de Kevin Smith, mas o seu personagem, obviamente um tipo estranho, é patético e constrangedor. Um detetive francês à la Pantera cor de Rosa, chamado de Guy Lapointe. O personagem havia sido oferecido a Tarantino, que percebeu de cara roubada e espertamente declinou. Depp precisa urgente rever suas amizades também. O filme é um arremedo de filmes B antigos, tipo "A mosca da cabeça branca", revigorada com tintas grotescas de "A centopéia humana". A história gira em torno de Wallace ( Justin Long), que junto de Teddy ( Osment), possuem um podcast numa rádio independente ( um paralelo de Kevin Smith e seu amigo que possuem um podcast cinematográfico, aonde narram histórias bizarras. Foi em um desses podcasts que saiu a idéia do filme). O Podcast tem como tema virais distribuidos por nerds, e os 2 avacalham esses videos. Wallace acaba indo até o Canadá para visitar um dos autores de um dos vídeos, mas chegando lá descobre que ele se matou. Frustrado, ele acaba conhecendo por um acaso um homem sinistro que mora em uma mansão distante. O Homem conta uma história sobre uma morsa que o salvou de um naufrágio. Wallace acaba dormindo e quando acorda, descobre que está mutilado e que o homem deseja transformá-lo numa morsa humana. Enquanto isso, sua namorada Ally e Teddy viajam até o Canadá para descobrir o sumiço de Wallace. Tosco, com péssimos efeitos e uma história ruim de dar dó, Kevin Smith procura chamar a atenção do público nerd que talvez pudesse abraçar esse seu projeto. Mas nos Eua, ninguém viu, o filme foi um fracasso e em vários lugares foi direto para dvd. Assistir ao filme é doloroso, no sentido de se presenciar a derrocada de um grande artista que sabe-se lá porquê, se perdeu, e parece regredir aos tempos de faculdade, quando a gente podia fazer o que quisesse que ninguém nem estava aí pra nada. Além de tudo, o filme é longo e sem ritmo. Se dá para rir? Talvez de uma ou outra cena, mas mais pela tosquice mesmo. Nota: 4

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Invencível

"Unbroken", de Angelina Jolie (2014) Que injusta a crítica do Jornal "O Globo", que colocou o boneco dormindo. A Folha de São Paulo, reconhecidamente mais exigente, conferiu um "ótimo" para o filme. Baseada na biografia de Louis Zamperini, o filme de Jolie emociona com sua história inacreditável de luta e esperança promovida pelo atleta olímpico americano, de descendência italiana. O filme lembra bastante o polonês "Filhos da guerra", de Agniezka Holland, e também "Furyo", de Nagisa Oshima. Do primeiro, vem a história mais inacreditável que pouquíssimo roteiristas conseguiriam criar, tal os absurdos da trama. De "Furyo", vem a guerra emocional, cultural, entre um americano e um japonês: uma luta de foice, de galo de briga, de poder e de honra. Louis Zamperini ( o australiano Jack O'Connell, de "71", extraordinário, esnobado pelo Oscar) é um jovem que nasceu arruaceiro, e através de seu temperamento, ele conseguiu chegar aos jogos olímpicos como maratonista. Lutando na 2a guerra, o avião onde ele está sofre um acidente e ele cai no Oceano Pacífico, junto de 2 outros colegas. Eles passam quase cinquenta dias no mar, até serem resgatados por uma esquadra japonesa que os leva até o Japão como prisioneiros de guerra. No campo de concentração, sofrem o cão sob o comando do Oficial Watanabe, que resolve usar Zamperini como bode expiatório para tudo. A direção de Jolie é segura e corajosa. Curioso como ela, em seu 2o filme, mantém os temas da morte e violência durante uma guerra. Assim como em "In the land of blood and honey", ela descreve cenas de horror, torturas, angústias e muito sofrimento físicio e mental. Angelina se cercou dos melhores profissionais em cada área para lhe dar segurança: no roteiro, os irmãos Coen; na fotografia, o mago Roger Deakins; no elenco, Jack O'Connel; na trilha sonora, Alexandre Desplat e entre outros, convidou a banda Coldplay para compôr a música tema, "Miracles". É um filme forte, muitas cenas dão agonia extrema de se assistir. Mas quem se envolve e se empolga com histórias de perseverança e destino, irão se emocionar com essa aventura. Belíssimas imagens, ótima construção de narrativa. Fosse um Diretor mais conceituado, o filme receberia louros. Mas sendo Angelina, com certeza, fica uma ponta de inveja grande e de pouco caso com essa grande estrela de Hollywood que prova que sabe mais do que ser um rosto bonito. Nota: 7

Livre

"Wild", de Jean-Marc Vallée (2014) Adaptação cinematografica da biografia de Cheryl Strayed, uma jovem que em 1995 resolveu passar 3 meses fazendo uma peregrinação que começava no Deserto de Mojave até a fronteira do Canadá. Essa viagem de auto descoberta aconteceu como uma limpeza espiritual: Cheryl perdeu sua mãe de 45 anos, morta de câncer, e ela se remoía de remorso por não ter dado atenção a ela. Após a morte da mãe, Cheryl entrou em profunda depressão, se afundando em heroína, sexo livre e todo tipo de doideiras, até que resolveu parar com tudo e repensar sua vida. O filme lembra bastante "Na natureza selvagem", outra adaptação de livro de memórias, dirigido pro Sean Penn. Acho muito interessante a trajetória de Reese Witherspoon como atriz e produtora. Ela comprou os direitos de "Gone girl", mas David Fincher a aconselhou a não fazer o papel e ela ficou apenas como produtora. Mas aqui em "Wild", ela fez questão de protagonizar e convidou o diretor de "Dallas buyers club" para dirigi-la. Muitos atores querem sair de sua zona de conforto, e Reese apostou nisso: Fica nua, transa, toma heroina, grita, chora, esperneia, sofre. Claro que tudo isso bem dosado e pensado, pois ela é ainda uma atriz Hollywoodiana e não pode romper de forma tão radical como Jared Leto ou Leandra Leal. Mas já é um passo. Ela está ótima, apesar do rosto dela tão angelical ainda nos traga lembranças de outros filmes que ela fez. O filme tem uma belíssima fotografia, e até mesmo em sua estrutura ele lembra "Into the wild": os constantes flashbacks costurados com a narrativa. A trilha sonora é recheada de clássicos pop. Laura Dern, no papel da mãe, está ótima. Um filme delicado, longo e até um pouco cansativo. Mas não deixa de ser algo interessante dentro do marasmo comercial do cinema americano padrão. Vale ser visto pela sua beleza. Nota: 7

