segunda-feira, 16 de março de 2015

As vozes

"As vozes", de Marjane Satrapi (2014) Um filme bizarro que poderia facilmente ter sido dirigido pelos Irmãos Coen. No entanto, essa tarefa de direção coube a Marjane Satrapi, a cartunista e cineasta iraniana que em 2007 realizou o excelente "Persepolis", uma animação auto-biográfica que fala sobre a vida no Irã no período de guerra nos anos 80. Em "As vozes", o que mais surpreende é a performance de Ryan Reynolds. Galã de Hollywood, ele já provou que quer fazer projetos autorais que o desafiem como em "Enterrado vivo", onde ele deu um show de interpretação. Aqui, novamente ele impressiona, dessa vez interpretando um serial killer esquizofrênico. Esse tema já rendeu excelentes filmes, como em "O clube da luta". Mas aqui, tudo vem encapado numa embalagem de comédia de humor negro. Para meu gosto, no entanto, o filme se aproxima mais do suspense e do thriller de "Psicopata americano" do que do tipo de humor que estamos habituados a ver em filmes dos irmaõs Coen. A violência é explícita, o sangue jorra aos borbotões. Mas aqui, o tipo de caricatura é diferente. Aqui o roteirista quiz brincar de matar pessoas..só que matando pra valer. Inclusive, a direção de Satrapi merece mençao pela construção de suspense em dois momentos viscerais: a de Fiona na floresta ( Gemma Aterton) e a de Lisa ( Anna Hendrick), na casa de Jerry ( Reynolds). Além dos atores citados, o filme, uma produção independente que foi exibida em Sundance, ainda conta com o talento da australiana Jackie Weaver, no papel da psiquiatra de Jerry. Jerry trabalha em uma fábrica que produz banheiros. Ele é tímido e anti-social. Um dia, ele convida uma colega de trabalho para jantar e ela fura. Jerry mora sozinho com seu cão e seu gato. Ambos os animais "Conversam? com Jerry e o levam a uma conduta imoral. Para eliminar problema,s vamos eliminá-lo literalmente. Começam aí uma sucessão de mortes que fazem de Jerry um homem mias feliz e seguro de si. O filme lembra alguns clássicos de terror onde o assassino conversa com as vítimas mortas. Essa crise de consciência é uma forma estranhissima que o roteirista criou e que Satrapi teve que colocar em imagens. O filme é uma mescla de gêneros que ainda inclui dois bizarros números musicais, um deles antológico, nos créditos finais, ao som de "Singa happy song", clássico dos anos 70 do grupo "O'Jays". É um filme que parece uma coisa e na verdade é outra. Difícil recomendar pois é estranho e violento. Para fãs de Ryan Reynolds, levarão um grande susto. No entanto, assim como Christian Bale emprestou seu talento e beleza para interpretar um serial killer em "Psicopata americano", aqui Ryan Reynolds empresta sua beleza e seu talento que está sendo lapidado para protagonizar um dos filmes mais incompreendidos e estranhos que vi recentemente. Nota: 7

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