terça-feira, 11 de agosto de 2015

Beira mar

"Beira mar", de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon (2015) Festival de Berlin. Salas lotadas e críticas positivas. Um filme brasileiro que fala sobre a descoberta da sexualidade e saída do armário de 2 meninos adolescentes que se apaixonam. Os atores são desconhecidos. A trilha sonora é de indie rock. É um filme fofo para uma platéia jovem e antenada. Não, esse filme não é o paulista "Hoje quero voltar sozinho", de Daniel Ribeiro. O filme é o gaúcho "Beira mar", de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, que também escreveram o roteiro. Ambos os filmes fizeram sucesso em um circuito cult independente. O que difere um do outro é a sua narrativa. Em "Beira mar", o discurso é sobre o vazio da vida. Nada ou quase nada aconece na vida dos adolescentes retratados no filme. A visa segue rotineira, sem sobressaltos, tediosa. É um filme sobre o tédio, e dessa forma, o ritmo é muito lento. Dois amigos de longa data, Martin ( Mateus Almada) e Tomaz ( Maurício Barcellos, descoberto pelos Diretores no Facebook) seguem de Porto Alegre para passar um final de semana em uma praia no Sul. Um deles aproveita para ir buscar documentos para o seu pai, na casa de familiares distantes. Durante uma festinha onde o que rola é o jogo Verdade e consequência e muita bebedeira ( Outra referência óbvia de "Hoje quero voltar sozinho"), os dois amigos transam com meninas. No dia seguinte, Tomaz, ressacado, revela ao amigo que é gay. A partir daí, a amizade dos 2 toma um novo rumo. "E sua mãe também", de Afonso Cuarón, também é outra grande referência para o filme, sem contar com o desfecho à ;la "Os incompreendidos", de Truffaut. Nesse filme de cinéfilos, sobra um espaço para uma vidência: filmado em 2012, "Beira mar" veio antes de "Azul é a cor mais quente" e a protagonista com cabelo pintado de azul. Em um determinado momento, Tomaz também pinta o seu cabelo de azul.. O que me sobressai desde o inicio nesse filme é a sua fotografia, extraordinariamente fotografada por João Gabriel de Queiroz. As composições de quadro, os primeiros planos, a melancolia exposta pelas cores. Muito bonito. O filme em si tem uma narrativa muito fria e junto da apatia de todos os atores, pode incomodar a garotada que for ver o filme pensando em reencontrar a deliciosa evocação adolescente de "Hoje quero voltar sozinho". Aos que se deixarem levar pela poesia que o filme traz, em sua narrativa e ritmo Zen, pode se emocionar. Menção para a coragem e dedicação dos 2 jovens atores protagonistas, que mesmo sem muita experiência, provam que Atuar é uma Arte que deve ser feita com verdade nas telas. Nota: 7

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