Redirecionado

"Redirected", de Emilis Velyvis (2014) Divertido filme de gangster Lituânio, com co-produção da Inglaterra. Na verdade, é impossível assistir a esse filme e não achar que ele tenha sido dirigido por Guy Ritchie. Todos os seus cacoetes estão lá. Anti-heróis, bandidos trapalhões e violentos, câmeras lentas, enquadramentos inusitados, trilha sonora com música pop, ciganos, putas, vigaristas, padres safados. O filme é uma montanha russa de emoções tão desenfreada, que chega uma hora que dá até uma canseira de tanta coisa acontecendo. Em Londres, 3 amigos montam um esquema com um bandido de assaltarem um Casino clandestino. Os amigos acabam chamando um o amigos que desconhece o plano, afinal, ele é Guarda da Rainha. Durante o roubo, a quadrilha de bandidos jura matar a todo o bando. Eles fogem com o dinheiro para a Islândia, mas durante o vôo um vulcão entra em erupção e eles precisam descer na Lituânia. Chegando ali, eles se envolvem com todos os tipos de bandidos e vigaristas, culminando inclusive com a chegada da quadrilha que quer matá-los. Não fosse esse filme produzido pela própria Lituânia, o país teria entrado com mil processos por difamação do país. Pelo filme, todos ali são bandidos e ninguém é confiável. Uma imagem pior que a do filme de terror "Hostel". A direção é esperta, o roteiro é bem dinâmico, mas dá uma canseira, porquê entra tanto personagem novo e são tantas as situações paralelas e quiprocós e maus entendidos, que no final tudo parece armado demais e todo costurado para provocar o vaudeville. O elenco é o melhor de tudo: misturar ótimos atores ingleses com topos bizarros lituanos é muito engraçado. Para quem adora achincalhe cultural, esse filme é um prato cheio. Muita esculhambação, sexo tosco, cenas grotescas e piadas infames. A fotografia é ótima e as músicas também. O filme foi um grande sucesso na Lituânia e com certeza, o filme local de maior projeção mundo afora. Nota: 7

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O jogo da imitação

"The imitation game", de Morten Tyldum (2014) Baseado no livro "Alan Turing, um Enigma", de Andrew Hodges , que também escreveu o roteiro, o filme dirigido por Morten Tyldum em certos aspectos lembra bastante "Uma mente brilhante", de Ron Howard. São filmes que falam de um homem honrado, gênios da matemática, mas que possuem segredos. No caso de Alan Turing, ser homossexual, fato proibido na Inglaterra. O homossexual era preso e punido. O cineasta norueguês Morten Tyldum é diretor do excelente filme de ação 'Headhunters". Em "O jogo da imitação", ele cria a cinebiografia de Alan Turing com tintas de filme de espionagem clássico. Turing, um excelente matemático e decodificador de enigmas e de criptologia, foi convidado em 1939 a liderar um grupo de brilhantes matemáticos e decodificadores ingleses a tentar descobrir uma forma de decodificar as mensagens alemães interceptadas. Eles devem usar o Enigma, uma espécie de máquina de escrever feita especialmente para decifrar os códigos, porém as possibilidades são de milhares para um. Turing acaba criando um protótipo de computador, que ele apelidou de Christopher, nome de um colega de escola por quem ele foi apaixonado. O filme mostra a sua relação com Joan (Keira Knightley), a única mulher do grupo, e quem ele usou como fachada para sua homossexualidade e com o restante do grupo, que o acusa de ser frio demais e insensível. Brilhante atuação de Benedict Cumberbatch, que tem uma carreira bem eclética: já foi Khan em 'Star Trek". Sherlock Holmes na série inglesa e até a voz de Smaug em "O Hobbit". Aqui, ele atua nos olhares, sofrendo, seduzindo, criando, compondo, desconfiando. Tudo sutil e de forma econômica, como os atores ingleses fazem muito bem. Keira Knightley empresta charme ao filme, quase todo de elenco masculino. A direção de Morten Tyldum é competente, mas também não tira um pouco do ranço de filme histórico. A trilha sonora de Alexander Desplat é bonita, e a fotografia de Oscar Faura, fotógrafo espanhol famoso por "O orfanato" e "O impossível" é clássica e arrebatadora. Um filme correto, que não chegou a me emocionar, a não ser pelo trabalho do protagonista. Típico filme para concorrer em Oscar. Nota: 7

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Cake- Uma razão para viver

"Cake", de Daniel Daniel Barnz (2014) Ah, esse é o tão falado filme da Jennifer Aniston onde ela dá a volta por cima e se entrega para um poderoso papel dramático? Bom, é assim que o filme está sendo vendido. Ela de fato está bem. Mas o problema é que o seu personagem é tão pouco carismático, tão anti-heroína, que quando o roteiro resolve dar a volta por cima nos últimos cinco minutos de filme, já era, o filme já foi e não existe mais salvação para Claire, personagem de Aniston. Aliás, o roteiro é um dos grandes problemas do filme: previsível, tentando dar aquela virada nos últimos momentos, botando personagens demais que vão entrando e saindo do filme assim do nada, somente pata elucidar um ou outro fato mais nebuloso. Claire entra para um grupo de autoajuda para pessoas depressivas. Ela sofreu um acidente de carro e desde então sente dores horríveis no corpo. No grupo, ela descobre que uma das participantes , Nina ( Anna Kendrick) se suicidou. Ao dar um depoimento sincero, Claire é expulsa do grupo. Porém, o fantasma de Nina surge para Claire e a induz para que também se mate. Claire tenta, mas não consegue. Ela tem o apoio de sua empregada, Silvana ( Adriana Barraza, de novo no papel de doméstica). Um dia, Claire resolve visitar sua casa antiga, e descobre que quem mora nela é o ex-marido de Nina, Roy (Sam Worthington), que está puto da vida pelo fato da esposa ter deixado o filho de 4 anos aos seus cuidados. Entre Claire e Roy surge uma relação estranha entre duas pessoas depressivas. Se o filme é bom? Hum, é passável. Mas qual o principal problema dele? A indecisão e a crise de identidade de se definir como drama, comédia romântica ou filme fantástico. Acaba virando uma grande salada que fica entediante e até indigesta. Xaropada chique e bem embalada, adornada por ótimos coadjuvantes, mas que entram e saem sem mais nem menos. A cena de Willian H. Macy é para espectadores burros que precisam que tudo tenha que ser mastigado, senão elas não conseguem captar a mensagem. Sessão da tarde regada a rivotrils e afins. O sub-título brasileiro colabora para a impressão de novelão mexicano. Nota: 6

