quinta-feira, 26 de maio de 2016

De amor e de trevas

"Tales of love and darkness", de Natalie Portman (2015) Estréia da atriz Natalie Portman na direção, 'De amor e de trevas" foi exibido em 2015 no Festival de Cannes. Os críticos normalmente torcem o nariz para atores que se aventuram na direção, porém Natalie realizou um filme honesto sobre a infância e juventude de um dos maiores escritores israelenses, Amos Oz. Amos também é jornalista e pacifista, e um dos maiores defensores da união pacifica entre judeus e palestinos. Baseado no livro de Amos Oz, Natalie adaptou ela mesma o roteiro. Focado na sua infância, ainda nos anos 40 e mostrando a formação do Estado de Israel, o filme faz um relato sombrio da vida dos novos judeus em um País totalmente novo, e da família de Amos. A sua mãe, Fania ( Natalie Portman) teve uma infância rica e próspera, cheia de sonhos. Com o advento da 2a Guerra, ela perdeu tudo. Casou-se sem amor, e se fechou em um mundo de depressão, só se abrindo para esparsos momentos de felicidade quando convive com o seu filho, Amos ( Amir Tessler). Fania passa os dias narrando histórias fantásticas e carregadas de mensagem para Amos, incentivando o seu olhar crítico sobre a vida e o mundo. Depois, com o suicídio de Fania, Amos entra para o Kibutz, e lá toma consciência política e social sobre o seu País e seu povo, e o eterno conflito com os vizinhos palestinos. Bem dirigido por Natalie, o filme alterna momentos de romantismo com a brutalidade da rotina dos judeus que moram em eterno clima de tensão em Israel. Natalie está ótima, e o pequeno Amir Tessler é uma grande revelação. O filme é todo falado em hebraico, conferindo mais realismo ao projeto ( fosse em inglês não seria tão potente). A fotografia varia entre momentos crus e fortes com imagens fantasiosas, como se fizessem parte de um mundo mágico. A trilha sonora também trabalha com emoção muitas das cenas. Um filme para se assistir sem medo, de ritmo lento, mas cheio de sentilmentalismo ( excessivo às vezes, mas com uma realidade tão perversa, foi a forma que Natalie encontrou para não pesar demais na mão).

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