sexta-feira, 20 de maio de 2016

Certo agora, errado antes

" Ji-geum-eun-mat-go-geu-ddae-neun-teul-li-da", de Hong Sang-soo (2015) Escrito e dirigido pelo cineasta sul coreano Hong Sang-soo, um dos realizadores mais conhecidos e premiados no circuito de Festivais internacionais. Esse aqui venceu, entre outros tantos prêmios, os troféus de Melhor filme e melhor ator em Locarno 2015. Para quem já é habitueé dos filmes de Hong Sang Soo, já sabe o que vai encontrar: o protagonista é um Cineasta, e o filme discorre sobre um relacionamento amoroso, geralmente alguém que o personagem acabou de conhecer. Seu estilo narrativo é simples: planos longos, sem cortes, e uso de lente zoom para poder se aproximar ou se afastar do objeto em questão. A direção de atores é minimalista: parece que estamos vendo um documentário, o diretor liga a câmera e acompanhamos longos diálogos e tempos mortos entre os personagens, quase sempre improvisado. É um trabalho primoroso e exemplar com os atores. Um cineasta famoso vai visitar uma cidade na Coréia do SUl para acompanhar a exibição de seu filme e posterior debate com a platéia. No entanto, ele chega 1 dia antes. Sem programacão, ele resolve conhecer a cidade e esbarra com uma linda jovem, ex-modelo e atual pintora. eles passam o dia juntos, conversando sobre vida, amor, trabalho, paixão. Claro que de cara, o filme lembra o clássico de Richard Linklater, "Antes do pôr do sol". Um encontro fortuito entre 2 pessoas que acabam se apaixonando durante 1 único dia é motivo de muito romantismo. Mas o filme, acreditem, me fez lembrar também de um outro clássico: "Feitiço do tempo", o cultuado filme com Bill Murray. Isso porquê Hong Sang Soo utiliza um recurso narrativo fantasioso: o filme se passa em um 2 dias, mas são 2 dias que se repetem. O espectador acompanha a primeira hora do filme, e do nada, as mesmas cenas já vistas se repetem, mas com desfecho diferente. É um belo trabalho de direção e atuação. Principalmente o ator Jeong Jae-yeong, de "Senhor Vingança", de Park Chon Woo. Ele simplesmente faz 2 performances totalmente diferentes dentro da mesma cena. O filme, como toda obra de Song Soo, tem um ritmo extremamente lento, mas delicioso de se acompanhar, para quem se permitir desgustar iguaria finíssima. A cena final é linda de morrer. A mensagem do filme traz aquela paixão de cinéfilos que entendem que o Cinema, e a sala de cinema, são fundamentais para nos entregarmos a um mundo utópico, fantasioso, que nos faz fugir da triste realidade.

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