domingo, 11 de janeiro de 2015

Tangerinas

"Mandariinid/Tangerines", de Zaza Urushadze (2013) Filme Estoniano, finalista no Oscar e no Globo de Ouro para filme estrangeiro, é uma linda fábula anti-belicista. O tempo todo o filme me lembrou o tempo todo do israelense "Lemon tree", sobre uma viuva palestina que é obrigada por um Ministro de defesa de Israel a liberar espaço em suas terras para o exército israelense. Em "Tangerinas", o filme se passa em 1990, durante a Guerra entre Estonianos e Georgianos, que lutam pelas terras. Os estonianos são cristãos, es georgianos, muçulmanos. Na região de Abkhazia, a população toda fugiu para a Estônia, com exceção de Ivo e Margus. O primeiro é um carpinteiro, e o segundo, um plantador de tangerinas. Margus somente quer ir embora após colher toda a plantação. Um dia, durante um embate entre georgianos e estonianos na frente da casa de Ivo, sobrevive um soldado de cada facção. Ivo, uma figura humanista resolve acolher os 2 em sua casa. Feridos, os 2 se odeiam, e prometem que, assim que estiverem bem, vão se matar. Mas a medida que o tempo passa e o convivio entre os dois parece impossível, Ivo ensina aos dois lições de humanismo que faz com que eles mudem aos poucos os seus pensamentos. Mas soldados surgem na porta da casa de Ivo. Quem eles estão procurando? Esse é daqueles filmes que emociona, apesar da aparente ingenuidade na sua mensagem de paz ( tão comum nos filmes israelenses ou palestinos que procuram trazer a paz para os dois lados). Mas vale pelos excelentes atores, todos comoventes, e pela linda trilha sonora, que parecem musicas compostas para lamentos medievais. Um filme curto ( menos de 90 minutos), uma raridade nesses tempos de filmes de mais de duas horas de duração. Nota: 8

Quando os animais sonham

"Når dyrene drømmer/When animals dream" . de Jonas Alexander Arnby (2014) Filme de estréia do cineasta dinamarquês Jonas Alexander Arnby, essa fábula de horror tem muita semelhança com o cult sueco "Deixa ela entrar". Além de serem filmes escandinavos, e terem uma puta fotografia, falam do tema do despertar sexual de uma adolescente. No caso de 'Deixa ela entrar", a metáfora vinha do fato dela ser uma vampira e precisar de sangue. Aqui, é uma jovem que descobre aos poucos que ela está se transformando em uma lobisomen e que faz parte de uma linhagem. Ao despertar sexualmente, não há mais volta: ela precisará se alimentar de carne humana. Marie tem 19 anos, e mora cm seus pais em uma vilarejo pesqueiro da Dinamarca. Sua mãe está em uma cadeira de rodas e em estado vegetativo ( e mais tarde saberemos o porquê). Seu pai toma conta das duas. Marie vai trabalhar em uma peixeira e sofre todo tipo de bullying por parte dos funcionários. Mas aos poucos ela descobre que seu corpo está mudando. E seu pai se preocupa. Porém, a população já tomou ciência do fato e resolve tomar uma atitude. Filmado como se fosse um filme de arte, com ritmo lento, belíssimos enquadramentos e composição de personagens sofredores e angustiados, como convém a um filme dinamarquês, o filme é uma grata surpresa que reserva um final à la Frankestein. O gênero de horror é apreciado no mundo inteiro, tanto que esse filme participou do Festival de Cannes 2014 na Mostra 'Semana da crítica". O que se precisa fazer no Brasil é um terror de qualidade, com bom roteiro. Curiosidade: Lars Mikkelsen, que interpreta o pai da protagonista, é irmão do famoso Mads Mikkelsen, de "A caça". Os efeitos, sutis, cumprem a função de um filme de baixo orçamento sem passar vexame. Nota: 7

Caminhos da floresta

"Into the woods", de Rob Marshall (2014) E a sensação de estar assistindo a um filme de Tim Burton produzido pela Disney persiste do primeiro ao último fotograma. Impossível não se fazer essa associação ao se deparar com a fotografia escura, a atmosfera lúgubre, os personagens sem caráter e bizarros, os tipos estranhos, o tom de fábula de horror. E olha que Burton já teve o seu "Alice no Pais das maravilhas" produzido pela própria Disney. Só que aqui, a direção ficou a cargo de Rob Marshall, famoso por "Nine", Chicago" e "Memórias de uma gueixa". Infelizmente, Marshall pegou um excelente material, que era o musical da Broadway com músicas de Sondheim, e fez dele um filme insosso, chato. A Disney já a algum tempo está a fim de subverter os contos de fada. Foi assim em "Malévola", e agora prossegue com essa aventura anárquica, que parece um arremedo de "Shrek". O filme pega 4 contos famosos de Grimm e os mistura"Chapeuzinho vermelho, João e o pé de feijão, Rapunzel e Cinderala. Quem costura essas histórias é um casal de padeiros sem filhos. Por conta de uma maldição, o casal é estéril. A bruxa interpretada por Meryl Streep surge pro casal e diz que a única forma de quebrar o encanto é eles trazerem para ela a capa vermelha, o cabelo de Rapunzel, a vaca branca de João e o sapato de CInderela. Assim, o casal subverte as famosas histórias que ganham um outro desfecho. Após o suposto final feliz, surge a esposa do Gigante do pé de feijão que quer se vingar de todos. E é a;i que as tragédias se anunciam. Polêmico, as mortes dos personagens sôam estranhas em um filme da Disney. Mas é assim no musical original, e no filme, tudo foi amaciado para não assustar as crianças. Mesmo assim, o filme tem um tom bem sombrio. A direção de Marshall é careta, os números musicas infelizmente são chatos ( e eu amo musical), e as musicas mais chatas ainda. Meryl Streep está bem e é só, ela já fez coisas mil vezes melhores. Parte do elenco está ok, como Emily Blunt e James Corden ( o casal de padeiros), mas o restante me pareceu totalmente descolado. Anna Kendrick como Cinderela é um miscasting, ela não tem a beleza e a desenvoltura de uma Cinderela. Chris Pine como o principe também é um erro. As crianças que fazem João e Chapeuzinho são sem sal, e pior, Jonny Depp faz o mesmo de sempre, no caso, o Lobo Mau de Jonny Depp. E o que dizer dos efeitos toscos? A gigante é um desastre total. O filme achei sem ritmo, e no final, eu realmente queria ter gostado mais do filme, mas não aconteceu. Uma pena. Nota: 5

