sábado, 22 de outubro de 2016

Trágica obsessão

"Obsession", de Brian de Palma (1976) Confesso que só tomei conhecimento desse filme de de Palma quando assisti ao excelente documentário sobre a sua filmografia. Fiquei com uma vontade enorme de assistir a esse filme que toma emprestado o mote de "Um corpo que cai", de Hitchcock, cineasta preferido de de Palma e de quem ele já pegou várias referências para vários de seus filmes famosos. Em "Trágica obsessão", acompanhamos a história de Michael ( Cliff Robertson), um poderoso empresário da área de imóveis, que tem a mulher e filha sequestrados. Se deixando seduzir pela polícia, Michael coloca dinheiro falso na valise, o que provoca a fúria dos sequestradores e consequentemente, a morte da esposa e da filha. Abalado e sentindo-se culpado, Michael passa os anos a seguir extremamente deprimido. Um dia, ao visitar Florença com o seu sócio, Robert (John Lithgow), Michael v6e uma mulher igual à sua esposa, Sandra ( Geneviève Bujold). Ele se apaixona por ela e vão morar juntos, até o dia em que ela é sequestrada. Além de "Um corpo que cai", outra inspiração para o filme é "Disque M para matar". Um filme com menos suspense e mais melodrama e romance, "Trágica obsessão" lida quase que o tempo todo com a questão do desejo, e por conta disso, o visual do filme parece sempre ser de sonho. Usando filtros e uma luz a cargo do brilhante fotógrafo Vilmos Zsigmond ( vencedor do Oscar por "Contatos imediatos"), o filme é uma reunião de grandes estrelas: Bernard Hermann, na trilha sonora ( o compositor favorito de Hitchcock) e Paul Schrader no roteiro ( ele escreveu "Taxi driver"). É um belo filme, curioso e instigante, e que na verdade me choca mais pela resolução da história do que por qualquer outra coisa. Não posso dizer o que é porquê seria spoiler total, mas foi de uma grande coragem de de Palma e Schrader desenvolver uma história que fechasse em uma revelação repleta de tabu. Inteligente, de Palma criou uma cena no meio da história que confunde o espectador justamente porquê era um sonho do personagem, senão seria chocante paraa época e talvez até mesmo para os dias de hoje ( se bem que um filme famoso sul coreano também se utilizou desse recurso dramatúrgico).

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