Código desconhecido

"Code inconnu: Récit incomplet de divers voyages", de Michael Haneke (2000) Filme posterior a "Funny games', que em 1997 arrebatou Cannes, é o primeiro filme em língua francesa de Michael Haneke, que o escreveu depois da atriz Juliette Binoche ter lhe procurado e dito que queria trabalhar com ele. Realizado em 2000, ou seja, 2 anos antes da unificação da moeda Euro na Europa, "Código desconhecido" impressiona pela sua atualidade. Ou seja, fora a moeda, nada mudou. Está tudo igual: a questão da imigração, do desemprego, da xenofobia, da indiferença, do egocentrismo e da incomunicabilidade. e olha que nem existia Facebook ainda, nem Whatsapp, e as personagens no filme mal se falam. Haneke se apropria do estilo de narrativa "Filme painel" de Robert Altman e conta diversas histórias. Todos os personagens se entrecruzam em várias situações. São 4 as histórias principais: Anne ( Juliette Binoche), que mora com George, um fotógrafo de Guerra que cobre o conflito em Kosovo. O casal vive um conflito interno, eles não se entendem e vivem questionando a relação. Tem a história de Jean, um adolescente, irmão de George, que mora com o pai em uma fazenda e está insatisfeito com a sua vida. Tem a história de Maria ( Luminita Gheorghiu, atriz romena de "Instinto materno"), que é uma imigrante romena que acaba esmolando nas ruas de Paris. E tem Amadou, um jovem negro, professor de música para crianças surdas mudas. Todas essas histórias se cruzam logo no início do filme, em um plano-sequência bem foda, de 8 minutos, que acontece nas ruas de Paris e que já mostra a tensão racial e social pelo qual a Europa está passando. O filme tem cenas antológicas, como a da estação de metrô com Juliette Binoche, e tensas, como a da piscina. Haneke é um excelente diretor de atores, e estão todos muito bem. Sua linguagem está toda ali: narrativa fria, planos longos e bem concebidos e claro, a violência, que dessa vez é interna. O filme venceu o Prêmio ecumênico em Cannes. Nota: 8