sábado, 10 de janeiro de 2015

Vício inerente

"Inherent vice", de Paul Thomas Anderson (2014) Baseado no livro homônimo de Thomas Pynchon, publicado em 2009, o filme de Paul Thomas Anderson tem quase o mesmo título que o livro obteve: intraduzível para as telas. Com tantas sub-tramas e tantas loucuras enfrentadas pelo personagem do Detetive particular Larry "Doc" Sportello na Los Angeles de 1970, que quando o filme acaba a gente fica com a impressão estranha de não ter acompanhado uma história principal. Porquê quando uma vai se desenvolvendo, surge uma outra que toma o sue lugar. E por ai vai. Joaquin Phoenix assume um look meio "Wolverine", meio hipponga alucinado que passa dias e noites fumando maconha, cheirando pó e tentando resolver casos de desaparecimento de clientes. Verdadeiro anti-herói sem qualquer tipo de simpatia, Doc Sportello é também mulherengo e beberrão. Curioso é vê-lo atuando ao lado de Reese Whiterspoon após a dupla ter protagonizado "Jonnhy e June" em 2005. Além dela, o filme tem um elenco multi-estelar: Benicio Del Toro, Owen Wilson, Josh Brolin, Martin Shot ( impagável e em cenas antológicas), Maya Rudolph, Jena Malone, Eric Roberts e outros menos conhecidos mas igualmente talentosos. Como diz o ditado, de perto todo mundo é normal. E justamente nesse filme, ninguém o é. A história, complexa, gira em torno de uma ex-namorada de Doc que o procura porquê ela está tendo um caso com um homem casado e acha que a esposa dele está tramando algo. Doc não dá muita atenção, até que a ex e o amante desaparecem. A Partir daí, como em um "After hours" diurno, muitas situações bizarras e personagens paranóicos vão surgindo no caminho de Doc. A trilha sonora é uma colcha pop dos anos 70 que inclui músicas de várias nacionalidades, incluindo japonesa. A direção de Paul Thomas Anderson é sempre criativa e estranha, e é isso o que seu público quer ver. Personagens bem narrados e nada previsiveis. Fotografia deslumbrante favorecendo as cores da Los Angeles esfuziante dos anos 70, a cargo de Robert Elswit, seu fiel parceiro. Trilha sonora de Jonny Greenwood, também parceiro de vários filmes com Paul Thomas Anderson. Várias cenas muito bens construídas, com aquele olhar sempre meio comédia humor negro bem próprio de outro filme seu, "Punch drunk love". Aliás, esses dois filmes são bem próximos em relação a tipos e acontecimentos. Nota: 8

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Para sempre Alice

"Still Alice", de Richard Glatzer e Wash Westmoreland (2014) Baseado no best seller de Lisa Genova, o filme foi roteirizado e dirigido pela dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland. É um drama extremamente comovente e intenso sobre uma mulher que, ao completar 50 anos, se descobre portadora do Mal de Alzheimer. Um dos diretores, Richard Glatzer, ele mesmo é portador de uma síndrome que o impede de falar, e para ele ter realizado o filme foi uma terapia intensa. Alice ( Julianne Moore, extraordinária) é uma professora renomada que leciona sobre linguística que dá aula na Faculdade de Columbia. Intelectual, seus livrs foram traduzidos para vários países. No dia que Alice completa 50 anos, ela se dá conta que está esquecendo coisas. Mae de 3 filhos, todos adultos, entre eles Lydia (Kristen Stewart), atriz que tenta a sorte em Los Angeles e por isso mesmo renegada por Alice, que sonha que ela faça uma faculdade. Após vários surtos de esquecimento, inclusive em durante um cooper não se localizar geograficamente, Alice vai a um neurologista, que diagnostica um caso raro de Alzheimer que acomete pessoas jovens e que é genético. Pior: esse tipo de Alzheimer só tende a se intensificar em pessoas intelectuais. John (Alec Baldwin), marido de Alice, procura levar uma vida normal ao lado da esposa, mas ele mesmo se confessa um covarde por não suportar a degradação física e intelectual da mulher que ama. Passeando entre a frieza de "Amor", de Michael Haneke. e o melodrama de "Longe dela", de Sarah Polley ( 2 filmes que têm o tema do Alzheimer como suporte), o filme é um excelente drama que brinda o espectador com performances vibrantes de todo o elenco. Julianne Moore já ganhou vários prêmios de melhor atriz pelo papel, merecidamente. A sua economia na interpretação é genial. No entanto, Kristen Stewart é quem está seguindo um ponto em sua carreira aonde ela quer provar ao mundo que sabe atuar. Após realizar ao lado de Juliane Binoche o drama "Acima das nuvens", agora ela contracena com Julianne Moore cenas intensas e fortes. E ela está ótima. O roteiro é preciso, sem exagerar no melodrama e dando a Moore chances de interpretar somente no olhar em muitas cenas. Preparem-se para chorar muito. Nota: 9

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Sniper americano

"American sniper', de Clint Eastwood (2014) Baseado no livro de Chris Kyle, "American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Military History", o filme de Eastwood glorifica o homem que declaradamente matou mais de 160 pessoas em mais de uma década de serviços prestados ao Exército americano. Chris participou da Guerra do Iraque, logo após o atentado de 9 de setembro, e foi decisiva a sua participação nessa e em outros embates, pois os soldados americanos em ação se sentiam mais seguros quando sabiam que Chris oa estava protegendo. O filme mostra o apreço de Chris desde criança por armas, a educação rígida que sofreu de seu pai, que o impedia de agir com sentimentos e ser totalmente frio. No filme, além das batalhas, existia um outro grande conflito, dessa vez interno, sofrido por Chris: ele se casou e teve dois filhos com sua esposa Taya (Sienna Miller), mas as lembranças da guerra o fazem se afastar emocionalmente da família. Ele se torna agressivo, mas o amor de Taya o fará voltar a ser o homem que ele era. No dia 2 de fevereiro de 2013, Chris foi assassinado por um veterano de guerra que estava passando por um tratamento psiquiátrico, inclusive sendo ajudado por Chris. O que mais impressiona no filme de Clint Eastwood não e nem o filme em si, mas sim, a dinâmica e vigor que o próprio Eastwood, um senhor de 84 anos, tem em conduzir um filme desse porte. Enérgico todo o tempo, cheio de cenas de combates e tiroteiro o filme todo, Eastwood parece que descobriu a sua fórmula da juventude fazendo filmes cada vez mais desafiadores. O filme anterior, "The Jersey boys", já era bem complexo. A direção de Eastwood impressiona, com várias cenas bem tensas. O roteiro é polêmico: muita gente vai reclamar dizendo que é um filme que endeusa o porte de armas , comum á nos Estados Unidos, onde a criança aprende a tirar desde bem cedo. A fotografia de Tom Stern , fiel companheiro de Eastwood, é muito bonita e enfatizando o ensolarado da região do Texas e do Iraque. O filme é recheado de cenas bem cruéis, como torturas com crianças, e deve provocar repulsa em boa parte dos espectadores. Bradley Cooper comprou os direitos do livro e até chegar em Eastwood, outros cineastas foram convidados, como David O. Russel e Steven Spielberg. Bradley está bem no papel, porém cabe a Sienna Miller a parte mais chata da história. Ela tá sempre chorando, lamentando, implorando pelo retorno do marido. Um clichê melodramático, que por pouco não faz do filme um grande novelão. Nota: 7

Birdman- (A Inesperada Virtude da Ignorância)

