domingo, 14 de fevereiro de 2016

Rainha do deserto

"Queen of the desert", de Werner Herzog (2015) O que acontece quando um dos diretores que você mais apreciou pela sua filmografia, famoso pela anarquia, ousadia e loucura, se adequa ao esquema do cinemão épico Holllywoodiano? Podíamos comemorar a diversidade desse Cineasta, que passeasse tão bem entre o "Mainstream" e o cinema de Arte. Mas infelizmente, não é o que aconteceu com o alemão Werner Herzog. Ao aceitar dirigir essa epopéia sobre Gertrude Bell, famosa historiadora, política e historiadora inglesa do início do Século XX, Herzog realizou um dos filmes mais burocráticos, entediantes e sem emoção que já vi. Em 2:10 horas de filme, não teve sequer um único momento de impacto, de força que pudesse justificar assistir a esse filme tão longo. Talvez Herzog devesse ter assistido a "Lawrence da Arábia" e entender que para que um filme seja bom, não basta ter excelentes locações, fotografia e elenco: tem que ter um roteiro empolgante. Com um elenco estelar ( Nicole Kidman, James Franco, Robert Pattinson), o filme busca se apoiar totalmente no carisma deles e das locações, incrivelmente belas, mas pouco para sustentar um filme tão longo, Gertrude (Kidman) é uma inglesa inconformada com a vida social inglesa, e implora para o seu pai para que a mande para a Arábia. Assim, no início do Séc XX ela vai parar no Teerã, como representante inglesa na Embaixada britânica do Irã. La, ela acaba se apaixonando pelo secretário Henry ( Franco). s anos passam, Gertrude agora vai se envolvendo com a política e com os beduínos do deserto. Os anos se passam, e o filme passa a explorar a sua épica jornada na política entre os povos do deserto, inclusive conhecendo T.E. Lawrence ( que vem a ser o personagem Lawrence da Arábia, aqui interpretado por Robert Pattinson). Gertrude ajudou a dividir o limite entre as regiões nos países hoje conhecidos como Jordânia e Iraque. O filme também foca o romance de Gertrude com vários homens,s em no entanto, se firmar em nenhuma relação. Ela morreu em 1926, solteira, enterrada em Bagdá. O filme procura também mostrar a força de uma mulher em uma época e lugar onde o machismo imperava. Nicole Kidman faz o que pode, e está bem, porém prejudicada por um roteiro insosso e sem emoção. O que prejudica é a sua caracterização: os anos se passam, e ela está sempre igual. Franco e Pattinson estão no piloto automático, e ver Pattinson vestido como beduíno fazendo um papel que já foi de Peter O'toole, realmente é bem estranho. Aqui, Herzog pela primeira vez trabalha com uma protagonista feminina. Uma pena que ele não tenha dado a ela aquela dimensão de loucura que a gente tanto ama em seus personagens mais famosos: Fitzcarraldo, Kaspar Hauser, Aguirre, Woyzeck. Afinal, uma mulher com a dimensão de Gertrude, na época em que ela viveu, só sendo bastante louca. O filme participou da Competição em Berlin 2015.

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