domingo, 28 de fevereiro de 2016

A invisível

"Die Unsichtbare", de Christian Schwochow (2011) Obrigatório para Atores e Diretores assistirem, esse contundente drama alemão narra a relação entre uma Atriz emocionalmente instável com um Diretor de teatro tirano, que está encenando uma peça teatral experimental e visceral. Todo mundo vai dizer: "Ah, esse filme já foi feito. Tem o " Cisne negro" e " Whiplash". Ok, mas o primeiro fala sobre o universo da dança e o segundo, da música. Em " A invisivel", existe a discussão pertinente sobre o limite ético entre o que pode ser considerado abusivo ou em favor da Arte. O filme está longe de ser uma obra prima, mesmo porque seu roteiro é polêmico e se encaminha por caminhos que provavelmente Atores mais consagrados não seguiriam. Mas espertamente, o roteiro escrito pelo cineasta e a sua mãe fala do Universo dos estudantes de Teatro, que são aspirantes a um mundo onde tudo parece ser permissivo e em nome da Arte, mas que por trás disso tudo pode se esconder fetiches ou exercícios meramente masoquistas. Josephine( Stine Fisher, extraordinaria na composição da frágil e posterior forte personagem) é estudante de artes dramáticas. Ela é a Invisivel do título, aquela que ninguém percebe a sua presença. Tímida e frágil, ela mora com a sua mãe e a sua irmã Jule, desequilibrada mental. Josephine se angustia todas as vezes que ensaia e que se relaciona com os outros colegas de cena. Ela é a pessoa mais improvável para ser selecionada para qualquer teste. Um diretor famoso, Kaspar, (Ulrich Noethen), resolve montar sua nova peça com estudantes e faz uma audição. Para surpresa de todos, Josephine é escolhida para ser a protagonista. Durante os ensaios, mediante exercícios que extrapolam a ética, fica claro para Josephine que ela foi selecionada por conta de seu diagnóstico de distúrbio mental. O diretor vai cada vez se apropriando mais da memória emotiva e da vivência de Josephine para construir a sua personagem na peça, que se chama Camille, que é o oposto de Josephine. Ela resolve se apropriar da persona de Camille e vai em busca da construção da personagem perambulando pelas ruas vestida como tal. Roteiro inquietante, polêmico, que deveria ser obrigatório para discussão entre grupos de estudantes e artistas. Independente do que o espectador achar do filme, é inegável o talento formidável de todos os atores. Uma em especial me chamou a atenção: Christina Drescler, no dificílimo papel de Jule. A sua composição física é algo de assombroso, a ponto de eu pesquisar no Google se ela é atriz ou portadora real de alguma doença mental. O desfecho vai se encaminhando para um caminho óbvio, mas aí o roteiro habilmente se desvencilha. Chorei no final, como um confirmação de que nada como o Palco para o Artista afirmar que se apropria dele para viver. Stanislawsky ficaria feliz do filme .

Um comentário:

  1. ainda não vi. achei interessante quando li a respeito pela primeira vez e de cara já me veio à mente o "vênus à flor da pele". você conhece? agora que li seu comentário fiquei instigado a assisti-lo.
    adorei seu blog. vi que nas postagens antigas você dava notas aos filmes. adoraria ver isso mais vezes. confio em sua classificação rsrs
    qualquer filme com nota maior do que 7 em seu blog eu certamente assistiria

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