Aqui comento os filmes que assisto...mas sem muito saco de teorizar demais..somente comentando o básico: se gostei ou não hehehe (Comento apenas filmes vistos a partir de Outubro de 2010)
sábado, 21 de maio de 2016
Memórias do subdesenvolvimento
"Memórias del subdesarrollo", de Tomás Gutiérrez Alea (1968)
Clássico cubano realizado em 1968, anos depois da Revolução Cubana, que aconteceu em 1959, e financiado pelo Governo comunista, é uma mistura muito eficaz e envolvente de documentário e ficção, uma proposta já realizada exemplarmente na obra-prima "Eu sou Cuba", de Mikhail Kalatozov, de 1964.
O filme acompanha a trajetória de Sergio, um escritor intelectual, cuja família ( pais, esposa) fogem para Miami após o evento da invasão da Baía dos Porcos em 1961. Todos os burgueses e contrários ao regime que viria a se instalar fogem, porém Sergio resolve ficar, pois quer saber aonde que a Revolução fará efeito na sociedade e na política de Cuba. Isolado, sem família e amigos, Sergio sobrevive às custas dos aluguéis dos apartamentos pertencentes á sua família. Aos poucos, porém, ele vai percebendo que o Regime comunista vai se apropriando de todas as propriedades particulares da população, e que o direito à liberdade começa a ficar monitorada pelo Governo. Paralelo, Sergio se envolve com Elena, uma jovem menor de idade do povo, que tem o sonho de ser atriz.
Interessante esse paralelo entre o Regime que se instaura e esse desejo de Sergio por Elena, que logo depois vai se desencantando por ela, ao perceber que culturalmente ela nada tem a oferecer. Assim é esse magnífico filme, corajoso, que ao mesmo tempo que faz uma dura crítica ao mundo burguês e capitalista, também evoca a frustração de um sonho socialista que parece estar regrado a um regime de censura politica e social.
Se utilizando de imagens de arquivo vigorosas registrados após a Revolução, "Memórias do subdesenvolvimento" tem uma narrativa não linear, focada em flashbacks da adolescência de Sergio, uma linguagem que traz elementos da Nouvelle Vague francesa ( trechos de filmes de Brigitte Bardot surgem na tela) e do neo-realismo italiano.
Tomás Gutiérrez Alea realizou em 1993 seu filme mais famoso mundialmente, "Morango e chocolate", e veio a falecer em 96. O filme merece ser visto por cinéfilos e estudiosos pelo brilhante uso de uma narrativa que explora novos caminhos para a linguagem do cinema, até hoje ainda bem ousada.
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