segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Só Deus sabe

"Heaven knows what", de Ben Safdie e Joshua Safdie (2014) Como eu sempre digo, a vida depende de 3 fatores: Talento, Sorte e oportunidade. Arielle Holmes é uma jovem de 19 anos. Sem teto, viciada em heroína. Moradora de rua. Um dia, o cineasta Joshua Safdie caminhava pelas ruas fazendo uma pesquisa para o seu novo projeto, quando se deparou com Arielle na rua. Ele ficou instigado com aquela figura e a questionou se ela não poderia fazer parte do seu projeto. Passado um tempo, eles ficaram amigos e ele a motivou a escrever as suas memórias, que ficou chamado de "Mad love in New York City". Joshua abandonou o seu projeto original e convidou Arielle a protagonizar a sua própria história. E assim saiu "Só Deus sabe", um filme hibrido de documental e ficção, no melhor estilo de John Cassavetes: totalmente naturalista. Joshua e Ben filmaram muitas cenas com câmeras escondidas, e Arielle, aqui com o nome de Harley, convive nas ruas com viciados de verdade, misturados com atores. Essa mescla incrivel de não atores e atores confere uma energia raramente vista em filmes, pois o que está se vendo ali é a não representação. Mesmo quem é ator profissional teve que se anular totalmente em termos de atuação. Essa é a contribuição documental ao filme. Harley ( Arielle) mora nas ruas com Ilya ( O ator Caleb Landry Jones). Ambos viciados em heroína, passam os dias pedindo dinheiro e se picando nas ruas de New York. Porém Ilya maltrata Harley, e a instiga para que se mate. Um filme forte, obrigatório para atores que querem interpretar drogados. Para quem busca entretenimento, evite totalmente de assistir ao filme. O que vemos durante seus 94 minutos são cenas intermináveis de consumo de drogas, tentativa desesperada de sobreviver nas ruas e zero motivação para sair desse mundo. Não existe a mitificação do drogado, muito menos um olhar piedoso por parte dos realizadores, o seu grande trunfo. Arielle, por conta do filme, se internou em uma clínica de Rehab, estudou e agora está contratada como atriz em uma agência, participando inclusive de outras produções. Destaque para a fotografia de Sean Price Williams, que filmou quase tudo com lentes teleobjetivas. Ele é o querido dos independentes americanos, um ás de filmar com pouca luz em locações e interiores. Nota: 8

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