sábado, 29 de outubro de 2016

A tartaruga vermelha

"La tortue rouge", de Michael Dudok de Wit (2016) Em 2001, o cineasta Michael Dudok de Wit ganhou o Oscar de curta de animação pelo filme "Pai e filho". Hayao Myasaki ficou tão impressionado com o filme, que o convidou a dirigir um longa pelo famoso Estúdios Ghibli. "A tartaruga vermelha" levou 10 anos para ficar pronto. Exibido em Cannes, na Mostra "Um certo olhar", levou o Prêmio especial do juri, um grande feito, considerando que o filme é um desenho. O filme, de 80 minutos, não tem uma palavra sequer. Os personagens se comunicam através de grunhidos ou chamados sem significados. A beleza do colorido, dos traços e da composição dos quadros é incrivelmente avassalador. A trilha sonora, de Laurent Perez Del Mar, traz uma paz espiritual condizente com a mensagem do filme. Um homem surge lutando pela sua vida no oceano, durante uma tempestade. Náufrago, ele vai parar em uma ilha deserta. Ele constrói uma balsa para fugir, mas no percurso algo destrói a balsa e ele volta pra ilha. Sucessivas vezes a balsa que ele reconstrói é destruída no mar e ele não sabe o que causou o acidente. Até que finalmente, o segredo é revelado: uma enorme tartaruga vermelha o impede de fugir da ilha. Lirico, poético e trabalhando com a fantasia, "A tartaruga vermelha" é um filme instigante, aberto a mil interpretações. Em determinado momento do filme, fiquei desnorteado por algo que acontece na narrativa ( não posso contar porquê será spoiler). Mas logo a seguir, as coisas vão criando um sentido. Será que o filme quer falar sobre o quê? A criação do universo? A preservação da natureza e seus animais? A metáfora estabelecida no filme procura um significado em seu desfecho apoteótico. A mensagem parece ser clara, mas será mesmo? O que importa ao espectador, mais do que tentar descobrir os significados, é deixar -se embarcar nessa aventura romântica e melancólica, que celebra a vida e a pureza dos sentimentos humanos e dos animais. Le lembrei do prólogo de "Up, altas aventuras" e saí do cinema bem triste.

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