segunda-feira, 25 de julho de 2016

Mãos vazias

"Mãos vazias", de Luiz Carlos Lacerda (1971) Filmado em 1970, essa livre adaptação do romance de Lucio Cardoso encontrou forma e conteúdo nas mãos cheias do então jovem e promissor cineasta Luiz Carlos Lacerda. Em sua estreia nos longas, Bigode ( apelido carinhoso) ousa adaptar uma difícil literatura e o faz com maestria. É um filme dificil, alegórico, rodado no Brasil da ditadura. Leila Diniz interpreta uma mulher casada e enfastiada pela vida burguesa, casada com um homem que ela não ama. Eles se mudam para uma pequena cidade do interior, e lá, ela conhece outras pessoas. Incomodada com a monotonia das pessoas, ela prega a liberdade e se torna uma espécie de mártir de si mesma. Bigode se inspira nos filmes de Robert Bresson, além das pinturas de Hopper e outros artistas, para dar vida a atores e fotografia. O elenco atua com uma marcação bastante teatral: para reforçar a vida entediante, todo o elenco aparenta monotonia, em um mundo monocromático onde as emoções não afloram. O tédio domina as vidas vazias dessas pessoas. O grande trunfo do filme é a excelente fotografia de Rogerio Noel, então com 19 anos, que cria enquadramentos preciosos, que parecem verdadeiras obras de arte.

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