domingo, 12 de julho de 2015

Meu tio

"Mon oncle", de Jacques Tati (1958) Realizada em 1958, essa comédia de costumes de Jacques Tati mantem-se atual nos dias de hoje pelo primor de suas gags visuais e pelo roteiro que brinca e critica convenções sociais, discute a modernidade invadindo a vida do homem moderno e faz um contraste entre novo e antigo, entre inocência e a perda dela. O filme ainda busca espaço para manter acesa a lembrança da 2a Guerra mundial, ainda na mente dos europeus, através de uma Gag de uma instalação feita de galhos que lembram o candelabro judaico, cercado por arame farpado. Monsieur Hulot, o personagem que Tati interpreta, é um homem bom. Atrapalhado, mas sempre honesto e de boas intenções, ele mora em um bairro pobre da periferia. Ele está desempregado, e sua irmã, casada com um rico empresário do setor de plásticos, pede a seu marido que lhe arrume um emprego na fábrica. A irmã mora em uma casa inteligente, toda planejada para facilitar a vida de seus moradores. Porém, Gerrard, o filho do casal, se entedia com os pais e a casa, e somente se alegra na presença do Tio e dos amigos de rua. O filme tem um interessante ponto de vista do menino e dos cachorros que percorrem o filme, clara metáfora dos vagabundos de classe social pobre e do burguês que quer se juntar à luta de classes. Hulot é anárquico, e por conta disso, precisa ser eliminado. Decupado de uma forma totalmente diferente para um filme comercial, ele possui planos longos e em planos gerais, o que confere um tipo de humor mais cerebral, apesar de muitas gags serem bem popularescas. É um outro ritmo, outro pensamento. O elenco está todo formidável dentro dessa proposta de "Clown", e Hulot é o palhaço triste da história. Genial uso da edição de som, e a trilha sonora fica grudada na cabeça da gente. O filme ganhou o Oscar de filme estrangeiro em 59, e um Prêmio especial em Cannes. Obrigatório. Nota: 8

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