quinta-feira, 31 de março de 2016

Cemitério de esplendor

"Rak ti Khon Kaen", de Apichatpong Weerasethakul. O cineasta tailandês com o nome mais difícil do mundo teve o seu filme "Cemitério do esplendor" exibido no Festival de Cannes 2015. Do mesmo festival, ele já saiu com prêmios por "Mal dos trópicos" e "Tio Bonmee". Sempre trabalhando com os temas do sonho, fantasia, tradição, surrealismo e reencarnação, Apichatpong se utiliza de planos fixos e planos gerais para contar a narrativa desse seu mais recente filme. No entanto, o maus curioso de tudo não é nem o filme em si, mas sim, o nome do ator americano Danny Glover na produção do filme. Fora isso, ainda tem a presença do fotógrafo mexicano Diego Garcia, responsável também pelo brasileiro "Boi neon". Em um hospital improvisado, soldados que trabalham na obra em um terreno do lado de uma floresta ficam subitamente acometidos por uma doença que os leva a um sono profundo, e nunca mais acordam. A obra em questão é para destruir o prédio desse hospital, onde outrora foi uma escola, e em tempos passados, um Palácio de grandes Reis. Acredita-se que os espíritos dos reis e guerreiros se apossaram dos soldados, e que eles continuam batalhando. O cemitério dos Reis fica exatamente onde está o hospital. Uma voluntária, Jenjira, casada com um soldado americano aposentado, se oferece para cuidar de um soldado em troca de medicamentos para a sua perna, deficiente. No hospital, ela conhece Keng, uma jovem médium que tem o poder de se comunicar com os soldados adormecidos. Itt, o soldado que Jenjira cuida subitamente acorda, e eles confidenciam suas histórias um para o outro. Até que Itt adormece de novo, e seu espírito baixa em Keng. Keng/Itt e Jenjira circundam a floresta, e Keng/Itt vai narrando para Jenjira a história do passado daquela região. O roteiro é complexo mesmo, e quem está acostumado aos filmes de Apichatpong, vai até achar esse filme um de seus mais acessíveis. No entanto, mesmo que o espectador não curta nada da história, é inegável a beleza das imagens, principalmente no belíssimo desfecho, que une uma aula de dança em praça pública a um jogo de futebol de crianças nos buracos escavados pelo trator no terreno da escola. Tenho que admitir que Apichatpong é um dos artistas mais criativos e originais em atividade, os seus roteiros são sempre repletos de simbolismos e metáforas que podem representar tantas coisas, que fica difícil tentar compreender os significados em sua plenitude. São filmes que permitem ao espectador uma verdadeira viagem sensorial.

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