sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O julgamento de Viviane Amsalem

"Gett", de Ronit Elkabetz e Shlomi Elkabetz (2014) Escrito e dirigido pelos irmãos israelenses Ronit Elkabetz e Shlomi Elkabetz, esse poderoso drama é um acontecimento cinéfilo: acontece em um único espaço, no caso, a pequena sala de tribunal onde estão os juízes, os réus ( Viviane e seu marido Elisha) e os advogados de ambos. Um filme de baixíssimo orçamento, totalmente dependente do seu roteiro e do trabalho dos atores. E é aí que tudo funciona. Que atores magistrais e que diálogos. O roteiro é simples: uma mulher deseja se divorciar do seu marido, alegando que não o ama mais. Ele leva anos para conseguir o divórcio, em vão. Isso tudo porquê em Israel, os rabinos funcionam como juízes: somente eles podem conceder o divórcio, contanto que o marido aceite. E esse é o dilema de Viviane: seu marido não quer lhe conceder o divórcio. Assim, anos se passam, e tudo continua na mesma. Brilhante, o filme discute o papel da mulher em uma sociedade arcaica; a burocracia e como a religião e a ortodoxia do pensamento da sociedade podem destruir moralmente uma mulher, que não encontra voz nem poder para se defender. Em determinado momento, até o seu advogado de defesa é acusado de ter envolvimento amoroso com ela. O filme tem uma história tão absurda, que é impossível não rir em vários momentos. Qualquer cineasta, recebendo um convite de um produtor para dirigir esse filme, ficaria apavorado em filmar tudo em apenas uma sala, com diálogos intermináveis. Ronit Elkabetz e Shlomi Elkabetz conseguiram esse grande feito, graças ao talento incontestável do elenco. Nota: 8

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