"Birdman or the unexpected virtue of ignorance", de Alejandro González Iñárritu (2014) O fotógrafo mexicano Emmanuel Lubezki precisa urgentemente receber algum prêmio de contribuição ao CInema. É impressionante a capacidade que ele tem de sempre inovar nos planos, enquadramentos. Esse é o fotógrafo mais ousado e criativo de todos, não tenho a menor dúvida. "Birdman" é composto de alguns planos-sequências, nenhum com menos de 10 minutos de duração. Em verdadeiras virtuoses de malabarismo,a câmera percorre os corredores, palcos, camarin de um Teatro da Broadway, sai pela porta, enfrenta uma multidão de gente andando na Times Square e depois volta pro mesmo teatro. Cenas assim são comuns no filme, e o espectador ligado na técnica só tende a ficar de queixo caído. Fora isso, a fotografia é um deslumbre, alternando momentos realistas com lúdicos. Michael Keaton, definitivamente em sua melhor performance, interpreta Riggan, um ator de cinema famoso pelo papel de "Birdman" a décadas atrás e hoje no ostracismo. Para alavancar a carreira e provar que é um excelente Ator, ele resolve produzir uma peça na Broadway, baseada em conto de Raymond Carver. Ele contrata uma trupe que envolve seu advogado ( Zach Galifianakis), a atriz Lesley (Naomi Watts) e Mike ( Edward Norton), que substitui um ator que se machucou num ensaio. Riggin começa a se estranhar com Mike, que é um ator de método e que tenta a todo custo chamar a atenção da peça para si. Paralelamente, Riggin ainda tem uma relação mal resolvida com sua filha Sam, (Emma Stone). Para piorar tudo, Riggin ainda ouve a voz gutural de Birdman, como se fosse uma voz de consciência, lhe guiando em tudo o que ele faz Direção do filme é incrível, extremamente bem marcado.e difícil, por conta dos planos-sequências. O filme é bastante verborrágico, fala-se muito, e isso pode encher o saco de muito espectador incauto. Aproveitei para ler críticas e das críticas não profissionais, boa parte do público odiou a proposta do filme. Acharam pesado, pedante. Para o cinéfilo, vai amar ficar olhando cada plano-sequência, e checar as performances incríveis de todo o elenco. Zach Galifianakis, da franquia "Se beber não case", faz aqui algo totalmente diferente dos seus papéis costumeiros. No final, fico com a sensação de curiosidade em saber o quanto que essa história se aproxima de verdade da vid areal de Michael Keaton, pois é impossível não fazer a associação. Birdman e Batman são muito semelhantes, e a voz gutural deles é a mesma. O filme abriu o Festival de Veneza 2014 e já ganhou vários prêmios mundo afora. Nota:8

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O que fazemos nas sombras

"What we do in the shadowns", de Jemaine Clement e Taika Waititi (2014) Protagonistas, roteiristas e Diretores , os neo-zelandeses Jemaine Clement e Taika Waititi realizaram um dos filmes mais iconoclastas do ano, e considerado pelo Jornal The Guardian a "Melhor comédia de 2014". Em várias listas de melhores filmes de 2014, o filme está presente. Exibido no início do ano em Sundance, ele fez um super sucesso e virou um cult instantâneo. O filme é um "Mockmentar" (falso documentário, filmado como se fosse real), sobre uma equipe de gravação que resolve acompanhar o dia a dia de 4 vampiros em Wellington, Nova Zelândia. Os amigos Vlad, Viago e Deacon moram no andar de cima de uma casa. Eles possuem centenas de anos, e passam as noites indo ao Centro, porém eles não conseguem se adequar às modernidades do Sec XXI e isso os faz ficar em crise. Nem mesmo podem entrar numa balada, pois precisam ser convidados. Um 4o vanpiro, Petyr, por ser séculos mais velho, possui a aparência de Nosferatu e não pode morar em cima. Uma noite,, Jackie, uma amiga de deacon leva 2 vítimas virgens, entre elas Nick, que acaba por acidente se transformando em vampiro por Petyr. Ele passa então a fazer parte do grupo e inseri-los nas noitadas animadas da cidade. Mas os lobisomens e as bruxas, naturais inimigos entre si, travam rivalidade durante um grande evento que junta todo mundo. O filme me lembrou bastante um clássico da minha infância, a animação em stop motion "A festa do monstro maluco", de 1967. O tema do encontro de monstros é divertido e sempre gera confusão. O filme é declaradamente uma sátira a "Entrevista com vampiro" e com a saga "Crepúsculo", mas anos luz à frente do ultimo. Os diálogos e situações são tão nonsense e bizarras, que lembram o mais fino humor inglês. É divertido do início ao fim. Os efeitos e a maquiagem são propositalmente toscos, mas e uma maravilha de tão engraçado. A cena que um dos vampiros morde uma mulher e sem querer morde na artéria principal e ela jorra sangue sme parra, é antológica. Os atores se divertem pra valer, e os coadjuvantes fazendo cara de que estão levando a sério é bom demais. O fato de ser tudo sob ponto de vista de duas câmeras torna o filme mais maluco, ainda mais porquê nunca vemos as caras dos câmeras, e as pessoas às vezes se relacionam com eles. Para alegrar o dia entediante de qualquer cinéfilo. Nota: 8

Pornô Holocausto

"Pornô Holocaust", de Joe D'amato (1981) Ah, o que seria de nós Cinéfilos, sempre em busca de pérolas do cinema, sem os clássicos cults italianos dos anos 70 e 80? "Pornô Holocausto" é literalmente o que o titulo sugere, para não deixar duvidas. É um filme de sexo explícito + filme de terror, pegando carona na obra-prima "Canibal Holocausto". E sendo de um Cineasta italiano, no caso Joe D'amato ( hoje renomado cineasta de filmes eróticos) , é um festival de cenas trash, toscas e que irão direto para o compêndio de cenas mais bizarras da história do cinema. Uma expedição de cientistas segue até uma ilha no Caribe, onde em 58 aconteciam testes com bombas nucleares. Os cientistas ouviram relatos de crustráceos gigantes na ilha e vão até lá investigar. entre uma cena e outra, rola muita trepada:hetero, lésbico, menage. No menage, há um fato curioso que um dos homens olha para a câmera durante a cena e ninguém cortou esse lano. Hilário! Súbito, um ser radioativo aparece e vai matando um por um. Os homens, ele mata na hora. As mulheres, ele estupra e as mata com seu sêmen radioativo. Esse filme é um Festival de atrocidades cênicas que me fizeram rir várias vezes. Os piores atpres do mundo, a trilha sonora mais escrota, a direção mais bisonha, o roteiro mais sem noção e a maquiagem mais pavorosa. Mas a junção disso tudo culmina em um clássico que somente os bons entendedores de filmes cult curtirão. Nota: 4

