sábado, 6 de fevereiro de 2016

Que estranho chamar-se Federico

"Che strano chiamarsi Federico", de Ettore Scola (2013) Com o falecimento recente do Cineasta italiano Ettore Scola, em janeiro de 2016, resolvi assistir a esse filme que eu havia perdido na época da exibição em circuito. Em primeiro lugar, e' preciso dizer que a filmografia de Scola foi fundamental para a minha formação como cinéfilo. Filmes como " Nós que nos amávamos tanto", " O baile", " A viagem do Capitão Tornado" , " Um dia muito especial" e " Splendor" fizeram a minha cabeça e suas imagens custam a sair da minha mente. Quando isso acontece, a gente sabe que está diante de um Artista. Esse e' o mesmo pensamento que Scola tinha ao rever nesse filme as imagens e cenas antológicas da obra do amigo Fellini. E " Que estranho chamar-se Federico" e' isso. Uma declaração de amor de um amigo e fã. Scola e Fellini foram amigos por mais de 50 anos. Começaram juntos em um jornal, desenharam caricaturas, fizeram filmes juntos e dai cada um começou a seguir o seu caminho, porém jamais se separando. Um visitava o set do outro, e juntos do ator e amigo inseparável, Marcello Mastroianni, formavam um trio de ouro. O último elo dessa tríade se foi, mas a obra incalculável de ambos amigos cineastas permanecerá para sempre na memória dos Cinefilos. O filme mistura imagens de arquivo, entrevistas de época, ficcionalização da história de Fellini e Scola usando atores e trechos de filmes. Mas o mais interessante como recurso de linguagem, e' Scola se apropriar da máxima de Fellini e fazer assim a sua viagem emocional: Cinema e' tudo mentira. Assim, quase todo o filme é rodado no Estúdio 5 de Cinecitta, local aonde Fellini rodou boa parte de seus filmes. Ali, Scola montou cenários e com a ajuda de telões e projetores, aplica imagens de uma Roma Felliniana e nostálgica. A trilha sonora evoca as famosas músicas de Nino Rota, parceiro habitual de Fellini. E que interessante sabermos que a inspiração dos roteiros de Fellini vinham da rua, de pessoas comuns ( como a inspiração de Cabiria). O desfecho do filme e' belíssimo, com um pout pourri de cenas de filmes de Fellini e Scola ao som de Nino Rota e seu " 8 e 1/2". Lindo e obrigatório para Cinefilos.

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