domingo, 19 de abril de 2015

Viver a vida

"Vivre sa vie", de Jean Luc Godard (1962) Vencedor do Prêmio do Juri em Veneza no ano de 1962, Godard impressiona até para os padrões do dia de hoje com a sua constante busca de formas de se narrar um filme. Dividido em 12 tableux ( atos), "Viver a vida" tem na sua narrativa a grande força que faz desse filme uma das grandes obras-primas do eterno enfant terrible da "Nouvelle vague" francesa. Cada cena é narrada de uma forma diferente, Godard nunca repete o mesmo jeito de se contar uma cena em outra cena. Por ex, existe uma cena toda realizada em plano-sequência lateral, outra que é um clip, outra que é toda fixa com os atores de costa, outra onde os personagens conversam em off, lendo pensamentos. Todas essas linguagens até hoje se mostram modernas e vanguarda. Godard sempre foi considerado um dos cineastas mais complexos e herméticos do cinema. Seus flmes são considerados chatos, difíceis de se compreender. Quem conseguir tentar romper essa barreira de semiótica irá se deliciar com uma obra culturalmente tão vasta onde se fala de cinema, literatura, filosofia, etc. Nana ( Ana Karina, esposa de Godard e que na época da filmagem estavam brigados) é uma mulher que abandona o conforto do lar para poder se dedicar à carreira e atriz. Para se sustentar, ela trabalha em uma loja de disco. Mas ela se endivida e é expulsa de casa. Para se manter, ela conhece o mundo da prostituição. Fotografado em um preto e branco extraordinário pelo seu fotógrafo habitueé Raul Cotard, Godard exibe closes dos mais belos do cinema quando posiciona a sua câmera para Ana Karina. Ela está linda e deslumbrante. Em uma cena, quando ela vai até o cinema assistir "O martírio de Joana D'arc", de Dryer, a imagem de Nana e de Falconetti ( Atriz que interpreta Joana D'árc) se confundem na edição. Dramático, divertido, trágico. Godard não teme mesclar gêneros, incluindo musical e filme de gangster. Ele se diverte, posicionando a sua câmera de forma inovadora e provocadora. Muitas cenas antológicas: a dança de Nana na sinuca, o clip de Nana seduzindo homens, a cena dela fazendo trottoir nas ruas. Um filme que deve ser visto, estudado e discutido por amantes do cinema, que certamente apreciarão o resgate desse filme incrível e revolucionário. Um filme que ensina a narrar a forma do filme. Nota: 8

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