quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Em carne viva

"In the cut", de Jane Campion (2003) A neo-zelandesa Jane Campion ganhou fama ao realizar "O Piano" em 1993, vencendo os Oscar para atriz e atriz coadjuvante para Holly Hunter e Anna Paquin. 10 anos depois, no auge do sucesso, ela co-produz e dirige "Em carne viva", escrito e produzido em conjunto com a atriz Nicole Kidman. Essa primeira produção de Kidman acontece porquê ela iria protagonizar o filme, mas devido a questão do divórcio com o então marido Tom Cruise, ela declinou do papel. Para o polêmico papel da professora Frannie, foi escalada Meg Ryan. Na época foi um choque, pois ninguém imaginaria que a "namoradinha" da America, por conta de tantas comédias românticas que protagonizou, teria coragem de aceitar um papel tão cru e sexual. Faço um paralelo com Diane Keaton: até então considerada também careta, ela decidiu protagonizar "Á procura de Mr Goodbar", em 1977, um filme controverso sobre uma professora frígida que busca sexo nas noites de bar em bar. Foi um auê fudido e todo mundo dizia que a carreira dela estava abalada. E não foi o que aconteceu, ela acabou no mesmo ano ganhando um Oscar por "Annie Hall". Meg Ryan, interessante dizer, está a cara de Nicole Kidman no filme. Frannie é uma professora que escreve um livro sobre o submundo de Nova York. Sua meia -irmã, Paulina ( Jennifer Jason Leigh, em um daqueles papéis que a eternizaram, a da porra louca) é uma ninfomaníaca. Assassinatos tem acontecido na vizinhança: mulheres são decapitadas. Até que surge Malloy ( Mark Ruffalo), um detetive bronco e machista que vem investigar os crimes. Ele e Frannie acabam se envolvendo, muito por cpnta do sexo selvagem que ele lhe oferece. O que realmente chama a atenção no filme é a excelente fotografia, de Dion Beebe, e a atmosfera mezzo onírica mezzo assustadora promovido pelas lentes e pela direção sedutora de Jane Campion. Mas o que não faz o filme decolar? A sua primeira parte é indefinida. Não sabemos se é um drama, se é um suspense. Fica tudo meia boca, sem prender a atenção do espectador. Somente a partir do meio em diante, o filme vai seguindo um rumo mais concreto, conquistando o espectador que já estava desistindo. O filme é longo, e as cenas de sexo são pudicas se comparadas a 'Instinto selvagem". Mas o que realmente fez o filme acontecer na mídia é a participação de Meg Ryan. Ela se reinventou, e sim, está bem no filme. Sem pudores, sem vaidades. Ponto para Jane Campion, que também escalou acertadamente um ainda novato Mark Ruffalo. Para os assanhados, assistam a versão sem cortes, que tem uma rapida cena de sexo explícito no início, no bar.

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