sábado, 12 de dezembro de 2015

Joelma, 23 o andar

"Joelma, 23o andar", de Clery Cunha (1980) Primeiro filme de temática espírita produzida no Brasil, é uma adaptação do livro "Somos seis", psicografada por Chico Xavier. No livro, acompanhamos o relato de 6 pessoas que morreram ainda jovens, sendo 2 delas por conta do incêndio no Edifício Joelma. O incêndio, de proporções catastróficas, aconteceu na capital de São Paulo em 1974, e 189 pessoas faleceram. O mais curioso desse filme é que ele mescla 2 gêneros populares: o filme catástrofe, na melhor tradição de "O inferno na torre", e o filme de tema espírita. O filme adapta a história de Volqimar, uma professora que trabalha no prédio no 23o andar, em uma empresa de processamento de dados. O irmão dela trabalha no mesmo prédio, e eles moram com a mãe. Quando Lucimar ( nome da personagem no filme, interpretado pro Beth Goulart, aos 16 anos de idade), morre por asfixia no incêndio, o seu espírito aparece para a sua mãe, para confortá-la. A mãe se assusta, e junto dos filhos e de amigos, vai até Uneraba visitar Chico Xavier, que psicografa uma carta escrita pela filha Lucimar. Na época do lançamento, "Joelma" foi um grande sucesso. O roteiro é doutrinário, e existe uma personagem no filme que ensina ipsis literis o que significa ser "espírita". O próprio Chico Xavier aparece no filme. O grande valor do filme é justamente a sua parte documental: o registro assustador e chocante das imagens reais do incêndio e a morte das vítimas, em cenas violentas dos desesperados se jogando do alto do prédio; e as imagens sobre a peregrinação dos fieis em visita a Chico Xavier. No entanto, o filme carece de um cuidado maior no trabalho com o elenco e com a parte técnica. Boa parte dos atores é fraca, e a dublagem é algo que destrói quase que por completo as boas intenções do filme. É uma verdadeira tragédia. A lente zoom também foi um recurso bastante usado no filme, mas visto hoje em dia, fica risível, provocando uma sensação de filme datado. Vale assistir como curiosidade e como registro da cidade de São Paulo em 1979, ano das filmagens.

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