domingo, 4 de janeiro de 2015

Showing up- Uma conversa sobre Testes de Elenco

"Showing up- A conversation about the Audition", de Riad Galayini e James Morrison (2014) "Showing Up- Uma conversa sobre Testes de Elenco", de Riad Galayini e James Morrison. Excelente documentário dirigido pelos Atores Galayini e Morrison, realizado através de mais de 50 depoimentos colhidos com Atores e Diretores, alguns famosos, como Sam Rockwell, Nathan Lane e Elli Walach. Dividido em tópicos, o filme apresenta com muito bom humor mas também muita sensibilidade e emoção a coragem desses artistas de se abrirem de peito aberto e registrarem aqui seu desabafo com o maior monstro da carreira de um Ator: O teste de elenco. Para quem acha que os famosos jogam com a sua experiência, talento e segurança, se enganam quando descobre que eles são iguais a qualquer Ator que entra numa sala de espera. O medo e o suor toma conta de todos. Mas qual o Segredo de um bom teste? Como ganhar o papel? Com ganhar a Confiança da "Mesa de jantar do restaurante"( que é como eles chamam a mesa onde se sentam o Diretor, o Produtor de elenco, o Produtor e seus assistentes, que falam sem parar durante o teste e que nem olham para a sua cara). O Subtítulo do documentário já é uma brincadeira com a vida do Ator: "Life is a role with the punches), que é uma brincadeira com com a expressão "Life is a roll of punchs", que quer dizer ' Ser flexível, aceitar os desafios da vida e saber encará-los". Entre os depoimentos existem curiosidades históricas: os primeiros Produtores de elenco, eram as secretárias dos grandes estúdios, que possuiam a agenda de telefone dos atores e sabiam quem estava disponível. Entre várias frases ouvidas de insegurança, temos: "Me sinto como sendo colocada em um ringue de boxe e levando muita porrada" ou "Sinto como se entrasse na sala, tirasse minhas calças e começar a me sentir humilhado perante todos ali". De todos os depoimentos, tiramos algumas conclusões: O Ator precisa ajustar a Audição à sua personalidade. Não existe uma fórmula, o medo sempre virá e você deve revertê-lo ao seu favor. Jamais se deixar intimidar pelos colegas. Decorar o texto. Saber o que está fazendo. Não se deixar pressionar pelas contas atrasadas. Um Ator diz que "Em nenhuma Escola de arte dramática", ninguém ensina a você como se comportar em um Teste de Elenco. E a constatação de um Diretor que diz que existem excelentes Atores e Taletos, mas que eles jamais conseguirão um papel?" É muito cruel a vida do Ator, e ele precisa ter noção que a sua luta é muito injusta e inglória. Mas a perseverança é o que rege quem sabe, os vitoriosos. No tópico sobre "Medo", tem um depoimento sensacional de uma atriz, Mary Lynn, que disse que entrou tão nervosa no estúdio que não conseguia falar o seu nome direito. OS produtores acharam que ela estava interpretando e ela ganhou o papel. Tem um outro também que diz que sempre que ia a um teste, chegava e tinham centenas a espera ali, e ele resolvia abandonar tudo e ir para casa. Até que um dia ele parou para refletir a sua condição: ele veio de uma cidade pequena, veio tentar um espaço ao sol, lutar. Se ele chegou até aqui, porquê desistir? E passou a ficar nas filas enormes. Outra diz que esperou por 4 horas, entrou na sala e o Diretor disse: 'Você não me parece muito "fresca'. Outra Atriz diz que é impossível fazer 2 testes em um dia, porquê é muito dificil para ela viver 2 personagens em um dia. É exaustivo e um deles sairá prejudicado. Outro Ator diz que prefere não falar com nenhum outro Ator na sala de espera, porquê ele tem consciência que ele está numa guerra, e não num jogo de futebol onde todos são amigos e lutam no mesmo time. Um Diretor disse que não faz mais testes de elenco e que prefere convidar quem ele acha provável competidor a ir jantar e baterem um papo. Acha mais humano e dá para avaliar melhor a pessoa. Mas o depoimento que achei mais objetivo e contundente, foi de uma atriz que ligou para o seu Agente para saber porquê ela não pegou o papel. O Agente disse que a produção comentou que ela deixou de fazer isso, aquilo, várias cosias. Ao que ela retruca: 'Mas porquê não me pediram para fazer isso? O Diretor estava lá, era só ele pedir. Eu sou uma Atriz, eu sou moldável". Bom, a minha conclusão é essa: Muitos DIretores não Dirigem, querem ver qual dos Atores interpretou melhor a cena , e isso só se consegue entendendo melhor o personagem. Ele quer ver ali na sua frente, quem tem a energia do Personagem. As opções de Atores são muitas, mas o Personagem, ali na sua frente, serão poucos, muito poucos. Um filem imperdível e cheio de coração flutuando na cara do espectador através de depoimentos francos e sensíveis. Nota: 9

Whiplash- em busca da perfeição

"Whiplash", de Damien Chazelle (2014) Junte a Madame Sousatzka de Shirley Maclaine, a Miranda Priestley de Meryl Streep em "O diabo veste Prada" e a preparadora de elenco Fátima Toledo, e você não terá um terço do que é Terence Fletcher, o professor de música de J.K. Simmons. Gênio? Criminoso? Talentoso? Embuste? Quem é esse homem, que é um dos professores mais temidos pelos alunos da Escola de música de Shaffer, a mais importante e seleta dos Estados Unidos? Andrew tem a missão de descobrir quem é Fletcher, mas para isso, precisa conquistar a sua atenção e fazer parte do seleto grupo de banda da escola, coordenada por Fletcher. Só que para tal, ele e os outros alunos passam por constante humilhação e constrangimento, o que inclui levar tapas na cara, ter objetos arremessados em cima deles, e um bullying verborrágico sem igual, onde o professor chama o aluno de gay, chupador de pau e por ai vai. O único suporte emocional que Andrew mantém para poder aguentar é o seu pai, que o visita constantemente, e Nicole, sua namorada. Mas para almejar a perfeição, Andrew terá que se livrar de todos e se dedicar 100% ao treinamento. Esse filme é uma verdadeira aula de Cinema: Direção impecável, enxuta e dinâmica; roteiro que surpreende e que nos leva a niveis de emoção estratosféricos; Aula de Direção de atores; aula de câmera e movimentação dela em cena; e aula de efeitos especiais na antológica cena de acidente de carro. Mas o filme, além de tantos méritos, existe em sua quase totalidade pelo trabalho absolutamente estrondoso desses 2 atores de idades tão contrastantes, mas de igual nível de perfeição, que nem seus personagens. Miles Teller, no papel de Andrew, emociona a cada segundo. Suas cenas são formidáveis, e a cena final, absurda. Ele já chamava a atenção em "Em busca da felicidade", com Nicole Kidman, e depois em "O espetacular agora". A estrela desse garoto só irá subir. Já o veterano J.K. Simmons ( o Raul Cortez de lá) , finalmente encontrou um personagem à sua altura. Sempre fazendo papéis de coadjuvantes que roubavam o filme, Simmons provoca asco, ódio, rancor, e todo o tipo de sentimento odioso da parte do espectador. E mas incrível, em seus momentos 'Delicados", a gente mega acredita nele. Que Ator foda! Agora o que pouca gente sabe, é que "Whiplash" foi um curta dirigido pelo mesmo cineasta e também com J. K. Simmons. O longa é uma extensão dele. E que o diretor até então foi roteirista de filmes B como "O último exorcismo parte 2". Vida que segue. A cena final é apoteótica, de fazer o Cinema inteiro aplaudir. E foi o que aconteceu. Nota: 10

