terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O fim e os meios

"O fim e os meios", de Murilo Salles (2015) Filmes com tema político no Brasil estavam fora da pauta da filmografia nacional a um bom tempo, salvo raríssimas excessões, como "Uma longa viagem", da Lucia Murat. Murilo Salles possui um histórico de filmes bem ecléticos em relação a gêneros: drama, ação, policial, suspense. Agora, fechando essa tempo, ele vem com uma mistura interessantíssima de filme político e thriller. Já imaginaram a mistura de 2 obras-primas do cinema, "Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita", de Elio Petri, e "Sob o domínio do medo", de Sam Peckimpah? Paulo ( Pedro Bricio) é um publicitário com uma relação mal resolvida com Cris ( Cintia Rosa), melhor atriz em João Pessoa), jornalista investigativa. Ela está grávida, mas Paulo se assustou e sumiu. Agora, ele quer recomeçar vida nova e pede desculpas a Cris. Juntos, eles seguem até Brasília: Paulo recebeu um convite milionário para produzir uma campanha para um Senador. Ele conhece Hugo ( Marco Ricca), político que o ajudará na campanha. Os meandros da política acabam interferindo na vida pessoal e profissional de Cris, que fica à mercê da ética profissional e pessoal quando percebe que Paulo acaba se envolvendo com a corrupção. Belamente interpretado pelo trio principal, e uma direção segura e precisa de Murilo Salles, o filme instiga e provoca com seus temas polêmicos, que farão a festa de grupos conservadores. Porém a grande estrela do filme é a fotografia. Com enquadramento e marcação de planos estudados minuciosamente, o filme impressiona pela sua beleza plástica. Janice D'ávila está de parabéns pela fotografia, mesmo que eu tenha assistido em uma sessão com projeção ruim, estava muito evidente a qualidade técnica do filme. É um filme denso, árido, de narrativa fria, no melhor sentido da palavra.

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