sábado, 25 de fevereiro de 2017

Polaróides urbanas

“Polaroides urbanas”, de Miguel Falabella (2008) Adaptação cinematográfica da peça de grande sucesso escrito pelo próprio Falabella e protagonizado por Claudia Jimenez. A estrutura do texto foi adaptado para a tela grande: o que era um monólogo de Claudia interpretando cinco personagens, se transformou em personagens interpretados por 5 atrizes diferentes. O elenco é formado por grandes mulheres: Marilia Pera, Arlete Salles, Stela Miranda, Neusa Borges, Natalia do Valle e Jaqueline Lawrence, e em participações especiais, Berta Loran, Ingrid Guimaraes, Guida Vianna, além de jovens atrizes que estavam despontando, como Juliana Baroni e Roberta Gualda. No elenco masculino, Marcos Caruso, Otavio Augusto e começando na carreira, Marcelo Adnet e Alexandre Slaviero. Destaque para Nicholas Trevijano no papel do stripper. As cinco histórias se entrecruzam, naquele esquema de filme painel típico dos filmes de Robert Altman: temos uma mulher de classe média entediada com a vida ( Marilia Pera); uma psicóloga que tem uma filha depressiva ( Natalia do Valle; uma voluntária que trabalha em uma Ong contra suicídios (Stela Miranda); uma jovem que sonha em ser atriz mas joga a sua vira pelo ralo ( Juliana Baroni); a filha suicida da psicóloga ( Gualda), e a empregada da psicóloga (Neusa Borges). Todas essas histórias irão se entrecruzar, formando um registro tragicômico de mulheres de uma grande metrópole, sufocadas pela solidão, pela pressão que a vida e a profissão impõem nelas. Como se vê, muito de Almodovar pode ser visto no filme. Tanto nas histórias, como na fotografia, no figurino e maquiagem, além do tipo de humor histriônico próprio do humor latino. Falabella faz o seu debut cinematográfico acompanhado de uma equipe de primeira (Gustavo Hadba na fotografia, Marcelo Pies no figurino, Claudio Amaral Peixoto na Arte, Jorge Saldanha no som), justamente para não fazer feio. Na montagem, alguns momentos poderiam ter sido apertados, para ficar mais dinâmico. O filme pode não agradar a boa parte dos espectadores que esperavam rir com um humor mais próximo de programas como “ Sai de baixo” ou “ Toma lá da cá”. Mas a comédia do filme não é essa. Mesclando a poesia com tragédia e drama, o humor passa distante. O que vemos são personagens que querem reaprender a viver. E a vida, como todos sabemos, não e nada fácil. Mais lágrimas do que sorrisos. Falabella ousou nas cenas de nudez, e também em uma sacana cena de peep show com Nicholas se exibindo nu para vários clientes gays. Para quem é fa de Marilia Pera, o filme é um grande presente.

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