sábado, 13 de junho de 2015

Corações famintos

"Hungry hearts", de Saverio Costanzo (2014) Em 2010, o Cineasta italiano realizou "A solidão dos números primos", um excelente drama que virou cult, até mesmo de Woody Allen, que o homenageou em "Para Roma com amor". Em seu mais recente filme, Saverio Costanzo filmou em Nova York. Mas a intensidade dramática e a tensão psicológica do primeiro filme permanecem aqui. Vencedor em Veneza dos prêmios de Melhor Ator e Atriz ( Adam Drive e Alba Rohrwacher), o longa tem uma pegada à la Roman Polansky, mais precisamente com "O bebê de Rosemary". "A solidão.." já tinha um foco mais no surrealismo de David Lynch. Claustrofóbico, "Corações famintos" começa como uma típica comédia romântica, até cair no mais fundo poço depressivo, na linha dos filmes de Lars Von Triers de cortar os pulsos. Tamanha perversidade com a protagonista não encontra resposta satisfatória no roteiro, que simplesmente, assim do nada, a transforma em uma espécie de vilã, simplesmente pelo fato dela ser...Vegan. Jude e Mina se conhecem em um banheiro de um restaurante chinês de Nova York. Logo eles transam, ela engravida, ela tem o bebê. Tudo isso em pouco tempo. A partir daí, o filme se transforma e provoca uma revolução na personagem de Mina. A menina encantadora e fofa, italiana, se transforma em uma psicótica que quer porquê quer que o filho seja alimentado de forma "Pura", sem alimentação regada à carne e produtos industriais, sem antibióticos e sem consultas médicas. Quando o marido percebe que isso pode botar a vida do filho em risco, ele decide convocar sua mãe e tirar a criança da casa. A direção de Saverio toma um rumo inesperado. Ele faz uso de lentes grandes angulares, assim como Polansky fez para provocar a loucura de Mia Farrow em "O bebê de Rosemary". Mas aqui, parece um recurso deslocado, falso. Mesmo assim, Saverio é pródigo no trabalho de composição dos personagens. Seus atores costumam se entregar, se jogando aos personagens. A trilha sonora também subitamente ganha acordes de Bernard Hermann em "Psicose". Saverio deveria ter focado apenas no drama, e evitar tentar realizar um filme de suspense. Mesmo assim, é um filme provocativo, que merece atenção. apesar do ritmo lento. Nota: 7

Nenhum comentário:

Postar um comentário