domingo, 30 de agosto de 2015

Terra estrangeira

"Terra estrangeira", de Walter Salles e Daniela Thomas (1995) 20 anos depois de sua realização ( o filme é de 1995), "Terra estrangeira'está mais atual e oportuno do que nunca. Os 20 anos se passaram, mas o sentimento de abandono continua o mesmo. Economicamente em recessão, desemprego em alta e condições desfavoráveis para qualquer tipo de investimento, o Brasil de 2015 está o mesmo de 1995. Ou até pior. A solução para muita gente? O aeroporto. Assim, Alex ( Fernanda Torres), Paco ( Fernando Alves Pinto) e Miguel ( Alexandre Borges) encontram uma possível saída para um futuro sem esperança aqui na Pátria amada. Destino? Europa. Mais precisamente, Portugal, Lisboa. Mas o que parecia ser uma possibilidade, acaba se reve;ando uma grande furada: contrabando, drogas, imigração a todo vapor, desemprego..ou seja, aqui como lá, a desgraça é a mesma. E nesse mundo sem esperança, Walter Salles e Daniela Thomas imprimem essa jornada da alma, esse road movie que fala sobre uma geração, no caso a do pós plano Collor, que não achou uma possibilidade de redenção. Amarga o fracasso, a desilusão. É um filme pessimista, sem dúvida alguma. Belo, lírico, com uma fotografia extraordinária em preto e branco de Walter Carvalho, uma trilha acachapante de José Miguel Wisnik e locações deslumbrantes em Portugal. Mesmo aqui na cidade de São Paulo, Walter Carvalho tira beleza da decadência do centro, do minhocão. Walter já ensaia portraits de populares, como depois faria em "Diário da motocicleta". E algumas referência a Kubrick, principalmente no final, a "O iluminado"e "O grande golpe". Um clássico do cinema nacional, obrigatório e que representa uma tentativa de dar voz à uma geração que quiz gritar e dizer ao mundo que existe. A cena final é uma obra-prima, Fernanda Torres cantando "Vapor barato" de Gal Costa. Fernando Alves Pinto, iniciando a sua vida profissional, exalando frescor e talento em um papel dificílimo, rodeado por um elenco de mega bambas, como Laura Cardoso, Luís Mello e Tchecky Karyo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário