domingo, 7 de fevereiro de 2016

Um filme francês

Um filme francês", de Cavi Borges (2015) Ah o Cinefilo, esse Ser tão estranho que dentro e fora das telas exala paixão por filmes que fizeram a sua cabeça. Quando essa paixão se materializa de Cinefilo para Cineasta, a vontade de querer homenagear todos os que mudaram a sua percepção do mundo se faz quase que como uma obrigação. Nouvelle vague, Truffaut, Godard, Agnes Varda ( Será que o nome da personagem Cleo não vem do filme " Cleo de 5 as 7"? )... A música também tem lugar certo nesse filme de memórias: Jim Morrison, Jorge Benjor, Jards Macale... E já que falamos de memória e nostalgia, está valendo imortalizar a Cinemateca do Mam, o cine Santa, o Odeon, a Cavideo ( locadora do diretor Cavi Borges, especializada em filmes cults). O filme brinca com referências a vários filmes clássicos, inclusive com os atores reproduzindo as cenas ( como a corrida em " Jules e Jim", ou a dança em trio de " Bande a parte".). Na metalinguagem de atores interpretando atores, vale até divulgar a peça que uma das atrizes está ensaiando, " Sarau das putas". Erom Cordeiro, Juliana Terra e Patrícia Niedemeier dão vida a um casal de atores e a uma diretora de filme independente que passam o filme todo ensaiando para um filme que irão rodar. O filme discute o processo criativo de todos, e foi nessa parte que me diverti mais. É notório que na Nouvelle Vague era permitido aos atores improvisar, e isso é nítido no filme. Mas a personagem da diretora, inconscientemente, exige que seus atores hajam como ela quer. Ela fala muito, é ansiosa. É divertido ver e refletir o quanto o Diretor muitas vezes atrapalha o processo criativo do Ator e faz comentários inapropriados na hora errada. Rodado em preto e branco ( Raoul Cottard, fotografo mor do cinema francês, sinta-se homenageado), o filme transita entre enquadramentos clássicos e câmera na mão, marca da liberdade técnica da Nouvelle Vague. Os atores se divertem em papéis espontâneos, brincando de Ana Karina, Jean Paul Belmondo, Jean Seberg, Jeanne Moureau. Triângulo amoroso, esse é o símbolo do amor francês. A quem interessa um filme nacional que se chama " Um filme francês"? Nessa mistura tresloucada entre a malícia carioca e a sofisticação francesa, ganha o espectador que está em busca de Amor. Amor ao Cinema, amor aos filmes, amor ao ofício de atuar, dirigir, viver a Sétima arte.

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