sábado, 24 de dezembro de 2016

Docinho da América

"American Honey", de Andrea Arnold (2016) A cineasta e roteirista inglesa Andrea Arnold tem um feito incrível: seus 3 longas venceram em Cannes o Grande prêmio do juri. Foi assim com "Marcas da vida", de 2006, "Aquário", de 2009 e agora com "American honey", que saiu debaixo de vaias na hora da premiação. Por "American honey", ela ainda levou o Prêmio ecumênico em Cannes, além de colecionar vários outros prêmios em Festivais e de constar em listas de críticos como um dos melhores filmes do ano. Em 2005 ela ainda levou o Oscar por melhor curta de ficção, "Wasp". Com uma carreira tão vitoriosa, Andrea é ainda é pouco conhecida do grande público. Seus filmes são bastante autorais, com aquele olhar documental sobre vidas comuns, sem perspectivas de futuro melhor. São sobre essas personagens marginalizadas que a câmera de Andrea apontam. Com quase 3 horas de duração ( e eu me perguntando o tempo todo porquê ela quiz fazer um filme tão longo!!!!!!), conclui que o filme não é tão ruim como muita gente diz, e que poderia ter sido muito melhor se tivesse 1 hora a menos! Andrea definitivamente quiz fazer um grande épico sobre uma geração totalmente desiludida, o que causa até tristeza profunda, e sabemos que ela não ficcionalizou, a situação de boa parte da garotada é essa mesma. Jake ( Shia Labeouf) é vendedor de revistas, e sua missão é arregimentar jovens que topam abandonar tudo e seguir com eles d eporta em porta, de cidade em cidade, para vender as revistas. Numa época onde ler revistas parece algo do século passado, o filme acaba se tornando uma metáfora sobre sonhos perdidos. Em cada casa que eles batem, a imagem de uma América devastada pela evangelização, drogas, pobreza, violência doméstica, assédio sexual vai se tornando cada vez mais brutal. O que me chamou atenção nesse filme foram 2 itens: a performance do jovem elenco, e a câmera viva que filma detalhes extremamente poéticos e cinematográficos. Shane Lane, no papel d aprotagonsiat Star, é uma belíssima revelação, além de Rileu Keough, como a tirana Krystal, dona dos negócios para qual Jake trabalha. Ela é neta de Elvis Presley e com certeza ele ficaria abismado com o talento da menina, furiosa e enérgica. O filme me lembrou bastante "Spring breakers" e "Kids" pelo despojamento e a visão dos jovens totalmente detonados, rebeldes e violentos. Tem momentos brilhantes no filme ( a casa da evangélica, a casa da mãe drogada, a transa de Star com um funcionário de um campo petrolífero), mas a longa duração deixa o filme com um ar de eterna repetição. Preste atenção no trabalho dos atores e na cinematografia, e conseguirá assistir esse filme até o final.

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