domingo, 17 de janeiro de 2016

Stromboli

"Stromboli", de Roberto Rosselini (1949) Após assistir ao excelente documentário "Eu sou Ingrid Bergman", me dei conta de que assisti poucos filmes da fase européia de Ingrid Bergman, principalmente os filmes que ela fez com Rosselini. Em 1948, Ingrid Bergman estava com sua carreira no auge em Hollywood. Porém, ela se sentia incomodada com a indústria de cinema americano e a forma como os atores se relacionavam ao projeto. Após assistir a 2 filmes de Rosselini, "Roma cidade aberta"e "Paisá", Ingrid escreveu uma carta para ele pedindo para trabalhar com ele, pois ela buscava o cinema realista que ele realizava Assim, começou uma parceria entre os 2. Dessa união, surgiram 6 filmes. Mas o que realmente provocou escândalo e fofoca no mundo do show business foi o fato de Ingrid ter abandonado marido e filha nos Eatados Unidos , ter engravidado de Rosselini e se casar com ele. Os americanos jamais a perdoaram. "Stromboli" foi boicotado e poucas pessoas o viram. O que foi uma grande injustiça. É curioso assistir Ingrid Bergman em cena num filme neo-realista italiano: em locações, com não atores. Seria, para mim, o mesmo que escalar Grace Kelly para filmar no sertão da Paraíba nos anos 40 em preto e branco. É uma ruptura muito forte para uma estrela de Hollywood de primeiro quilate. Ingrid interpreta Karen, uma Lituana que se encontra prisioneira em um campo de refugiados. É o fim da 2a Guerra, e Karen quer pedir asilo na Argentina. Porém, o pedido é negado, e para sair do campo, ela aceita se casar com outro prisioneiro, Antonio, um pescador italiano. Antonio a leva para morar em sua casa, na Ilha vulcânica de Stromboli, no Mar Tirreno. Karen se assusta: ela não imaginava tamanha pobreza. Além de tudo, ela é cortejada pelos homens e desprezada pelas mulheres. Karen quer fugir de lá, mas não tem como. Até que conhece um rapaz que cuida do farol e que pretende ajudá-la. O personagem de Ingrid e a sua vida pessoal se misturam de forma muito clara. Exposta a uma nova realidade e sofrendo o desprezo dos americanos, ela é obrigada a criar forças e lutar contra os que a abominam. Rosselini escala poucos atores, e em sua maioria, os moradores de Stromboli é quem interpretam os personagens. O rendimento da atuação é irregular. Mas Ingrid é a atriz perfeita para o personagem. Exótica, bela, assustada. A locação de Stromboli me fez lembrar de "A aventura", de Antonioni. A ilha onde ele filmou é próxima ao de Rosselini, acredito até que Antonioni deva ter usado esse filme como referência. É um filme triste, de desfecho desolador. Algumas cenas são filmadas como se fossem um documentário, principalmente a pesca de peixes, assustadoramente cruel. Outro momento tenso é quando mostra um furão atacado um coelho. É Rosselini mostrando que o Cinema italiano é real. Nota: 7

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