sábado, 3 de janeiro de 2015

Sapo branco

"White frog", de Quentin Lee (2012) Misturar no mesmo filme temas tão bombásticos como Síndrome de Asperger, adolescência gay reprimida sexualmente, família asiática vivendo nos Estados Unidos, Jogatina entre jovens e pais repressivos no mesmo filme parece loucura de roteiristas malucos que querem chamar a atenção dos espectadores de qualquer jeito. Some-se a isso, produtores gananciosos que escalam jovens adolescentes heteros interpretando gays e portadpres de doenças psiquiátricas a fim de que o público se convença que eles são bons atores. Para finalizar, chamem um diretor que embale tudo com a tinta do melodrama mexicano mais perverso de todos os tempos, e uma trilha sonora composta por canções evangélicas que saúdam o amor e a esperança. O resultado final é um filme cafona, xaroposo e com maior cara de sessão da tarde. Mas acredito que mesmo assim, por pior que seja, ele pode ajudar os adolescentes, que são a faixa etárea do público que vai ver o filme, a discutir os temas propostos pelo filme. Pesquisei na internet matérias sobre o filme, e confirmei que muitos jovens adoraram e inclusive o acharam o melhor filme que discutiu a homossexualidade entre jovens jamais feito. Talvez essas opiniões venham do impacto de ver astros teens na tela: todo mundo gosta de ver gente bonita, e o filme tá repleto: Harry Shum Jr., o Mike de "Glee"; Tyler Posey, o protagonista de "Teen wolf"; Booboo Stewart, o Seth de "Crepúsculo" e Gregg Sulkin, da série "Faking it". Se são bons atores, o que posso dizer e que terão que comer muita areia ainda no caminho. Para salvar tanta canastrice, escalaram Joan Chen, que trabalhou em "O último imperador", de Bertolucci. O seu papel de mãe exagera em todos os tons. O filme narra a história de Nick, filho de um casal de vietnamitas. Ele é portador da síndrome de Asperger, Seu irmão, Chaz, é popular na faculdade. Um dia, o irmão é atropelado e morre. Os pais se desesperam, e Nick sente a ausência do irmão. Os pais o ignoram cada vez mais. Um amigo de Chaz, Randy, surge e resolve ajudar Nick, até que esse descobre que Chaz era gay e namorava Randy. Bom, é isso mesmo. O filme todo é feito para emocionar , e faz isso descaradamente, como um grande novelão. Assumir o filme assim talvez faça a gente se divertir mais. Confesso que ri em vários momentos e até curti. Ah, e o filme poderia se chamar "Azul é a cor mais amada". Quanto ao titulo "Sapo branco", se refere a uma culinária exótica Vietnamita, e que tem como metáfora pessoas que se fecham em uma redoma, no caso, sapos brancos que se fecham dentro de cocos. Nota: 5

O Terror ao vivo

"Deu tae-ro ra-i-beu/The terror Live", de Byeong-woo Kim (2013) Caraca, que puta filmaço! Em todos os aspectos, ele lembra demais o recente "O abutre", com Jake Gyllenhaal. Um drama de ação tenso e claustrofóbico, que se pssa todo em uma estação de rádio, sem jamais sair da sala da cabine do locutor. Yoon Yeong-hwa é um locutor de rádio de uma famosa estação de tv, Ex-Âncora famoso na própria estação, ele caiu em desgraça e acabou sendo rebaixado para locutor. Um dia, ele recebe uma ligação: é um terrorista ameaçando explodir uma ponte. Yoon não acredita e acha que é um trote. Mas a ponte acaba sendo detonada. Acreditando ter uma puta história em mãos, Yoon vê aí a chance de poder voltar a ser o âncora. Mas a sua ambição o fará cair numa armadilha: o terrorista colocou uma bomba em Yoon, e caso ele saia da sala, a bomba explodirá. Assim, Yoon deverá televisionar tudo o que o terrorista demandar, caso contrário ele explodirá mais bombas. Super bem dirigido, estou no aguardo de ver uma refilmagem óbvia desse filme. O roteiro, mesmo que aparente ser fantasioso demais, é muito bom. E o desfecho, até eticamente polêmico. O ator Ha Jung-woo , dos excelentes "Time", "Rio amarelo"e "O caçador" está excelente: ele percorre todas as emoções me um mesmo filme, trabalhando tudo de forma realista e tensa. Todas as ações do terrorista e da polícia são vistas apenas na televisão. O filme reserva viradas na narrativa e prende a atenção do espectador até o fim. Os efeitos especiais são incríveis, considerando o orçamento do filme. O filme se permite a trabalhar com o tempo real, que são os 90 minutos pedidos pelo terrorista para avançar para o seu próximo passo. Tudo muito bem cronometrado. Nota: 9

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A noite acalmou

"Night has settled", de Steve Clark (2014) Delicado e sensivel drama independente americano, é um daqueles filmes onde o tema é o rito de passagem de um menino que descobre o amor, sexo e drogas. O filme se passa em 1983, em Nova York. Oliver ( Spencer List) é um menino de 13 anos que mora com sua mãe, Luna ( a argentina Pilar López de Ayala), sua irmã Adriana e a empregada chilena Aida ( Adriana Barraza). Oliver ama a empregada, a quem considera sua mãe, uma vez que Luna é totalmente despreparada para tal função. Aida provavelmente é refugiada política do CHile, só que isso não é dito. Mas um dia, Aida sofre um derrame, e Oliver se desespera. Ele se desconecta totalmente do seu mundo e se entrega para as drogas, sexo desenfreado e à loucura imposta por seus amigos porra loucas. O mais curioso do filme é seu elenco: Spenser List, excelente no papel de Oliver, realizou a 4 anos atrás o terror "Sofrimento", aonde ele interpretava um garoto serial killer. Pilar foi a mulher do clássico argentino 'Medianeiras" e Adriana Barraza foi indicada a melhor atriz coadjuvante pro "Babel". O filme tem pinceladas de "Kids", de Larry Clark, mostrando cenas explícitas de uso de drogas ( cocaína, etc), mas pega leve no quesito sexo. Nota: 7

