sábado, 10 de janeiro de 2015

Vício inerente

"Inherent vice", de Paul Thomas Anderson (2014) Baseado no livro homônimo de Thomas Pynchon, publicado em 2009, o filme de Paul Thomas Anderson tem quase o mesmo título que o livro obteve: intraduzível para as telas. Com tantas sub-tramas e tantas loucuras enfrentadas pelo personagem do Detetive particular Larry "Doc" Sportello na Los Angeles de 1970, que quando o filme acaba a gente fica com a impressão estranha de não ter acompanhado uma história principal. Porquê quando uma vai se desenvolvendo, surge uma outra que toma o sue lugar. E por ai vai. Joaquin Phoenix assume um look meio "Wolverine", meio hipponga alucinado que passa dias e noites fumando maconha, cheirando pó e tentando resolver casos de desaparecimento de clientes. Verdadeiro anti-herói sem qualquer tipo de simpatia, Doc Sportello é também mulherengo e beberrão. Curioso é vê-lo atuando ao lado de Reese Whiterspoon após a dupla ter protagonizado "Jonnhy e June" em 2005. Além dela, o filme tem um elenco multi-estelar: Benicio Del Toro, Owen Wilson, Josh Brolin, Martin Shot ( impagável e em cenas antológicas), Maya Rudolph, Jena Malone, Eric Roberts e outros menos conhecidos mas igualmente talentosos. Como diz o ditado, de perto todo mundo é normal. E justamente nesse filme, ninguém o é. A história, complexa, gira em torno de uma ex-namorada de Doc que o procura porquê ela está tendo um caso com um homem casado e acha que a esposa dele está tramando algo. Doc não dá muita atenção, até que a ex e o amante desaparecem. A Partir daí, como em um "After hours" diurno, muitas situações bizarras e personagens paranóicos vão surgindo no caminho de Doc. A trilha sonora é uma colcha pop dos anos 70 que inclui músicas de várias nacionalidades, incluindo japonesa. A direção de Paul Thomas Anderson é sempre criativa e estranha, e é isso o que seu público quer ver. Personagens bem narrados e nada previsiveis. Fotografia deslumbrante favorecendo as cores da Los Angeles esfuziante dos anos 70, a cargo de Robert Elswit, seu fiel parceiro. Trilha sonora de Jonny Greenwood, também parceiro de vários filmes com Paul Thomas Anderson. Várias cenas muito bens construídas, com aquele olhar sempre meio comédia humor negro bem próprio de outro filme seu, "Punch drunk love". Aliás, esses dois filmes são bem próximos em relação a tipos e acontecimentos. Nota: 8

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