quarta-feira, 8 de junho de 2016

Trago comigo

"Trago comigo", de Tata Amaral (2015) Hitchcock e sua obra-prima "Um corpo que cai" foram parar inconscientemente em uma montagem teatral que remonta os tempos da ditadura militar no Brasil. Carlos Alberto Ricceli, um Diretor de teatro aposentado, tenta fazer de sua musa e Atriz, Monica ( Georgina Castro) , uma versão paulista de James Stewart e Kim Novak. Ou seja: "ressuscitar" a mulher amada, no caso, a falecida Lia, uma guerrilheira que lutou no mesmo grupo armado do então jovem Telmo ( Ricceli), e que, por algum mistério que só sabemos no final da trama, foi assassinada pela polícia. Telmo, ex-refugiado e atual administrador de teatros públicos, é convidado para dirigir uma montagem teatral para ser o espetáculo de reabertura de um antigo Teatro fechado. Ele decide remontar a história de sua vida estudantil, quando, por ironia do destino, acabou se tornando ator, se apaixonou pela namorada do Diretor e entrou na luta armada. Misturando encenação e vida real, o roteiro bem armado e co-escrito pela própria Tata Amaral, Lucia Murat e Matias Mariani, ganha força pela ótima mistura de linguagens, mesclando drama e documentário, através de depoimentos emocionados de ex-combatentes. O elenco, capitaneado por um irretocável e surpreendentemente formidável Carlos Alberto Ricceli, com certeza dando a performance de sua vida aqui no filme. O elenco jovem, com Felipe Rocha e outros belos talentos, dão cor, vida e sofrimento na analogia entre o pensamento da juventude da época da ditadura e da rapaziada de hoje em dia, com postura de vida e pensamento bastante diferente. Para evitar tanta desgraça e barra pesada, o filme brinca com o Universo da relação Diretor X Ator, resultando em ótimas tiradas, como "Aqui é o personagem, não o Ator", ou quando o personagem de Felipe Rocha discorda da direção de Telmo. Um filme que vai resultar em boas discussões, sociais, políticas e porquê não, artísticas.

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