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Uma aventura Lego

"The Lego movie", de Phil Lord e Christopher Miller (2014) Dirigido e escrito pelos mesmos autores da franquia "Os anjos da lei", "Uma aventura Lego" é uma anarquia do início ao fim, que fará a alegria de adultos e nerds nostálgicos. De uma só tacada, ele brinca com a saga " Star wars", faz referência a "Toy story", brinca com personagens famosos da Dc Comics ( Batman, Superhomen, Mulher maravilha), dos SImpsons, Senhor dos anéis, Harry Potter e muito mais. Me impressiona o quanto que a produção não gastou somente com royalties pelos direito de uso de imagem de cada um desses personagens famosos. E mais: não economizaram nas vozes de atores famoso: Will Ferrel, Morgan Freeman, Jonah Hill, Elisabeth Banks, Channing Tatum, Chris Prata, Liam Nesson, etc. Emmet ( Chris Pratt), um jovem operário padrão, é induzido por um mago e por uma heroína a acreditar que ele irá salvar o Mundo Lego das mãos do vilão Senhor dos negócios, que deseja colar a todos com cola tipo Super bonder. Essa história maluca encontra nas mãos e na mente doentia dos cineastas/roteiristas o cana perfeito para desfilar um monte de sandice, O Filme sacaneia com a linguagem do cinema, através de metalinguagens, e ousa mesclar faroeste, ficção científica, filme de pirata, aventura, romance, filme de super herói tudo na mesma saca. A trilha sonora é hilária de tão escrota, tudo na base de sintetizadores típicos de video games anos 80. Mas a animação dos diretores foi tanta, que acabaram esticando o filme por 20 minutos a mais do que deveria. Chega uma hora que cansa tamanha esquizofrenia. Mas no geral, é um belo achado, divertido à beça. Fazia tempo que o merchandising não era usada com tamanha inteligência e com auto ironia. Nota: 8

O retrato de James Dean- Joshua Tree 1951

"The portrait of James Dean - Joshua Tree 1951", de Matthew Mishory (2012) Ousada cinebiografia de James Dean, mostrando a dificuldade de seguir carreira de ator antes de sua fama. No início dos anos 50, o filme mostra James Dean dividindo quartos com roommate em Los Angeles, frequentando aulas de atuação e para se manter e tentar algo na carreira, se prostituindo para produtores e transando com vários homens por puro tesão. O filme passa batido peloa fase de Hollywood de Dean, só mostrando em créditos finais o que aconteceu com o astro em 55: sua morte por acidente de carro. Pode-se dizer que a proposta do diretor e roteirista Matthew Mishory seja caluniosa, mas muito se diz da fama de Dean como astro bissexual e sem limites para vencer na vida. O filme faz uma colagem de cenas ficcionais, com outras de caráter documental registrando entre outras passagens, a libertinagem e orgia em Los Angeles, e as visitas de Dean, seu amigo de quarto e a atriz decadente Violet até o deserto de Joshua tree, na Califórnia, lugar mítico para onde ele ia espairecer. O filme foi todo rodado em 35 e em 8 mm, na sua grande parte em preto e branco e poucas imagens em colorido. Aliás, a fotografia de Michael Marius Pessah é escandalosamente bela, embalando com glamour e estilo esse filme na maior parte do tempo entediante. As cenas de sexo são frias, e a sensualidade de James Dean passa longe na pele do ator James Preston. Uma tarefa muito difícil para qualquer ator existente, a de personificar o mito de James Dean. Preston empresta a beleza, mas a alma ficou faltando. Nota: 5

O terceiro

"El tercero", de Rodrigo Guerrero (2014) Drama argentino, focado na libertação sexual de um garoto que conhece um casal gay mais velho pela internet. Eles passam dias se falando pelo chat do msn, até que dia, Fede, o garoto, aceita finalmente o convite para jantar na casa do casal. Tímido, Fede vai aos poucos se libertando, e através dessa experiência ousada e revolucionária, ele se transforma num novo homem. Pois é, o filme, de 70 minutos, é apenas isso. Uma fábula sobre descoberta. E no entanto, o que poderia ter sido resolvido em um curta de 25 minutos no máximo, acaba se tornando um interminável discurso sobre o nada. Filmado com distanciamento, quase como um documentário, o filme não se aproxima dos personagens. É como se nós, espectadores, fossemos os voyeurs. Mesma na cena da transa, que dura mais de 20 minutos, não existe excitação, tesão. Essa foi a opção do seu diretor. As cenas são longas, corajosas. Eu como cinéfilo adoro muito os planos propostos, longos, sem mostrar o rosto de uma das pessoas. O problema é que o texto não ajuda. Não nos envolvemos. O que fica, é a sensação de que poderia ter sido um ótimo filme sobre perversão e ousadia. Mas ficou o tédio, apenas. Os 3 atores se esforçam nas cenas. se entregam, se envolvem. Mas as performances , essas ficarão nos devendo. Nota: 5

Yves Saint Laurent

"Yves Saint Laurent", de Jalil Lespert (2014) Biografia luxuosa sobre o estilista Yves Saint Laurent, narrada pelo ponto de vista de seu parceiro de longa data, Pierre Berger. Dessa forma, a história se aproxima do documentário "O louco amor de Yves Saint Laurent", de 2010, também narrado em Off por Berger. Assistir a uma história através do olhar do outro é sempre perigoso. Por isso, vale a pena assistir a um outro filme realizado em 2014, 'Saint Laurent", dirigido por Bertrand Bonello, para se ter outra referência. YSL é interpretado com graça e força por Pierre Niney. Em "YSL", o filme acompanha a vida do estilista de 1958 a 2008. Em 58, ele era o Chefe de criação artística da Maison Dior. E isso aos 21 anos de idade. Ele conhece Pierre Berger (Guillaume Gallienne, do excelente "Eu, mamãe e os meninos") e juntos, montam a Maison YSL, que faz muito sucesso. No entanto, YSL é diagnosticado como maníaco depressivo, e durante toda a sua vida, ele abusou de drogas, sexo, bipolaridade, tendo sempre Berger como seu fiel parceiro, que o afastava de gigolôs (Jacques de Bascher) , de amigos traficantes ( Loulou de La Falaise) e da própria família de YSL. O filme tecnicamente é um glamour: a fotografia poderosa de Thomas Hardmeier, a trilha sonora pomposa de Ibrahim Maalouf e figurinos e direção de arte impressionantes. A direção de Jalil Laspert é chique, sofisticada, mas o roteiro assinado por 6 pessoas falha ao não colocar o principal: alma. O filme corre frio, sistemático, narrativo demais, aquele vício das biografias de querer fazer de cada cena um episódio da vida da pessoa homenageada. O filme vale sim pelo visual, estonteante. Quanto ao conteúdo, melhor ficar com o filme rival. Nota: 6