sábado, 16 de janeiro de 2016

O novíssimo testamento

"Le tout nouveau testment", de Jaco Van Dormael (2015) Quem conhece a filmografia do cineasta belga sabe que tipo de filme vai encontrar. Antes mesmo de "Amelie Poulain", Jaco Van Dormael já fazia uma mistura deliciosa de poesia, lirismo, fantasia, musical e sátira. Em 1991, ele realizou o clássico "O homem de duas faces", que brincava com o cinema de gênero noir, mesclado a romance e musical. Em 2009, ele lançou o excelente "Sr Ninguém", que infelizmente foi pouquísismo visto e é uma fantasia sensacional, protagonizado por Jared Leto, sobre um homem ancião que relembra do seu amor do passado, em uma estrutura de viagem no tempo futurista. Agora ele lança "O novíssimo testamento", que tem uma premissa inteligente: Deus existe, mora em Bruxelas, casado e pai de uma filha. Sua esposa é passiva, nem abre a boca para nada. A filha nunca saiu de casa e o filho Jesus Cristo virou uma entidade. Deus é mau humorado e passa o dia inventando maldades para o ser humano. Um dia,a filha sacaneia o pai e manda para as pessoas o dia que todos morrerão. Isso provoca um sentimento de comoção e alegria entre as pessoas, de acordo com a distância da data da morte de cada um. A filha resolve fugir de casa e ir em busca de 6 novos apóstolos para criar o "Novíssimo testamento". Seu pai, Deus, no entanto, vai em seu encalço. O roteiro, co-escrito por Jaco Van Dormael, diverte, provoca gargalhadas e ao mesmo tempo, emociona com a sua mensagem romântica e otimista sobre o destino do ser humano, que em princípio, está fadado ao pessimismo e ao egocentrismo. O elenco é formidável, composto da nata do que há de melhor no elenco francês: atores que dosam humor e dramaticidade. A pequena Pili Groyne é um grande achado, uma menina muito sagaz e carismática. Ela carrega o filme quase todo nas costas e ainda o narra quase que por completo. Benoît Poelvoorde ( de "Românticos anônimos") faz Deus de forma brilhante. François Damiens ( de "A familia Bellier") faz o assassino, um dos apóstolos. Outros atores geniais também estão no elenco compondo personagens mágicos, e entre eles está Catherine Deneuve, que se diverte no papel de uma Mulher rica que mantém um caso com..um gorila! O filme é assim o tempo todo: brinca com linguagem, com cores, com o surrealismo, com o imaginário. é lindo demais e muito inventivo. Tinha horas que eu remetia a "O pequeno príncipe", por conta do tema da criança que dá lugar a um adulto sem vida e sem esperança. No final, um toque de feminismo para coroar a história. O filme não é recomendado para religiosos que se ofendem com sátira ao catolicismo. O filme foi indicado para Melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro 2016. Nota: 10

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