terça-feira, 25 de outubro de 2016

O mestre dos gênios

"Genius", de Michael Grandage (2016) O que mais me chamou atenção nesse filme sublime sobre a Arte da criação, é o ecletismo do roteirista John Logan, que adaptou o premiado livro "Max Perkins: Editor of Genius", de A. Scott Berg. Logan escreveu os roteiros de filmes tão distintos entre si, tais como o desenho "Rango", "Star Trek: Nemesis", "007 Skyffal", "Gladiador", "O aviador", "Hugo Cabret" e em breve, o novo filme da franquia "Alien". O diretor Michael Grandage estréia em Cinema. Ele só havia dirigido espetáculos teatrais na Inglaterra, com bastante prestígio. Exibido em competição no Festival de Berlin 2016, "O mestre dos Gênios" tem destaque em todos as suas categorias: elenco, roteiro, fotografia, direção de arte, figurino, maquiagem, edição, trilha sonora. Pena que ele tenha sido lançado em dimensões modestas, pois seria um forte concorrente a premiações no Oscar. O filme é baseado em história real. Em 1929, o escritor Thomas Wolfe ( Jude Law) foi ao encontro do famoso editor Max Perkins. Perkins foi o editor que lançou Thomas F Fitzgerald e Ernest Hemingway. (Colin Firth), o todo poderoso da Editora Scribner, em plena Nova York da era da crise econômica. Desesperado e frustrado por seu livro ter sido rejeitado em todos os outros lugares aonde ele o ofereceu, Wolfe se surpreende mediante o interesse de Perkins em lançar seu livro. Porém, com uma condição: que ele reduza as páginas do calhamaço. Assim, Perkins e Wolfe trabalham em uma nova versão do livro que, lançado, faz um grande sucesso de vendas e com os críticos. Wolfe apresenta o seu próximo projeto, um livro de 5 mil páginas, que Perkins pede para que ele reduza, chegando a 900 páginas. A partir daí, o filme faz uma excelente discussão sobre os limites da liberdade de criação, e o quanto uma obra pode ser manipulada por outras pessoas. Afinal, quem merece os créditos do sucesso? O autor, ou o editor? Brilhantemente, o filme levanta essa questão que atormenta a todos que trabalham com a arte da criação: Diretores de audiovisual, editores, fotógrafos, roteiristas, etc. Outro tema importante discutido no filme é o quanto estamos dispostos a nos desapegar de nossa obra. O elenco, além dos trabalhos excepcionais de Jude Law e Colin Firth, tem o apoio de grandes estrelas, também em memoráveis atuações: Nicole Kidman, no papel de Bernstein, amante de Thomas Wolfe; Laura Linney, no papel de esposa de Perkins; e Guy Pearce, no papel do escritor Thomas F. Fitzgerald. A condição feminina na época também é apontada através do contraste entre as personagens de Kidman, a ousada e vanguarda, e Laura Linney, a recatada do lar. A fotografia e os efeitos visuais criam um belo contraste com a Nova York melancólica e depressiva da época. A direção de arte merece aplausos, afinal, o filme se passa em Nova York, mas o longa foi todo rodado na Inglaterra. Um filme obrigatório para quem busca um projeto que faça pensar e refletir sobre o nosso trabalho.

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